quarta-feira, fevereiro 08, 2012

O Cavalo de Troika


Contrariamente ao discurso do governo que diz que Portugal não é a Grécia, hoje devíamos ser todos gregos. Perante o ataque e a chantagem dos mercados e dos seus supostos parceiros Europeus no formato "Merkozy" deveríamos ser todos gregos por solidariedade. Mas, mesmo aqueles que não o são capazes de fazer por esse motivo, mesmo aqueles que repetem o discurso oficial de terem sido inconscientes e terem gasto mais do que podiam, deviam sentir-se todos gregos por estarem a ver hoje na Grécia o que vai acontecer em Portugal daqui a algum, pouco, tempo. É que a Merkel e os mercados nem escondem as razões pelas quais ameaçam a Grécia de falência se não cumprir com os seus desejos e aceitar atirar o seu povo para a miséria extrema. A única razão é receberem os juros do dinheiro que lhes emprestaram. O acordo tem de ser feito agora ou em Março a Grécia não ia poder pagar a prestação do empréstimo. A Merkel propôs mesmo que fosse criado na Grécia um fundo inviolável só para juntar os dinheiro dos juros a pagar. Até foi levantada a hipótese de a Grécia ter de mudar de nome por ser uma "marca" com muito má fama. Para os mercados, Portugal é o próximo na fila, a politica de austeridade deste governo vai "rebentar" dentro de muito pouco tempo quando começarem a surgir os resultados das receitas fiscais e do aprofundamento da recessão. Todos o sabem mas ninguém parece ter vontade de fazer nada.


4 comentários:

  1. A lama com que os sátrapas ocidentais querem agora cobrir a Grécia é uma ridícula violação do velhinho e milenar país fundador da cultura ocidental. Tal infâmia viverá como símbolo perene do ego e cupidez ocidentais, num damnatio memoriae ao Ocidente desindustrizalizado e moralmente falido

    Haverá certamente um Acto Maior de Justiça contra os decrépitos descendentes ocidentais dos sofistas gregos, caídos em desgraça após o fracasso das suas guerras imperiais e da concomitante falência financeira de Atenas provocada por incessantes actividades de guerra naval. Foram buscar o pior que a Grécia antiga tinha para oferecer; e é da pena do próprio Platão que sai a justificada condenação a estes patéticos sofistas contemporâneos.

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  2. Mas alguém tem dúvidas que Portugal vai ser pior que a Grécia?

    Não temos hipótese nenhuma.

    A única, talvez a que nos resta, será fazer como os Islandeses: prender e julgar os culpados (e eles são tantos), dizer aos credores a maneira como vamos/podemos pagar, cumprir a constituição, mandar à merda os tipos e tipas que interferem na nossa governação (lá porque os gajos nos emprestam dinheiro não os faz, por isso, dizer o que podemos comer), e sair da UE (e não me venham com a velha treta que sozinhos não conseguimos sobreviver), a Islândia e a Noruega, cagaram e cagam para a UE e foram as economias que mais subiram em 2011.

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  3. A Grécia é o verdadeiro "retrato de Dorian Gray" de Portugal. Retrata o rosto decrépito de um país que, tal como a Grécia, me parece condenado à desgraça. Nós apenas tardamos a encará-lo...

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  4. Nós, a Grécia e o Mediterrâneo europeu, em geral, somos o rosto patente da desindustrialização do Ocidente, vamos à frente por vicissitudes várias e más opções de política externa. Mas caso nós, bem como os gregos e os outros latinos, fizéssemos um manguito colectivo ao clube de Bruxelas, provocávamos uma tal perda irreparável de "espaço vital" que o barco europeu iria adornar e encalhar mais depressa que o paquete Costa Concórdia. Afinal, a desindustrialização afecta todos; só que há uns, mais "desenvolvidos" do que nós que, mesmo sem produzir grande coisa, vivem dos juros que drs. economistas como o nosso passos lhes envia, bem como da venda de produtos que pseudo-fabricam a partir de componentes originários da Asia e dos seus vizinhos vassalos.

    De facto, o dinheiro transforma tudo -- incluindo o poder -- numa mercadoria que pode ser comprada e vendida. A vontade férrea que o nosso dr. passos manifesta em ser fantoche da Alemanha -- em vez de pôr os interesses de Portugal acima de qualquer outra coisa -- é a razão por que certos países conseguem viver dos juros que vão cobrando, bem como da venda de produtos pseudo-fabricados no seu território, e que lhes compramos com o dinheiro que nos emprestam. Ou não será por isso que teimam em nos enfiar pela goela abaixo a "ajuda externa"? São sacos de dinheiro que cá entram; ainda mal passaram três trimestres sobre o acordo da troika e já torraram mais de metade do pecúlio. Como é possível? É que todos vemos que uma boa parte dessa "ajuda" serve para comprar os nossos estimados líderes e seus clientes do mundo empresarial lusitano.

    A compra das lideranças dos reinos cobiçados era a arma de eleição do Império Romano. Os romanos preferiam governar os povos conquistados (e potencialmente hostis) através de reis vassalos, semi-autónomos, que o Senado em Roma designava eufemisticamente por "amigos do povo romano". Os romanos auxiliavam os monarcas amigos a se manter no poder através de pagamentos directos em moeda e bens materiais. A aceitação destes subsídios implicava que o rei vassalo se submetia à autoridade imperial, e qualquer desafio a essa autoridade era visto pelos romanos como uma revolta declarada. Por isso os romanos intervinham constantemente em disputas pela sucessão, sempre no sentido de afastar vassalos indesejáveis.

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