domingo, novembro 16, 2008

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Funeral

Do amigo José Leitão recebi este texto que aqui compartilho convosco:

Escrevi anteriormente que, hoje dia 15 de Novembro de 2008, se cumpriria a 2ª etapa de uma dura prova para os professores portugueses. Essa prova, algo inesperada, apareceu no seu caminho e constava de 2 manifestações convocadas para Lisboa com 1 semana de intervalo (!!). Pois esta etapa terminou hoje, e os professores que desfilaram até S. Bento cumpriram-na com honra e distinção. 10 a 12 mil professores e alguns pais responderam à chamada, numa das maiores manifestações (se não a maior) organizada fora das estruturas sindicais e partidárias, por uma única classe profissional. É um marco. Após 3 manifestações em 8 meses, ficou exaustivamente demonstrado de que algo está errado com o Ministério da Educação, efectiva e indelevelmente. Pode então, finalmente, passar-se à fase seguinte.

Como cidadão, como pai e como observador, quero voltar a manifestar o meu respeito e admiração por quem ensina os jovens portugueses que, um dia adultos, terão de tomar decisões sobre a sua vida e alguns terão o poder de tomar decisões que afectarão a vida de outros. É fácil compreender a importância da responsabilidade de um professor, e é mais fácil ainda compreender a importância do sistema/organização do ensino que vigore numa sociedade. Daqui decorre a minha dor de barriga, a minha azia, que aos poucos se transforma em revolta quando observo o trajecto que a educação/ensino/cultura em Portugal foi obrigada a fazer por sucessivos governos, e mais de 30 ministros da educação desde 1974. Dezenas de estudos e pareceres produzidos por doutas e capazes personalidades da nossa praça, jazem em gavetas e prateleiras do ministério. Documentos que apontaram caminhos e estabeleciam planos para um país como o nosso, acabado de sair de uma ditadura de 48 anos, que empurrou mais de 2/3 dos portugueses para o analfabetismo. Lastimável, irresponsável e ignorante, é o mínimo com se pode qualificar o "trabalho" dos nossos governantes nos últimos 34 anos na área do sistema educativo/ensino. Era suposto recuperarmos o atraso imposto pela ditadura. Era suposto gradualmente, aproximar-nos de outros níveis de desenvolvimento social e cultural. Em vez disso, andamos a levar com areia nos olhos há mais de 30 anos e os nossos jovens (onde naturalmente se incluem os nossos filhos, os sobrinhos, filhos dos vizinhos, filhos dos amigos), são mais ignorantes, são mais indisciplinados e com uma perspectiva de futuro de enorme incerteza ou com a perspectiva de que venham a servir de mão de obra barata para empresas ou empresários estrangeiros. Há excepções, felizmente e por várias razões. E uma delas será a abnegação da maior parte dos nossos professores que fazem das tripas coração para dar o melhor de si para os seus alunos. Mas não há milagres. Não há milagres. Os nossos governantes ignoram que não há milagres. Alguns deles até são capazes de dizer que já presenciaram alguns....... isto é extraordinário.
Quero fazer um apelo:
Na minha opinião, existe agora uma maior compreensão por parte da população, dos problemas do nosso ensino. A união entre professores parece ser também mais sólida (assim eu interpreto as 2 últimas manifestações). Por isso o meu apelo é este: Apresentem-se as propostas! Apresentem-se as alternativas! Limpe-se o pó às dezenas de estudos, pareceres e sugestões, trabalhados ao longo das últimas décadas e que se encontram arrumados no Ministério. Avance-se para um Plano Educativo credível, onde estarão contemplados estatutos, carreiras, avaliações, programas, mapas, necessidades, qualificações, apoio aos alunos carenciados, competências, formação, pedagogia, responsabilidades, reformas, laboratórios, projectos, acompanhamento, monitoria, comissões, objectivos a atingir, EU SEI LÁ, mas façam agora o que é necessário fazer. Eu confio de que os professores têm estas noções e espero que tenham bem mais do que eu, porque eu não sou especialista. Termino este apelo, pedindo aos professores que não se precipitem. Este deverá ser um momento ímpar, que por isso mesmo pode levar a entusiasmos que podem toldar a clareza de espírito tão necessária. Tomem as vossas decisões e apresentem as vossas proposta depois de pensarem umas 2 vezes. Se pensarem 4 ou 5 ainda é melhor, mas... não deitem tudo a perder. Esta união, mais uma vez manifestada hoje, que tanto trabalho deu a conseguir, pode ser desfeita em menos de um fósforo se as pessoas cederem a certo tipo de tentações. Por isso, olhos abertos, cabeça fria e aproveitem.

17 comentários:

  1. Só falta o Sousa Tavares para a fotografia ficar completa!!!

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  2. Mas quando é que esta socrética tropa fandanga começa a envergonhar-se da triste figura que anda a fazer e se retira de uma vez por todas?

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  3. Talvez os professores, através dos movimentos ou dos sindicatos, pudessem escrever uma carta aberta aos pais e encarregados de educação, a distribuir por todos eles fora dos edifícios das escolas, quando vão levar ou trazer os filhos.

    Com menos de 5000 euros imprimia um milhão de pequenos prospectos.


    Pela comunicação social só chega o que interessa aos mediadotes da informação.

    Há que chegar ao destinatário directamente, mostrando quem está a destruir as escolas públicas e os métodos usados.

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  4. isso não cabe no oe...
    se de um lado se nacionaliza...
    do outro tenta-se privatizar.
    mas concordo é necessário expor a verdade e ,de uma vez por todas,ensinar como se deve querer saber mais.

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  5. Esta avécula xuxalista passou-se definitivamente dos carretos.

    "Activo político
    Não tendo conseguido evitar a guerra da maioria dos professores contra a avaliação (e contra as demais reformas no ensino), o Governo só tem uma via a seguir, se não a quiser perder -- tornar claro que não cede, aguentar firme e ganhar a população a seu favor contra a tentativa de boicote corporativo, invocando o interesse geral (e sobretudo o interesse da escola e dos alunos) contra os interesse sectoriais e profissionais."
    Vital Moreira em http://causa-nossa.blogspot.com/a Causa Nossa

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  6. Quando as vacas são mortas, é preciso o veterinário analisar a carne, para ver se é comestível! Com a Marilu, nem isso é preciso, que ninguém a come! Que horror!!!

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  7. Atenção aqueles dois vestidos de vermelho! A mim parece-me melhor enterrá-los vivos debaixo o caixão da Milú: era a sentença que ainda não há mil anos a lei destes sítios mandava aplicar a quem com premeditação provocava a morte de outro!

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  8. Falta aqui o Jornal de Notícias (JN), que é uma vergonha, quando devia ser isento!

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  9. Por favor, expliquem a vossa luta ao resto do país! As pessoas com quem tenho falado acerca deste assunto, e que, infelizmente, ao que me parece, reflectem a opinião pública, estão a considerar esta luta como uma birra de uma classe mal habituada.

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  10. Petição pela demissão da ministra da Educação

    http://www.petitiononline.com/demissao/petition.html

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  11. Há coisas que já me parece, deveriam ter sido entendidas por todos.
    O problema da avaliação, apesar do modelo ser caricato, não reside no preenchimento das merda das fichas. Até o querido sócrates já veio dizer que lhe parecem fáceis! Se um falso licenciado consegue preencher aquela merda também os profs, licenciados sem favor, também o são. A questão é a estupidez que nos querem obrigar a preencher e a fazer.

    Quando as pessoas se manifestam desta forma, por uma coisa que não traz, no imediato, qq compensação ou qq prejuízo, mas pela simples, mas não IMPORTANTE, questão de não quererem embarcar em disparates, eu acho que não há razão para minimizarmos esse facto.
    O grande mal dos profs foi ao longo dos últimos 34 anos não terem tomado atitudes destas quando estava em causa a sua dignidade profissional.

    Muita merda fizeram as DEZENAS de ministros, mais ou menos sinistros que por lá passaram.

    Esta tomada de atitude por parte dos profs fez-me ter orgulho na classe a que tb pertenço.

    Acho que demos um exemplo mto grande a todos os trabalhadores por conta de outrem, ao termos reagido desta maneira, sem a tutela dos sindicatos/partidos.

    Alguma vez se viu uma manifestação de professores, com a dimensão da de ontem, patrocinada pelos sindicatos?
    Isto foi, para mim, um acto de CIDADANIA que não pode, nem deve ser menosprezado.

    E respondendo ainda, sobre o que nos move. Não, não é o preenchimento das fichas, nós, num instante, vomitamos uma carrada de merdas, carregada de palavrões em eduquês que faziam a milú atingir orgasmos múltiplos.

    Tb não é a observação das aulas. Claro que é chato apanhar um incompetente qq, - como os alegados profs que, como não eram capazes de leccionar, foram p'rá 5 de Outubro vomitar resmas, paletes de resmas de papel, com reformas alarves - a botar sentença sobre o nosso desempenho, mas isso não será a regra. Na maior parte dos casos o que poderia acontecer era “cozinhar” classificações ajustadas às necessidades dos colegas. Tudo o resto seriam casos residuais.

    Por um lado dizem que é corporativismo e por outro pensam que nós temos medo que os colegas nos avaliem. A regra sempre foi que em contextos corporativos todos se protegem, certo?

    Outra, mas talvez a mais importante das razões, é a merda do estatuto da carreira docente, principalmente no que se refere a divisão da carreira em titulares e não titulares. Isto causa mal-estar entre as pessoas. Eu até sou titular!!!!!! e estou revoltado com esse facto. Sabem, são questões de princípio. Tenho colegas com maior competência que, dum dia para o outro, passaram a ser, hierarquicamente, inferiores!
    PORRA, no mínimo, DÁ VÓMITOS!!!!!!!!!!!

    Existem muitas mais razões que eu já não tenho pachorra para mencionar.

    Por último, Acham que as atitudes provocatórias e arrogantes - típicas de BIMBOS que de um dia para o outro se viram com poder para mandar - que a dita e os seus secretários, tomam no dia a dia são, só por si, razão suficiente para, não só fazer uma manif com 120 000, como, também, para lhes pregar um par de chapadas bem dadas naquelas trombas?

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  12. Correcção do último parágrafo


    Por último, NÃO acham que as atitudes provocatórias e arrogantes - típicas de BIMBOS que de um dia para o outro se viram com poder para mandar - que a dita e os seus secretários, tomam no dia a dia são, só por si, razão suficiente para, não só fazer uma manif com 120 000, como, também, para lhes pregar um par de chapadas bem dadas naquelas trombas?

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  13. Gaita!...
    Então não é que o 'despacho' fala numa 'prova de recuperação que só tem efeitos diagnósticos? Mas afinal é prova ou entrevista? Então e os profs é que não sabem ler?
    Arre...Ele há cada uma!...
    A Milú 'tava c'os copos ou já anda 'a meter p'ra veia'...
    É ler pessoal, é só ler! Despacho domingueiro da Sinistra...

    O jerico

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  14. Eu acho que já anda a meter p'rá veia. Só espero que não lhe troquem a seringa!

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  15. Imb,

    agradeço a descrição dos factos. Fiquei a entender melhor, garanto-lhe. Não precisava ser tão... enfático no esclarecimento, mas agradeço. Neste caso, estou, como sempre, ao lado dos que lutam por melhor.

    Mas isto leva-me a fazer algumas questões, que também gostaria de ver respondidas:

    -estariam os professores dispostos a serem avaliados por pessoas que não são professores e, como tal, não têm sentido didáctico?

    -porque não avançaram os professores, depois de tantos meses de luta, com uma alternativa de avaliação?

    Desculpe-me, mas são questões que me assaltam e podem assaltar a mente de todos os portugueses, se alguma vez eles, ao invés do que se pensa, estiverem do lado dos professores.

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  16. Pois eu não fiquei nada esclarecida. Parece-me que Imb só adjectiva os outros. Depois limita-se a dizer que este modelo de avaliação é um disparate e que os profs não alinham em disparates mas não explica porquê.Quando aponta aos profs a culpa de em 34 anos nada terem feito pela sua carreira toca no ponto. Porque não veio deles a iniciativa de terem uma avaliação séria que premiasse quem realmente trabalha por forma a deitar para fora das escolas aqueles MUITOS que por lá andavam sem fazer NENHUM, com baixas fraudulentas em sem qualidade científica? É por causa disso que a opinião pública não está do lado dos professores. É pena.

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  17. Não sei porquê, mas o Albino faz-me sempre lembrar o «mongo» do FCP.
    Aparece sempre atrás dos entrevistados a olhar para a câmera...

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