Fiz esse post por duas razões, a de ontem ter ficado a saber que também o Pacheco Pereira considera que misturar os Jogos Olímpicos com a ditadura chinesa e o que se passa no Tibete é uma parvoice. Como ele diz, o problema do Tibete não é uma história simples nem só a preto e branco. Concordo, a cada dia que passa tem mais vermelho sangue a colori-la. A segunda razão é mais prosaica, simplesmente porque já vi que isso irrita um tal de "Jorge" que tem comentado todos os posts sobre o Tibete de uma forma muito "particular". Assim vai ter onde destilar mais um bocadinho do seu veneno. Afinal, todos, devem ter o direito de "actuar" neste dia Mundial do Teatro.
Contributo para o Echelon: spies, IWO, eavesdropping
Contributo para o Echelon: spies, IWO, eavesdropping
Sim, não se deve confundir a realização dos JO com a ditadura chinesa. Se havia confusão a fazer, que tivesse sido feita na atribuição da organização. Estando esta decidida, sendo o espírito dos Jogos aquele que é, façam-se.
ResponderEliminarOutra história é andar a desenhar caracóis sobre aquilo que é uma nação ocupada.
Acredito que há aqui alguma confusão. quem decide onde sw vão relizar os JO é o Comité Olimpico Internacional e esses podem dizer que não se metem em politicas, a participação Nacional já é uma opção de cada país. Uma tomada de posição do mundo em relação a não aceitarem ir a jogos em países onde os direitos humanos são violados podia fazer toda a diferença no futuro. Fossem os jogos em Cuba ou na China antes da abertura ao capitalismo e todos andariam a bradar pelo boicote. Há por aí muita hipocrisia por esse mundo
ResponderEliminarum abraço
Não deixa de ser curioso assinalar o facto de os jogos serem uma competição onde vencem (com demasiada frequência) os «atletas» que conseguem mascarar melhor a vigarice do doping...
ResponderEliminarUma maneira muito particular de comentar,....já lhe ouvi chamar outrs coisas heheheheh - bem aqui vai para o dia mundial do Teatro: Óscar para o melhor actor principal:
ResponderEliminarDalai com Lama
Os atletas mais dopados quem são ? quem são ??? desde sempre ? acertouuuuuu OS AMERICANOS DO NORTE,...o país onde os direitos humanos são exemplares heheheheh....não me fodam que eu ainda sou uma criança ó PAPUSSOS....!!!!!
ResponderEliminarhttp://resistir.info/asia/tibete_mar08.html#asterisco
ResponderEliminarTalvez aqui encontrem qualquer coisa, menos as baboseiras que escrevem about.
É que, ter ideias é uma coisa, andar mal informado e não querer ver é outra.
.......
O jorge tem razão.
sei que é grande, mas vale a pena ler outro lado...
ResponderEliminar"Confira os mitos e os fatos concretos sobre o Tibete
O jornalista francês Hubert Beuve-Mery, fundador do Le Monde, costumava insistir que ''a missão do jornalista é saber e dizer o máximo possível''. Ainda há jornais e jornalistas que seguem esse preceito. Mas cresce o número dos que substituem qualquer esforço investigador pela reprodução acomodada de versões unilaterais e distorcidas dos acontecimentos.
Por Duarte Pereira, para a revista Princípios
A controvérsia sobre o Tibete é um bom exemplo. Livros, reportagens e documentários repetem, monocordiamente, os relatos e as acusações difundidas pelos separatistas tibetanos. Não entrevistam as autoridades atuais da região, nem os monges patriotas que apoiam a unidade da China. Não recorrem às informações e aos documentos oferecidos pelo governo central do país. Não consultam especialistas independentes. Se o fizessem, seria obrigados a reconhecer que a história da China, do Tibete e de suas relações mútuas é muito diferente da propagada pelos separatistas.
A polêmica envolve três questões básicas. Primeira: o Tibete é um país independente, invadido e ocupado pelos comunistas, à frente do Exército Popular, ou faz parte da China há 700 anos, tendo os comunistas apenas cumprido o dever de libertar e reunificar o conjunto do país?
Segunda: antes de 1950, o Tibete era uma terra pacífica e feliz, governada por monges sábios e desprendidos como a mítica Shangri-la do novelista britânico James Hilton, ou penava sob um regime teocrático-feudal, atrasado e cruel?
Por último, o que é melhor para as nacionalidades chinesas e para os povos do mundo nas vésperas do século 21: a divisão e o dilaceramento da China, ou a preservação de sua unidade estatal e o progresso conjunto de suas nacionalidades?
O teto do mundo
A República Popular da China é um país enorme, formado por 23 províncias, cinco regiões autônomas, uma região especial, Hong Kong, e três municipalidades subordinadas diretamente ao governo central. O Tibete é uma das regiões autônomas. Cobre uma superfície de 1 milhão e 200 mil quilômetros quadrados, aproximadamente a oitava parte do território chinês, e abrange a capital, Lhasa, seis prefeituras e 76 distritos.
Localizado no sudoeste da China, o Tibete limita-se ao norte com a Região Autônoma de Xinjiang, ao nordeste com a província de Qinghai, ao leste com a de Sichuan, ao sudeste com a de Yunnan, e ao sul e ao oeste com os seguintes países, no sentido horário: Myanma ( antiga Birmânia), Butão, Sikkim ( principado de origem tibetana, anexado pela Índia em 1974), Nepal e Índia.
O Tibete ocupa a maior parte do planalto que leva seu nome, o mais alto de Terra, com uma elevação média de 4 mil metros. É, por isso, apelidado de Teto do Mundo. É praticamente cercado por cordilheiras: ao norte, a de Kunlun; ao leste, a de Tangula; ao sul e ao oeste, a do Himalaia. Nesta última, na fronteira entre o Tibete, na China, e o Nepal, ergue-se a montanha mais alta do planeta, com 8.848 metros, a Qomolangma Feng, ou ''mãe sagrada das águas'', conhecida no Ocidente como monte Everest. No único intervalo entre as cordilheiras, no limite com a província de Sichuan, o Tibete é separado pelo rio Jinsha.
Aliás, os rios mais importantes da Ásia nascem no planalto tibetano: para o leste, os rios Amarelo ( Huang-ho) e Azul ( Yangtze Kiang), os principais da China; para o sul, o Mekong, que desemboca na costa do Vietnã, e o Yarlung Zangbo, que passa a chamar-se Brahmaputra na Índia e deságua no golfo de Bengala; para o oeste, o Indo e o Ganges, os principais da Índia.
É uma região rica em recursos naturais. Conta com enorme variedade de aves e animais e com mais de 5.700 espécies vegetais, inclusive plantas medicinais de grande renome, base da medicina tibetana tradicional. Já foram localizadas jazidas de 70 tipos de minerais e os recursos geotérmicos são abundantes, chegando a temperatura da água em alguns poços a 92 graus C.
Por sua diversidade, o Tibete pode ser dividido em três zonas naturais. A parte norte, onde se concentra a criação extensiva de iaques e ovelhas, tem altitude média de 4.500 metros, clima frio e seco, extensas pradarias e numerosos lagos, como o famoso Nam Co, o segundo maior lago salgado da China.
A área oriental é constituída por uma série de montanhas elevadas e vales profundos, com a altitude variando entre 2 mil e 6 mil metros. É a zona mais inóspita. A neve perpétua nos cumes de suas montanhas é responsável pelo outro apelido, atribuído ao Tibete, de Terra das Neves.
Nos vales do sul, cortados pelos rios Yarlung Zangbo e afluentes, a altitude média é inferior a 4 mil metros, o clima é temperado, a precipitação pluvial é copiosa e a vegetação arbórea, exuberante. Nessa área é que se concentram a população e as atividades agrícolas. É, por isso, conhecida como o celeiro do planalto.
Apesar da altitude, do ar rarefeito e do clima severo, o planalto tibetano começou a ser povoado no período neolítico. Por essa época, uma população já considerável se espalhava nas planícies centrais da China, entre os rios Amarelo e Yangtze.
China, um país milenar e multinacional
Para deslindar a controvérsia sobre o Tibete, é preciso entender a formação histórica da China. Trata-se de um país milenar, o único com aproximadamente 4 mil anos de história contínua, e também multinacional, integrado por 56 nacionalidades.
A China não é, portanto, uma construção exclusiva da nacionalidade han, a majoritária. É um produto histórico da luta e do trabalho conjunto de todas as nacionalidades que a integram. Com uma trajetória tão longa, a China não podia escapar aos conflitos entre suas dinastias, nacionalidades e classes. Por mais de uma vez, foi unificada, dividida e reunificada.
Se a convergência prevaleceu e se as nacionalidades chinesas estreitaram seus vínculos ao longo dos séculos, é porque perceberam, diante das ameaças exteriores, que só garantiriam sua independência comum e o desenvolvimento de suas economias e de suas culturas se aprofundassem as relações de unidade e cooperação.
Os vínculos entre as nacionalidades han e tibetana, por exemplo, remontam a tempos muito antigos. Uma prova indelével se encontra no idioma das duas nacionalidades: pertencem à mesma família lingüística, significativamente classificada como sino-tibetana. O próprio budismo, que iria marcar tão profundamente a cultura tibetana, foi introduzido na região pelo norte da Índia e pelo Nepal, mas também pela Mongólia e pela China central.
No século 7, quando as tribos do planalto tibetano formaram seu primeiro Estado unificado, o reino de Tubo, dois de seus soberanos casaram-se com princesas de origem han, firmaram uma aliança política com a dinastia Tang, das planícies centrais da China, e intensificaram o intercâmbio econômico e cultural entre as duas nacionalidades.
O reino de Tubo desapareceu em meados do século 9, quando o rei Langdama foi assassinado por fanáticos religiosos. Durante 400 anos, o planalto tibetano foi sacudido por separatismos e por guerras, com principados e mosteiros lutando entre si. Por coincidência, na mesma época, as planícies centrais e o sul da China eram conflagrados por disputas dinásticas intermináveis.
Ainda assim, o intercâmbio entre as duas nacionalidades não se interrompeu, desenvolvendo-se inclusive uma nova modalidade de comércio, a troca de chá chinês por cavalos tibetanos. E quando, no século 13, o mongol Kublai Khan reunificou a China e fundou a nova e poderosa dinastia Yuan, o Tibete foi incorporado ao Império do Meio como uma de suas províncias. O italiano Marco Polo, que visitou a corte de Kublai Khan e registrou as observações de sua viagem, descreve o Tibete como uma das 12 províncias do império.
O Tibete, parte da China
Desde então, há 700 anos, o Tibete faz parte da China. Assim permaneceu nas dinastias Ming e Qing, que se seguiram. Quando a República foi proclamada, seu primeiro presidente Sun Yat-sen, declarou no discurso de posse em primeiro de janeiro de 1912: ''O fundamento desta República baseia-se no povo, que integra todas as zonas hans, manchus, mongóis, huis e tibetanas num único Estado''. A República Popular, proclamada em 1949, estendeu o reconhecimento às demais nacionalidades.
A subordinação do Tibete aos sucessivos governos da China, desde o século 13, evidencia-se na presença de representantes do poder central em Lhasa; na nomeação e julgamento de funcionários locais; no envio de tropas para defender as fronteiras e manter a ordem interna; na condução centralizada das relações exteriores; na imposição de leis, decretos e regulamentos; na realização de censos demográficos; na cobrança de tributos; na redefinição de órgãos e divisões administrativas internas. É importante ressaltar também que, desde o século 13, nenhum país reconhece o Tibete como um Estado separado da China.
Outra prova da incorporação do Tibete à China é a participação de delegados tibetanos em órgãos executivos e legislativos do poder central, desde a dinastia Yuan. O próprio entrelaçamento entre o poder político e o poder religioso no Tibete nasceu com sua integração na China, quando Kublai Khan, para facilitar a pacificação do planalto tibetano, aliou-se com a influente seita budista de Sagya, tendo o cuidado, no entanto, de repartir cargos e títulos equitativamente entre lamas e nobres leigos.
Durante a dinastia Ming, cresceu a influência da seita Kargyu, ou Branca, sobrepujada durante a dinastia Qing pela seita Gelug, ou Amarela, quando os abades dos mosteiros de Drepung, em Lhasa, e de Trashilhunpo, em Xigaze, desta seita, tiveram seus títulos e atribuições de Dalai-Lama e de Panchen-Erdeni confirmados pela corte imperial.
Finalmente, em meados do século 18, a corte Qing determinou que o sétimo Dalai-Lama assumisse a liderança do governo local do Tibete. Porque o Dalai-Lama e o Panchen-Erdeni acumulam funções religiosas e políticas, a escolha de seus sucessores passou a depender de confirmação final pelo governo central da China. A escolha e a entronização do atual Dalai-Lama foram confirmadas pelo governo nacionalista da República da China em 1940.
É sabido que a China passou por fases de divisão e enfraquecimento do poder central, quando os governos locais, não só o do Tibete, adquiriam grande autonomia, muitas vezes estimulados por potências estrangeiras, interessadas em arrebatar fatias do território chinês.
Foi assim que a Rússia czarista ocupou uma parte da Mongólia e a dividiu em Mongólia Exterior e Mongólia Interior. Ou que o Japão invadiu a Mandchúria e tentou restabelecer, sob seu controle, a dinastia Manchu dos Qing, derrubada pelo movimento republicano. Da mesma forma, a Grã-Bretanha, já senhora da Índia, do Butão do Sikkim e do Nepal, combinou seus ataques ao litoral chinês com a invasão do Tibete em 1888 e 1903 e com as tentativas de impor à China o Tratado de Lhasa e a Convenção de Simla.
A propaganda separatista, tão estridente contra a China, silencia sobre essas agressões britânicas e os saques perpetrados pelas tropas de Sua Majestade, assim como não menciona a tentativa indiana de invocar a Convenção de Simla para arrebatar da soberania chinesa uma parcela do planalto tibetano, o que levou em 1962 a um conflito fronteiriço entre os dois países.
A ocupação britânica do Tibete não vingou, mas a grande potência imperialista arrancou concessões e passou a estimular, entre lamas e nobres tibetanos, um movimento pela independência, isto é, pela separação do Tibete, para colocá-lo sob controle ocidental. Após a Segunda Guerra Mundial e com a avanço da revolução popular na China, os Estados Unidos aderiram aos intentos britânicos, reforçando o movimento separatista com agentes, armas, treinamento, propaganda e apoio diplomático.
O Partido Comunista e o governo popular, instalado em Pequim em primeiro de Outubro de 1949, tinham o dever, portanto de concluir a libertação e a reunificação da China, defendendo, como no passado, as fronteiras históricas do país.
Ainda assim, não se pode acusá-los de agir precipitadamente. Entre Outubro de 1949 e Outubro de 1950, fizeram repetidas gestões para que o governo local negociasse as condições de libertação pacífica do Tibete. Mas o governo tibetano, dominado pela facção pró-ocidental, preferiu concentrar tropas na margem do rio Jingsha. Diante da intransigência, o governo central determinou que o exército popular transpusesse o rio e entrasse no Tibete, travando-se a batalha de Qamdo entre 6 e 24 de Outubro de 1950, a única na libertação do Tibete. Derrotadas as tropas locais, o Exército Popular interrompeu seu avanço, enquanto o governo de Pequim insistia nas negociações.
O confronto, no governo e na classe dominante do Tibete, entre a facção pró-ocidental e o sector favorável à negociação se aprofundou, o regente foi afastado, o décimo quarto Dalai-Lama, ainda menor de idade, assumiu a liderança e nomeou negociadores. Em contrapartida, retirou-se para Yadong, na fronteira com a Índia.
Alguns meses depois, em 23 de Maio de 1951, em Pequim, os delegados do governo central e local assinaram o Acordo dos 17 Artigos, que reconhecia a unidade da China e a autoridade do governo popular sobre todo o território nacional, mantendo temporariamente os governantes e as instituições do Tibete até que fosse negociada a reforma democrática pacífica da região. Em 24 de Outubro de 1951, o décimo quarto Dalai-Lama telegrafou ao presidente Mao Tsé Tung, aprovando pessoalmente o acordo, e retornou a Lhasa.
O Exército Popular entrou na capital tibetana em 26 de Outubro de 1951, após o regresso do Dalai-Lama e com seu consentimento. O montanhista austríaco e militante nazista Heinrich Harrer, autor de Sete anos no Tibete, geralmente muito tendencioso em seus relatos, reconhece: ''Deve-se dizer que durante essa guerra as tropas chinesas se mostraram disciplinadas e tolerantes e os tibetanos que foram capturados e depois libertados diziam que haviam sido bem tratados.''
Em 1954, o décimo quarto Dalai-Lama participou da primeira Assembléia Nacional Popular da China, que elaborou a Constituição da República Popular, tendo sido eleitos um dos vice-presidentes do Comitê Permanente dessa Assembléia. Na ocasião, pronunciou um discurso afirmando: ''Os rumores de que o Partido Comunista da China e o governo popular central arruinariam a religião do Tibete, foram refutados. O povo tibetano tem gozado de liberdade em suas crenças religiosas.'' Em 1956, assumiu a presidência do comitê provisório encarregado de organizar a região autônoma do Tibete. As relações entre os governos central e local estavam, portanto, normalizadas.
O levante contra a reforma democrática
O conflito ressurgiu quando se cogitou em promover a reforma democrática do Tibete, separando a religião do Estado, abolindo a servidão rural e a escravidão doméstica e redistribuindo a propriedade das terras e dos rebanhos, monopolizada pela aristocracia civil e pelos mosteiros. A facção pró-ocidental, aproveitando-se da insatisfação entre lamas e nobres, retomou a ofensiva. Agitando as bandeiras separatista e religiosa, e apoiada pela CIA cada vez mais desinibidamente, como hoje se reconhece, essa facção fundou uma organização política, a ''Quatro Rios e Seis Montanhas'', e uma organização militar, o ''Exército de Defesa da Religião'', e iniciou em 1956 ataques armados a funcionários e prédios públicos, a obras de infra-estrutura e até mesmo a tibetanos que apoiassem o movimento democratizador.
Reagindo com prudência, o goverrno central propôs adiar a reforma democrática, até que se chegasse a um acordo satisfatório sobre prazos e requisitos para sua implementação. Mas a facção contra-revolucionária intensificou os ataques e, aproveitando-se de um festival religioso em Lhasa, desfechou uma insurreição na capital em 10 de Março de 1959, retirou o Dalai-Lama para a Índia e generalizou os conflitos.
O governo central considerou, então, rompido o acordo de 1951, destituiu o governo teocrático, transferiu suas atribuições para o Comitê Organizador da Região Autônoma e determinou ao Exército Popular que restabelecesse a ordem no planalto.
A guerra que se seguiu, entre 1959 e 1961, não se travou entre dois países, mas entre duas coalisões sociais. De um lado, as forças imperialistas, interessadas na divisão da China, e a facção de lamas e nobres empenhados na preservação do regime teocrático-feudal; de outro lado, o governo popular central e os monges, nobres, servos e escravos comprometidos com a unidade nacional da China e com a reforma democrática do Tibete. Não foi uma guerra nacional, nem religiosa, mas um conflito semelhante à guerra civil que opôs, nos Estados Unidos, o norte abolicionista ao Sul escravocrata. Ninguém recusa ao governo de Washington o direito de ter recorrido às armas para salvaguardar a unidade nacional e garantir o fim da escravidão.
Muitos têm dificuldade para entender a natureza social do conflito, porque não prestam atenção no regime político-econômico que vigorava no Tibete e nas áreas tibetanas das províncias vizinhas. Aliás, o décimo quarto Dalai-Lama e seus adeptos falam o menos possível do regime antigo.
O feudalismo se generalizou após o colapso do reino de Tubo, em meados do século 9; a teoria budista se consolidou em meados do século 18. Mas, ainda em 1959, os lamas da camada superior, os nobres leigos e seus agentes representavam 5% da população; os servos e os escravos correspondiam a 95%. Os primeiros, especialmente os membros das 400 famílias mais importantes, viviam no fausto; a maioria dos lavradores, pastores e serviçais sobrevivia em extrema penúria. O contraste entre ricos e pobres penetrava nos próprios mosteiros, conforme descreve uma testemunha insuspeita, o décimo quarto Dalai-Lama, em sua autobiografia.
Das terras agriculturáveis, segundo levantamento de Junho de 1959, o governo local detinha e administrava directamente 38,9%; os mosteiros, 36,8%; os aristocratas leigos, 24%. A pequenos camponeses cabiam os 0,3% restantes. Os nobres e os mosteiros possuíam também a maior parte dos rebanhos. Para lavrar as terras e cuidar dos rebanhos, nobres, mosteiros e funcionários recorriam ao trabalho de servos.
Para ter acesso à terra arável e às pastagens, os servos, 90% da população, eram forçados a pagar aos nobres e mosteiros uma renda, principalmente sob a forma de corvéia ou renda em trabalho, secundariamente sob a forma de renda em produtos, e às vezes em dinheiro. Arcavam também com pesados tributos e taxas, pagos em serviços e em dinheiro. Sem recursos suficientes, endividavam-se com os nobres e, principalmente, com os mosteiros, pagando elevados juros. Se morriam sem saldar a dívida, ela passava aos descendentes ou aos vizinhos.
Para os escravos, 5% da população, provavelmente uma sobrevivência do passado pré-feudal, ficavam os serviços domésticos e públicos mais pesados, como a limpeza, o despejo de fezes, o transporte de carga e o transporte de nobres e funcionários, em liteiras ou nas próprias costas. Os filhos de servos e escravos não eram registrados em cartórios públicos, mas nos livros de seus senhores, a quem competia também autorizar os casamentos. Servos e escravos podiam ser trocados, doados, emprestados ou mesmo vendidos. Para os pobres, não havia hospitais, nem escolas. As guerras e epidemias dizimaram a população.
As leis confirmavam essa estrutura desigual, dividindo a população em três estratos e nove graus, com direitos e deveres distintos. Não havia, portanto, igualdade jurídica, nem mesmo para as mulheres do estrato dominante. Se um nobre matava um servo ou um escravo, pagava uma indemnização. Mas, para servos e escravos que agredissem um nobre ou furtassem um bem, os códigos previam penas cruéis, como espancamentos brutais, mutilação de mãos ou pés, extração dos olhos. Até entre os monges, a disciplina era mantida à custa de chicotes e surras, como relata o Dalai-Lama em sua autobiografia. Além de uma prisão pública e precária em Lhasa, havia guardas, tribunais e cárceres privados nos mosteiros e nas grandes propriedades.
Os monges da camada superior e os nobres mais influentes monopolizavam os direitos políticos. O Dalai-Lama encabeçava o governo desde meados do século 18. Os demais cargos eram repartidos entre lamas e nobres leigos. A Seita Amarela, do Dalai-Lama, era privilegiada em relação às demais seitas e o budismo tibetano, em relação às demais religiões.
O Tibete antigo não tinha nada de idílico, portanto. É espantoso que se invoquem os ''direitos humanos'' para defender esse regime opressivo e cruel, em que a maioria da população, formada por servos e escravos, não gozava de liberdade pessoal, nem dispunha de qualquer direito político.
A unidade, garantia do avanço
Rompido o acordo de 1951 pelo décimo quarto Dalai-Lama e seus adeptos separatistas, o governo central aboliu o regime teocrático, revogou as leis e códigos desiguais, fechou os tribunais e cárceres privados, emancipou os servos e os escravos, cancelou as dívidas que os sufocavam e procedeu à redistribuição gradativa e cuidadosa das terras e dos rebanhos, indenizando os proprietários que apoiassem a reforma democrática.
Restabelecida a ordem e concluída a reforma agrária, foi iniciada a implantação do sistema de assembléias e comitês populares, com a eleição das assembléias distritais em 1964. Estas elegeram as assembléias municipais, que por sua vez escolheram a Assembléia Regional Popular em 1965, instituindo-se a Região Autônoma do Tibete. Dos 301 delegados à primeira assembléia, 226 eram tibetanos, a maioria servos e escravos emancipados, mas havia também monges, ex-nobres patriotas e, pela primeira vez em cargos públicos, mulheres. Desde então, a Região Autônoma do Tibete já teve quatro presidentes leigos, todos tibetanos.
Os erros cometidos pela chamada Revolução Cultural entre 1966 e 1976, no Tibete como em toda a China, suscitaram novos atritos, de que se aproveitaram os separatistas para promover distúrbios violentos em Lhasa, entre 1987 e 1989, numa iniciativa orquestrada com as manifestações antigovernamentais em Pequim e com a crise dos países socialistas na Europa Oriental. Mas o Partido Comunista e o governo popular da China venceram essas duras provas, preservando as conquistas revolucionárias, corrigindo os erros e restabelecendo as políticas de liberdade religiosa, de frente única com todos os setores patrióticos e de respeito mútuo entre as nacionalidades. É claro que a China ainda é um país pobre e que o Tibete é uma de suas regiões menos desenvolvidas. É indiscutível também que ainda existe muito que aprender no aprimoramento das democracias socialistas e no desafio de conjugar a preservação das culturas tradicionais com o desenvolvimento de culturas novas e progressistas. Contudo, quem investiga com isenção, não pode deixar de reconhecer os avanços políticos, econômicos e culturais obtidos com a libertação e a reforma do Tibete nas últimas décadas.
Essa experiência positiva, contraposta ao colapso da União Soviética e ao dilaceramento da Iugoslávia, confirma que a união, não a divisão, é que pode assegurar o desenvolvimento conjunto das nacionalidades integrantes de países como a China. Rompida a unidade, abandonado o caminho socialista, na União Soviética e na Iugoslávia, perderam-se também as conquistas democráticas, reacenderam-se as chamas de conflitos étnicos e religiosos, reabriu-se o perigo de propagação de guerras devastadoras.
Certo estava o nono Panchen Erdeni, o segundo lama na hierarquia do budismo tibetano, quando escreveu em 1929: ''Por suas relações históricas e geográficas, nem o Tibete pode ser independente da China, nem a China do Tibete. Assim, ambos serão beneficiados se permanecerem unidos, enquanto a separação prejudicará a ambos.''
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Duarte Pereira é jornalista.
http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=34431
Essa besta desse Jorge deve ter algum fetiche com chineses ou então é também um amarelo. Grandessíssimo anormal! Podes discordar dos posts e deves manifestá-lo, mas não precisas de chegar ao ponto de ofenderes o seu autor.
ResponderEliminarcof, cof ...
ResponderEliminarJorge ...
Anónimo, meu caro,...se começas com ofensas, lamento mas tenho que te mandar levar na peida, no mínimo!
ResponderEliminarReafirmo tudo o que disse,....esse Dalai Lama é um artista, um fantoche ao serviço do Ocidente e está a aproveitar os JO para colocar em dificuldade os Chineses por causa dum território que pertence sem qualquer dúvida à China entendeste bem ? ....ou queres que explique melhor..?? e mais se não têm juízo vão levar nos cornos, porque a China nunca vai admitir ficar sem o território,....percebeste também ?? e o autor,...qual autor pá ??? quem diz porcaria sujeita-se a ouvir o que não qier,....olha já agora eu também quero a independência do meu bairro...ok ??? NÃO SEJAM MAS É RIDÍCULOS....!!!!!! e deixem de querer fazer fretes aos américas....essa cantiga já é conhecida de gingeira,...reaccionários !!!!
3 excelentes perguntas 3 excelentes respostas. Contudo vou-lhe sugerir 3 respostas diferentes:
ResponderEliminar1. a China (como muito bem refere) é uma amálgama de povos, e um deles é o tibetano. As semelhanças linguísticas, ou mais genericamente culturais, não justificam a existência de um país único a acobertar toda aquela gente. Para tanto basta ver como está dividida a Europa, e há quanto tempo está dividida assim... E o facto é que eles não querem ser chineses! A revolta no Tibete é generalizada! E só não tem outras proporções em virtude da política de colonização feita pela China na segunda metade do séc. XX, a par do massacre da população tibetana. Mas mais grave ainda: é que enquanto o Dalai Lama se contenta com a criação e o aumento da autonomia, a geração mais nova quer independência, e já! As condições em que os tibetanos se revoltam, a total falta de meios para o fazerem, sabendo que desafiam a morte às mãos dum exército opressor, são reveladoras do mesmo desespero que têm os palestinianos, e aonde os bascos ainda não chegaram! Quanto à sugestão de que uma revolta digna desse nome, não pode ter o apoio dos americanos ou dos ingleses, é tão absurda como a dos palestinianos não poderem ter o apoio da Líbia ou do Irão… Como concordará, com este tipo de obstáculos quer para os tibetanos, quer para os palestinianos, o aliado mais próximo que podiam encontrar seria em Marte, e mesmo assim só à primeira vez… Registo que a sua argumentação é completamente omissa no facto de o exército chinês ter invadido o Tibete com o apoio da União Soviética! Pedido feito durante o encontro de Estaline com Mao em 22 de Janeiro de 1950 ! (cf., p.e., «Mao: the unknown story», J. Chang and J. Halliday). Estaline chega-lhe a sugerir que uma vez que os Han não representam mais de 5% da população, a percentagem devia ser puxada para «pelo menos 30%». E todos sabemos como Estaline era um especialista nesta matéria…
2 o Tibete não era o cenário dum paraíso perdido. E a China era? E montou o cenário do livro do J. Hilton onde ? Se calhar foi no Camboja, ou mais recentemente na Birmânia, ou na Coreia do Norte… ou nas fábricas onde trabalham miseravelmente os milhões de chineses que alimentam o tão falado crescimento de 2 dígitos, fazendo a riqueza dos chineses (muito poucos) que andam de Ferrari, num sistema que faz inveja aos Belmiros & C.ia cá do burgo!
3. pois é! A liberdade é um paradoxo: as pessoas podem escolher aquilo que é pior para eles. Veja-se Portugal com o Sócrates. Mas não é isso que me leva a defender as ditaduras. E é por isso que compete aos tibetanos decidir o que querem para o seu futuro, e não a um chinês, ou a um jornalista francês (péssimo exemplo porque a França é a maior potência colonial da actualidade), ou a um português. É aos tibetanos; é um direito que já ganharam há muito tempo, com o próprio sangue.
Jorge, Jorginho, tu deves é ser doentinho... Qual é o teu bairro, para quereres a indepêndencia do mesmo? Deve ser algum bairro de barracas! Se calhar queres é ser realojado! Como é que descobriste a blogosfera? Provavelmente nalgum computador que afanaste!
ResponderEliminarE fretes está a Europa a fazer à merda dos amarelos chineses, em não tomar uma posição, está a curvar-se perante as atrocidades desses assassinos amarelos! Não vês as notícias? AHH é verdade, não deves ter televisão na barraca, não é? Coitadinho do jorginho barraqueiro... epá vai-te isolar!!!
ó anónimo cabrão....! doente está o teu cu de seres tão enrabado !!!!
ResponderEliminaro Algarve também quer ser independente, o País Basco...se calhar com mais razão.etc, etc.....tu queres é foder os Chinas não é....pois eles é que te fodem a ti ó parvalhão !! vê lá se compreendes que é impossível a China dar a independência do Tibete,...os motivos são óbvios cabeça de merda....mas como és facho não deves querer ver....!!!!
Dá-lhes jorge,
ResponderEliminarnesses reacças ciaticos.
Os chinocas estão a ir-lhes à tripa cagaiteira e eles querem mais.
Vivam os amaréis.
O Lama que vá trabalhar....
Atenção pessoal!!!
ResponderEliminarO Kaos não merece que usem o seu blogue para trocar insultos.
Se aparece um fulano que desrespeita a boa convivência de diferentes ideias que aqui são livremente expressas, ignoremo-lo. Ele não é importante. Continuemos a desfrutar este espaço em paz.
JFrade
Muito honestamente, penso que determinado tipo de comentários, contendo insultos deveriam ser apagados.
ResponderEliminarFrade,...se por acaso te estás a referir a mim,...eu apenas exprimi a minha opinião, quando vai daí começou um tipo que nem sequer tem nome,...assina Anónimo....começou a invetivar-me com adjectivos menos respeitosos porque não gostou que eu apoiasse os chinocas na questão do Tibete,....aí, meu amigo eu tive que lhe dar o troco....estou a dar-lhe esta justificação com todo o gosto...porque o meu princípio é nunca ofender ninguém sem ser primeiro ofendido,....mas aí meu caro tenho que me defender não acha ?? repare que este tipo nem coragem tem para assinar com algum nome....!!! É ANÓNIMO
ResponderEliminarAnónimo:
ResponderEliminarQuero deixar claro que não sou defensor da China. Não porque sou contra ou a favor do regime, mas simplesmente porque não conheço. Não posso defender nem apoiar.
Mas uma coisa conheço e não posso deixar passar:
O Dalai Lama não é nenhum santo e a "causa do Tibete" interessa e muito aos EUA.
Não deves ter lido tudo o que escrevi. Não é uma questão de língua é uma questão bem mais profunda que tem 700 anos de história que não pode ser deitada para o lixo.
Se isso não justifica a existência de um país, o que justifica então a existência de um país?
Sobre o Dalai Lama e o apoio dos Estados Unidos sugiro-lhe ler o
historiador americano Jim Mann, citado pelo site Global Research, ''durante os anos 1950 e 1960, a CIA apoiou ativamente a causa tibetana com armas, treinamento militar, dinheiro, apoio aéreo e todo o tipo de auxílio''. Além de Mann, outro estudioso das ações da CIA na Ásia, Michael Parenti, fez recentemente a seguinte observação:
''...nos Estados Unidos, a Sociedade Americana Por uma Ásia Livre, uma fachada da CIA, propagandeou ferozmente a causa da resistência tibetana, com o irmão mais novo do dalai-lama, Thubtan Norbu, tendo um papel ativo nessa organização. Outro irmão, também mais novo, do dalai-lama, Gyalo Thondup, estabeleceu uma célula de operação de ''inteligência'' com a CIA em 1951 (embora o apoio oficial da agência tenha sido estabelecido somente em 1956). Mais tarde, essa célula foi treinada e transformada em uma unidade de guerrilha da CIA, tendo seus recrutas sendo lançados por pára-quedas no Tibete''.
De acordo com documentos abertos pela inteligência americana no fim da década de 1990, revelou-se que o movimento tibetano no exílio recebeu cerca de 1,7 milhão de dólares por ano, na década de 1960, para operações contra a China, enquanto 180 mil dólares anuais eram pagos regiamente ao dalai-lama.
Em 1969, entretanto, o apoio secreto pela causa tibetana foi interpretado pela CIA como infrutífero, e a agência de espionagem decidiu retirar a ajuda aos ''revolucionários'' tibetanos.
No entanto, a ajuda monetária anual ao ''pacifista'' dalai-lama perdurou até 1974, quando Nixon normalizou as relações com a China. O presidente que lhe sucedeu, Gerald Ford, encerrou o envolvimento da administração americana com os exilados tibetanos, em um novo contexto da estratégia americana para a Guerra Fria.
A fase seguinte do relacionamento entre Estados Unidos e o dalai-lama e os seus apoiadores foi direcionar a opinião pública mundial a considerar o Tibete como uma questão de direitos humanos, em um engajamento político contra a China.
Em 1979 a relação entre regime americano e dalai-lama sofre uma nova modificação, com o ''pacifista'' obtendo um visto de entrada nos EUA sob a administração Carter. A ''causa tibetana'' encontra então novos patrocinadores, com representantes do congresso americano trabalhando em conjunto com os separatistas tibetanos para enfocar a atenção dos governos seguintes e do resto do mundo na ''questão tibetana''.
Nos dias de hoje, a ajuda financeira e política aos exilados tibetanos parte de um poderoso braço da CIA, a National Endowment for Democracy, organismo criado a partir de 1984, sob a administração Reagan, e que patrocina e subsidia movimentos pró-americanos ao redor do planeta, como os que recentemente derrubaram os governos da ex-Iugoslávia em 2002, Geórgia em 2004 e Ucrânia em 2005.
O trabalho da NED, desde a década de 1990, é propalar os discursos e ações ''pacifistas'' do dalai-lama ao redor do planeta.
Quanto aos teus 2ª e 3ª pontos, não comento. Como já disse não conheço. Há muita coisa que a gente julga que sabe mas, como se costuma dizer, não sabemos da missa a metade. Falo de factos e números que venham de alguma organização credível. É a única base de conversação para que nos entendamos sem cair na asneira de mandar bocas e fazer provocações que não pudemos provar.
Referencias (em inglês)
Mann, J. “CIA Funded Covert Tibet Exile Campaign in 1960s.” The Age (Melbourne), 16 Sept. 1998. 21 Jun. 2007. http://listserv.muohio.edu/scripts/wa.exe?
A2=ind9809c&L=archives&P=14058.
Pronto: então eu apoio a política Chinesa e sou contra a indepedência do Tibete! são pacifistas não é ? pois a gente viu como é.....é evidente que o Dalai Lama é um agente americano e quer perturbar a realização dos JO para chamar a atenção! é a voz do dono nada mais ... e é um sonso....pacifista pois.....e não lhe vou dizer as minhas fontes !!!
ResponderEliminarO anónimo que vá ter com os tibetanos e reze muito.....deve querer lá os américas...reaccionário fascista...!!!!
ResponderEliminarrui s.
ResponderEliminarSe os tibetanos queriam maior autonomia, e eventualmente a independência, e nem a China nem a União Soviética os apoiavam iam virar-se para onde? Interrompiam a revolta até surgir uma UE? Estavam bem tramados... A coincidência de interesses entre os americanos e os tibetanos é meramente circunstancial. Estamos no apogeu da guerra fria, quem lança os tibetanos nos braços dos americanos são os chineses, e é o Mao em particular - completamente incapaz de negociar a simples autonomia - que o provoca. Incapacidade que, infelizmente, fez escola.
Será aliás muito interessante um dia perceber porque é que o Mao não fez com Macau o que Nehru fez com Goa, Damão e Diu – mas isso são outros contos…
Mas Nehru também é importante para esta história, porque não obstante o pronto reconhecimento da RPC, as relações entre os dois países, primeiro amigas e depois ambíguas, culminam numa série de disputas fronteiriças e a concessão de asilo ao Dalai Lama! Ou seja: nem as fronteiras estavam definidas, nem para a Índia a questão do Tibete tinha a mesma interpretação que tinha para a China já na década de 50! E convínhamos: os indianos não eram propriamente um país aliado dos americanos. O protagonismo da Índia no Tibete é – como se pode verificar noutros comentários – objecto de ignorância generalizada. O Governo tibetano no exílio está onde sempre esteve: na Índia, não é em Washington. Reparemos ainda que a concessão de asilo ao Dalai Lama na Índia antecede a invasão de Goa. Ou seja a Índia tem a percepção que o problema do Tibete, é mais grave do que o problema da sua própria integridade territorial com Portugal.
Concordamos neste ponto: o governo teocrático tibetano tinha feito uma governação absolutamente canalha! Mas sob o domínio de Mao a bestialidade ainda consegue ser pior!! E é o próprio panchen-lama, que inicialmente tinha acolhido bem as tropas de Mao no Tibete, que o denuncia numa carta a Chu-En-lai em 1962, e que este reconhece como verdadeira!!! Aí desabafa (entre muitas coisas) que nem sob o regime de Chiang Kai-chek e do chefe militar muçulmano Ma Pufang, se tinha visto os pedintes de Qinghai não terem dinheiro - sequer - para comprar tijelas... E Qinghai é um território maior que Espanha e não é todo o Tibete.
O número de estradas e o progresso como o concebemos, não é um valor que todas as culturas partilhem. Isso é etnocentrismo. Felizmente que vai havendo mais gente a pensar assim, como se pode verificar na Amazónia onde por iniciativa do governo brasileiro se interditaram áreas de reservas a visitantes.
Em suma: a revolta no Tibete contra os chineses é ininterrupta praticamente desde o início do século XX. A sua maior ou menor visibilidade tem exclusivamente que ver com a eficácia da máquina repressiva chinesa. E o maior aliado dos tibetanos tem sido, e é da mais elementar justiça assinalar isso, a Índia.
Um bem haja ao Rui s. pela publicação do extenso texto que permite uma melhor leitura dos acontecimentos actuais no Tibete.
ResponderEliminarA mensagem que se está a passar nas tvs, pela omissão de factos históricos, é tendenciosa e indutora de conclusões erradas.
ÉS POUCO REAÇA ÉS Ó ANÓNIMO....andas a trabalhar prós américas isso já a gente viu.....FASCISTA!!
ResponderEliminarJorge,
ResponderEliminarAbra a boca que o Mao quer cagar.