terça-feira, junho 17, 2008

Apito Rosa

O Regulador

«Os custos com as dívidas incobráveis da electricidade vão passar a ser pagos por todos os consumidores. Hoje, é a EDP Serviço Universal que assume os encargos totais dessas dívidas. Mas a proposta da ERSE (Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos) para o próximo período regulatório de 2009/11 prevê que os encargos com esses compromissos passem a ser partilhados com os consumidores de electricidade a partir do próximo ano, nas tarifas de electricidade.»
in [Diário de Notícias]

Quando é a própria entidade reguladora que vem dizer às empresas como terem mais lucros à custa dos clientes, ou seja de todos nós a coisa vai mal.
Muitos defendem que é na liberdade do mercado, na livre concorrência que estão todas as virtudes e a melhor forma de pagarmos o preço justo pelos produtos que consumimos. Deixem o mercado funcionar, dizem. Claro que todos sabemos que a ganância, a febre do dinheiro e a falta de escrúpulos são coisas que não faltam por aí, pelo que quando passaram a dar-lhes para as mãos bens essenciais à nossa sobrevivência, tínhamos um problema. Como controlar estes ladrões? Inventaram então aquilo a que chamam “Entidades Reguladoras, mais uns tachos para uns quantos que teriam como obrigação garantir que o estado não perdia todo o controlo sobre áreas essenciais. Combustíveis, energia, água, transportes, Banca, etc. Esta gente devia garantir que os cidadãos e o estado estariam protegidos da especulação e dos monopólios. Deviam, mas pelos vistos não o fazem. A responsável pelos combustíveis não sabia nada dos preços da gasolina e demorou semanas para fazer um relatório que dizia estar tudo bem. Basta ver este exemplo, que retirei do “Publico” para ver como estão atentos:

«Assim, um camião que seja carregado com 14.000 litros de gasóleo a uma temperatura de 27,2ºC pode chegar ao seu destino apenas com 13.860 litros, se a temperatura aí registada for de 15ºC. Entretanto, esse revendedor pagou à petrolífera IVA e Imposto sobre Produtos Petrolíferos (ISP) relativos aos 14.000 litros. É uma dupla penalização, uma vez que paga produto que não recebeu e ainda assume impostos sobre essa mesma carga que não lhe chegou. Já as petrolíferas saem duplamente beneficiadas: recebem por litros que não chegaram a sair dos seus reservatórios e ficam com uma pequena parte do ISP cobrado, uma vez que só entregam à Direcção-Geral das Alfândegas o imposto relativo aos 13.860 litros, dado que a temperatura de referência fixada pelo Estado para o cálculo do ISP é de 15ºC .»

A Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos ainda vem ensinar a EDP como nos pode roubar ainda mais e só espero pelo dia em que também o Banco de Portugal proponha aos bancos que retirem das nossas contas os créditos mal parados que têm. Afinal, estes “árbitros” que deveriam ser o garante de haver um jogo limpo também têm uma apito colorido, só faltando saber é qual a fruta que preferem.

Contributo para o Echelon: Electronic Surveillance, MI-17

15 comentários:

  1. Esta entidade regualadora é a mais perfeita anedota. Se não existisse, seria muito mais útil aos cidadãos.
    O negócio privado está sujeito a riscos, e até aí estou de acordo. Uma vez dá (cobra-se o serviço) outras não (aparecem dívidas incobráveis. Mas agora a disposição de assumir riscos pelos privados está a esmorecer e o estado diz amén. Vai-se cobrar a uns por um serviço que não foi prestado, para que a pobre administração privada continue a administrar displicentemente, sem cautelas, com garantias legais.

    ResponderEliminar
  2. Estes filhos da puta não nos respeitam milhões de milhões de vezes por milhões e milhões de maneiras. A seguir vem o gás e depois a água e depois os seguros.

    PALAVROSSAVRVS REX

    ResponderEliminar
  3. Ea merda da deco está de acordo!!!!!!
    Assumam-se, são ladrões.
    Quando é que a lei começa a definir o que é roubar legalmente e roubar ilegalmente?
    O que acontece é que os maiores ladrões são institucionais, devidamente autorizados a praticar o furto. Os que são passíveis de condenação são os freelancers, vulgo carteiristas e afins. Estes últimos, vítimas de toda a condenação da sociedade são, no fim de contas, praticamente inofensivos.
    Eu, em 53 anos de vida, fui, no máximo, roubado pelos ladrões não institucionais, no máximo em escassas dezenas de euros.
    Pelos institucionais, garanto que já me extorquuiram muitos milhares de euros.

    ResponderEliminar
  4. Há uns anos atrás um ladrão furtou 2 pares de calças levi's em Évora,foi perseguido e alvejado pelas costas por um corajoso bófia.A populaça ficou eufórica,orgulhosa por ter forças da ordem que desse caça aos pilhas galinhas(ai,grandes ladrões).Estamos agora neste caso em que as Corporações(democráticas,concerteza!)roubam descaradamente e,não há o minimo de equidade?...

    ResponderEliminar
  5. A diferença está:
    Quem rouba um pão ou sei lá 20 euros é ladrão.
    Quem saca milhões faz um desvio.
    o resto são "ajustes" e "regularizações".
    E com estas nos lixam.

    ResponderEliminar
  6. O diagrama da refinação do petróleo
    http://histpetroleo.no.sapo.pt/refina_1.htm
    é muito parecido com o da avaliação de professores.

    ResponderEliminar
  7. quando é que o Pinho leva com uma pinha na mona(?!)

    ResponderEliminar
  8. Quantos são? quantos são? humm, hum? Onde é que está a ASAE? Onde é que está? Quantos são?

    Cambada de ladrões e proxenteatas!

    ResponderEliminar
  9. Em matéria de estupidez não há quem bata a corja cor-de-rosa...

    Xi Grande

    ResponderEliminar
  10. Estamos num país em que o crime compensa! Deixo uma proposta: VAMOS TODOS DEIXAR DE PAGAR A CONTA DA ELECTICIDADE... alguém a há-de pagar por nós! Talvez o SOCAS!

    ResponderEliminar
  11. O que está transcrito do «Público» é um perfeito disparate. É o que dá termos uma classe de jornalistas dedicada a assuntos de futebol e afins...

    Agora sobre os incobráveis: o POC tem uma conta onde as empresas contabilizam os incobráveis, é um risco de negócio; quem não quer incobráveis muda de ofício. Ou melhor ainda: o que é que o Governo vai fazer aos gestores que permitiram o acumular de incobráveis a este ponto, e que pelo caminho até se foram auto elogiando com a atribuição de prémios de gestão chorudos?
    Quanto ao comentário do ministro até parece o Pilatos.

    ResponderEliminar
  12. Confesso que sempre concluí desnecessário a existência destas entidades que seria suposto proteger o consumidor mas afinal protegem o explorador. E o mais grave ainda é que são pagos pela receitas dos contribuintes e em vez de os proteger atacam-nos. Mas é preciso ter em conta que estamos em Portugal onde o absurdo é uma constante.

    ResponderEliminar
  13. Todos estão preocupados com a EDP poder ver viabilizada a medida proposta pela ERSE. Então agora já ninguém está preocupado com a concorrência. Onde andará a concorrência à EDP depois do mercado liberalizado em 4 de Setembro de 2006 e onde todos os consumidores em Portugal Continental podem escolher livremente o seu fornecedor de energia eléctrica.

    Então desde essa data ninguém está interessado no negócio. Nem empresas Nacionais nem Estrangeiras. Não se esqueçam que os preços praticados na EDP estão muito abaixo do custo de produção e mais tarde ou mais cedo alguém vai ter de pagar a factura de uma maneira ou de outra.

    Imagine-se agora o mercado liberalizado a funcionar em perfeita concorrência entre as empresas do sector. Com o aumento dos combustíveis, onde a EDP também está a ser prejudicada, todas aumentavam o preço da energia. No entanto os preços têm-se mantido estáveis. Agora resta saber até quando. Tirem o exemplo das gasolineiras a operar em Portugal, com a Galp à cabeça e tirem daí as conclusões que quiserem.

    ResponderEliminar
  14. Claro que depois desta proposta de partilharmos os prejuízos virá a proposta de partilharmos os lucros... ou será que não?!

    ;)

    ResponderEliminar
  15. Valha-me Deus! Então... não percebem que este é o modelo de país mais solidário que o "inginheiro" sempre ansiou!

    ResponderEliminar

Powered By Blogger