terça-feira, outubro 23, 2007

O Rato Lino

O Rato Lino

O Ministro das Obras Públicas e Transportes, Mário Lino, considera a greve dos pilotos como «inoportuna» e diz que apenas pode ser encarada como uma greve “mais com objectivos políticos do que laborais”. “Neste momento os sindicatos querem manter a greve, mas estas costumam acontecer quando as pessoas já não estão disponíveis para discutir ou já discutiram e não chegaram a acordo. Não estamos de maneira nenhuma nessa situação e por isso acho estranho que o sindicato convoque uma greve que vai criar efeitos muito negativos na TAP e no país”.

Que muitos dos engravatados que costumam passar pelas cadeiras do poder, digam asneiras resultantes da sua ignorância do que são sindicatos e do que é uma greve, já é difícil de entender num regime democrático, onde o direito á greve está consagrado na constituição. Agora que seja logo este ministro, a quem certamente na sua escola e militância no Partido Comunista foram ensinados todos os fundamentos e objectivos de uma greve, torna as suas palavras mais incompreensíveis. Oh Mário, não há greves inoportunas e sabes bem que todas as greves são e serão sempre politicas. É o b-a-bá do sindicalismo e tu sabes isso muito bem.
Engraçado é notar que os governantes se mostrem tão preocupados com esta greve e com os seus efeitos e se estejam nitidamente nas tintas quando se trata de autocarros, barcos ou outros quaisquer transporte público. Talvez por os utilizarem pouco, talvez por andarem demasiadamente confortáveis, de “cuzinho tremido” nos seus popós de luxo, enquanto o avião lhes faz falta para irem e virem nas visitas aos seus “parceiros europeus”.
Pena tenho eu, em ver a forma desigual como são tratados os trabalhadores consoante as consequências que as greves que fazem provocam. Um governo realmente democrático deveria considerar todas as greves de igual forma. Pena tenho eu, que os trabalhadores deste país continuem a olhar para as suas classes profissionais de forma separada, que não haja uma verdadeira união e solidariedade para que, quando justa, a luta de uns fosse sempre a luta de todos.

Contribuição para o Echelon: Kwajalein, LHI

10 comentários:

  1. Francamente. Uma greve sem objectivos políticos deve ser uma coisa ainda mais rara que um camelo em Alcochete.

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  2. Meu caro Kaos neste particular estou inteiramente de acordo com Mário Lino. Os pilotos e comandantes da aviação civil fazem partes das classes altamente favorecidas existentes neste País. Julgam-se do ponto de vista da sua profissão face a outras muito importante e transcendente daí julgaram-se no direito de terem remunerações. Se é certo que um avião transporta centenas de passageiros, cujas vidas dependente do comportamento da tripulação do avião, também não é menos importante a manutenção que em terra é prestada ao mesmo pois se a assistência técnica e e manutenção for deficiente não sou os pilotos nem os comandantes que conseguem evitar o acidente, este quase sempre com graves resultados.

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  3. Amigo Kaos ,

    Obviamente o direito á greve é um direito consagrado e todas as greves são também politicas , o pateta do Linos sabe isso perfeitamente, isso é uma coisa outra coisa são os motivos pelos quais os Pilotos estão em grave e esses eu discordo,em relação á idade de reforma passar para os 65 anos os pilotos estão contra porque a idade de reforma actual é de 60 anos,o que acontece é que quando se reformam da TAP aos 60 Anos com uma excelente reforma ainda vão trabalhar mais 5 anos para as companhias Charter ou de Carga ficando com 2 renumerações e é esse o problema . Ao longo dos anos os pilotos da Tap sempre discutiram vencimentos e nunca se preocuparam á imagem do que acontece com outras áreas criar um fundo de pensões que lhes garanti-se a reforma por inteiro.Concordo por inteiro com o que o amigo contradições diz.

    Um abraço

    JOY

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  4. Já imaginava que os vencimentos e as condições de trabalho dos pilotos iria fazer com que muita gente os criticasse. O que está em causa é uma luta laboral e á aí que devemos por a questão. Como disse o ideal seria que todos nos uníssemos nas lutas e não estivéssemos cada um a puxar para o seu lado. O importante nas lutas é se aquilo que reivindicam é ou não justo.

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  5. Gostava que o seu texto estivesse escrito assim:

    “A bem da verdade, já me custa entender que num regime democrático onde o direito á greve está consagrado na Constituição, muitos dos engravatados que costumam passar pelas cadeiras do poder emitam alarvidades que revelam a sua ignorância nessa matéria. Quando as referidas patacoadas são irradiadas por este ministro, cuja militância no Partido Comunista serviu certamente para aprender todos os fundamentos e objectivos de uma greve, o meu espanto assume proporções ainda mais consideráveis. OH Mário! Não há greves inoportunas e sabes bem que todas elas serão sempre políticas. É o bê-á-bá do sindicalismo, como tu bem aprendeste. Mais engraçado, é notar que os governantes se mostrem tão preocupados com esta paralisação e com os efeitos resultantes, mas em oposição se estejam nitidamente nas tintas quando a mesma se produz nos autocarros da Carris, nos barcos da Transtejo ou noutra qualquer empresa de transporte. Talvez por usarem menos amiúde o transporte colectivo de massas, talvez por estarem habituados ao luxo e ao isolamento dos seus carros teutónicos ou à rapidez estonteante dos jactos que os transportam para as visitas aos queridos “parceiros europeus”.
    Confrange-me ver a forma desigual como são tratados os grevistas consoante as consequências que as suas acções provocam. Um governo realmente democrático deveria julgar todas as greves de igual forma. Entristece-me constatar que os trabalhadores deste país continuem a olhar de forma diferenciada para as diversas classes profissionais, ou seja, que não haja uma verdadeira união e solidariedade entre todos. Só assim, a luta de uns, quando justa, será sempre a luta de todos.”

    Era mais perceptível. E mais bonito. Lembre-se que há crianças que podem aceder ao seu blog.


    Por um lado considera que o governo deveria “considerar todas as greves de igual forma”, mas por outro fala em “lutas justas”, o que pressupõem existirem outras injustas. Gostaria que me esclarecesse como se distingue uma greve “justa” das outras. Ou acha que todas as greves são justas só porque estão consagradas na Constituição? Até onde deveremos levar esse olhar “não diferenciado” para as classes profissionais? Um padeiro será igual a um piloto de aeronave ou a um controlador de tráfego aéreo? Um jogador de futebol será equiparado a um gerente duma fábrica? Ou os chefes de secção, os empregadores, os donos de pastelarias de bairro, os gerentes de grandes fábricas de mosaicos e os administradores de bancos são outra classe? Onde se faz a divisão? Pol-Pot tinha a resposta para este dilema: faça-se tudo camponês! Mas infelizmente achava que as greves não eram justas.

    Todos os pilotos e controladores de tráfego aéreo que conheci são emproados e estão convencidos que sabem mais que os outros, ignorantes do facto que dentro em breve haverá circuitos electrónicos capazes de desempenhar as suas funções de forma mais eficiente e rápida. São os ascensoristas do século XXI. Pelo contrário o condutor da linha 28 sempre me pareceu simpático…

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  6. Não parece uma luta laboral, mas política. Dizem que os Pilotos Portugueses têm um Sindicato ímpar, tipo Finlândia, isto é, desconta-se a quota sindical no vencimento mas, em situações de greve, os sindicatos asseguram a remuneração, nem que seja por 15 dias seguidos, ou mais. E também se diz que estão a lutar contra os seus próprios interesses, já que um Piloto no activo aufere praticamente o dobro de remunerações que na reforma.
    Alguém deve saber explicar isto concretamente, sem manipulações.
    Quem me dera ter um sindicato como o dos Pilotos. Quem, aos nove ou dez anos de idade não sonhou vir a ser Piloto?
    Até o MST (por outras razões que não estas) é a favor da greve.

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  7. O que os pilotos ganham ou não ganham não interessa, é merecido, eles arriscam o coiro todos os dias e ficam com doenças profissionais de visão, circulatórias, etc. E, de toda a maneira, nenhum piloto deveria poder voar depois dos 60 anos, pois é perigoso.

    No entanto, é prodigiosa a estupidez deste poder que se mete desta maneira estúpida com os pilotos, logo eles que têm um poder negocial imenso nas mãos. Costuma-se dizer que quem vai à guerra dá e leva. Olha o Mário Lino a levar! Pode ser que a tareia continue, por outros lados...

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  8. Caro PisasteBostaNoMeuBlog

    Infelizmente não tenho a tua arte e engenho para escrever as coisas da mesma forma que tu, mas se tivesse eu serias tu. Gostei do teu texto e se pensas que assim é que está bem, publica-o num blog em teu nome. Certamente muito iriam apreciar. Mas, isto é um assunto acessório para mim e gostava de comentar os outros assuntos, bem mais interessantes.
    Lutas justas, o que serão para mim lutas justas. Se começar a pensar nisso até poderia querer arranjar complexas definições e justificações, tentar arranjar uma fórmula que o calculasse, por isso prefiro dizer o mais óbvio. Uma luta justa é toda aquela que seja uma luta justa. Ou será que nós não sabemos o que é justo? Se for uma luta a favor da xenofobia ou uma luta pelo direito de todos a terem uma vida digna (por favor não me peças que defina também a palavra digna).
    Classes profissionais, perguntas tu. Se um padeiro será igual a um piloto de aeronave ou a um controlador de tráfego aéreo? São, são iguais, ambos trabalham em troca de um salário. Uns têm uma vida de merda e outros são uns nababos. Se uns são mal pagos e outros ganham mais do que aquilo que merecem? Com certeza que sim, há que fazer as tais lutas justas para que o padeiro deixe de ser mal pago, também ele possa ter uma vida melhor. Não necessito que venham coreanos, chineses, alemães ou americanos dizer-me o que são classes profissionais.
    Também conheço controladores e pilotos e, tens toda a razão há alguns do piorio, mas também conheço alguns que são óptimas pessoas. Se correm o perigo de um dia virem a perder o seu emprego substituídos por máquinas? Claro que sim, como tem acontecido com tanta gente em tantas profissões. Até correm o perigo de verem o seu centro de control deslocalizado como tem acontecido com tanta fábrica, vê lá bem.
    O condutor da linha 28 não conheço, mas eu gosto de pessoas simpáticas pelo que certamente também gostaria dele. Mas conheço um do eléctrico 15 de quem sou amigo.

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  9. A primeira parte deste teu 'post' vem publicada no 'Público' de hoje [Blogues em Papel].

    Parabéns!

    Um Xi Grande

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