As sondagens que ontem ouvi já colocam o Passos Coelho montado no cavalo do poder e com a possibilidade de ter uma maioria absoluta. Há momentos em que me custa a acreditar em com este povo gosta de ser burro e carregar os que o lixam às costas. Continua a aceitar esta democracia de alterne em que correm com o que os lixou para colocarem outro para os lixar ainda mais. Não tivesse eu dois filhos ainda pequenos e deixava de me chatear com tudo isto. Realmente há povos que merecem mesmo o fado que têm.
É sempre bom avivar a memória com este texto com 114 anos. Vejam o que mudou: estamos agora melhor ou estamos ainda pior? Antigamente é porque os Portugueses eram quase todos analfabetos e agora qual é o motivo?
ResponderEliminar" Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e
sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos
de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de
dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz
de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se
lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo,
enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da
sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, -
reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta (...)
Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta ate à medula, não
descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem
carácter, havendo homens que, honrados (?) na vida intima, descambam
na vida publica em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a
veniaga e toda a infâmia, da mentira a falsificação, da violência ao
roubo, donde provém que na politica portuguesa sucedam, entre a
indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis
no Limoeiro (...)
Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este
criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto
pela abdicação unânime do pais, e exercido ao acaso da herança, pelo
primeiro que sai dum ventre, - como da roda duma lotaria.
A justiça ao arbítrio da Politica, torcendo-lhe a vara ao
ponto de fazer dela saca-rolhas;
Dois partidos (...), sem ideias, sem planos, sem convicções,
incapazes (...) vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e
pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao
outro como duas metades do mesmo zero, e não se amalgando e fundindo,
apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, - de não
caberem todos duma vez na mesma sala de jantar (...)"
Guerra Junqueiro, in "Pátria", escrito em 1896
Amigo Kaos, de facto esta merda já mete nojo... Vou mas é pirar-me daqui para fora, dasss...
ResponderEliminarBeez
Estas sondagens têm o propósito de ir condicionando este povo imbecilizado para a aceitação da inevitável alternância dos mesmos no poder. A esta distância do último acto eleitoral, e dada a implicação do partido do e do visado nos males que afectam o país, não me parecem de todo credíveis.
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