terça-feira, fevereiro 21, 2012

Um pesadelo chamado povo


O primeiro-ministro Passos Coelho foi recebido, este domingo, com protestos em Gouveia. Depois, em declarações aos jornalistas, o primeiro-ministro afirmou que não se pode fugir aos protestos, porque é preciso perceber as razões do descontentamento.

Se ainda não sabe nem entendeu as razões dos protestos dos portugueses então este Primeiro Ministro não tem nem condições para ocupar o cargo nem futuro nele. Todos sabemos as razões e só não as posso listar aqui porque são tantas que este texto não teria fim. Habitue-se o "Coelhinho" que daqui para a frente não terá muitos dias em que ponha os pés na rua e haja quem tenha ganas de lhe dar uma cacetada no "cachaço". O discurso do "estamos a cumprir", "não necessitamos de renegociar a dívida" ou de "não necessitamos de pedir uma nova ajuda" começa a ruir e a realidade a ser mais forte que a propaganda. Aumento das falências, dos desempregados, da pobreza e da miséria são factos que não podem ser cobertos por falsas mensagens de esperança que cada vez se torna numa maior ilusão. Já não falta muito para tudo isto rebentar.

19 comentários:

  1. PauLo mAdeiRa21/2/12 00:23

    Estas manifestações são preparadas por reaccionários fascistas que se querem opor a um governo eleito democraticamente pelo povo. Eleito em eleições livres, neste Portugal de Abril. O povo não apoia nem quer esta direita reaccionária que apela às "cacetadas no cachaço". O povo gosta de liberdade e democracia, não gosta de violência e guerra. Foi por isso que em Abril pusémos de vez todas as armas de lado, acabando com a guerra em África e com a violência da PIDE. O Povo está unido. O Povo JAMAIS será vencido. As conquistas de Abril, como as eleições livres, o fim da guerra e da violência policial, do caciquismo, da desordem, e do medo, não são para deitar para o esgoto, como pretendem estes reaccionarios. Abril vencerá! SEMPRE! O povo saberá defendê-lo, contra quem quer de novo o sangue nas ruas, "à cacetada", e um poder imposto pelos arruaceiros, pelos incendiários que pretendem dominar o país pelo caos, levando de novo o nosso Portugal para o breu da longa noite fascista. O povo saberá responder nas urnas contra a arruaça. O povo é pacífico mas defende a liberdade conquistada em Abril com unhas e dentes. Os fascistas sentirão em breve os dentes de Coelho cravados nas costas.

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  2. Paulo Madeira
    Andaste a fumar alguma coisa alucinogénica e isso deu-te para o disparate. Se desejares debater democracia e liberdade terei todo o gosto em o fazer mas quando estiveres sóbrio.

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  3. oh pá as eleições são manipuladas onde os mortos votam e se calhar em vários sítios. um país que é o mais ou dos mais electrónicos da europa porque as eleições ainda são feitas por contagem de papel ?

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  4. paULo MaDeiRa21/2/12 12:23

    O meu comentário foi o mais a sério que é possível. Pena que o conceito de liberdade e democracia não te permita entendê-lo. Mas o Paulo Madeira é magnânimo e explica.
    Aquilo que tens é o que pediste quando vieste para a rua em Abril. Podes ter um blog e podes escrever português com erros. Nele podes chamar os nomes que quiseres aos políticos, insultando e insinuando o que te apetece. Podes apelar à revolta. Podes até debater a “democracia e a liberdade” com os teus pares. Podes eleger quem tu quiseres. A PIDE nunca mais apareceu à porta. Pois é. E as profecias de 1974? Parecem-te agora mais erradas que as da astróloga Maia. Agora parece-te que o POVO UNIDO foi finalmente VENCIDO. As desculpas são várias: eleições manipuladas, “povinho” (como já vi chamarem aqui) enganado e alienado pelos media, etc… etc… Mas repara que se perguntares ao “povinho” o que ele acha disto, ele está de acordo contigo. São todos corruptos, querem todos mamar, todos dizem mentiras, é uma cambada de chulos, é correr todos a pontapé. Enfia-te no comboio da linha de Sintra, no barco do Seixal ou nos autocarros da Carris e ouve a vox populi. “Eu se lá estivesse endireitava isto num instante”. Até parece que o teu blog tem mais força que os media que dão a volta à cabeça das pessoas na hora do voto, como por aqui se diz. Mas não. Toda a “malta” pensa realmente como vocês. A dura realidade é que estamos onde estamos porque o POVO UNIDO escolheu. Porque em Abril nos disseram que ia ser tudo diferente. A paz seria eterna, nunca mais haveria guerra, nem fome, nem miséria, e as gaivotas voariam para sempre nos céus. A cultura, essa, brotaria dos teatros e das televisões a rodos e o povo abraçaria estas fontes de conhecimento como se de amantes se tratassem. Mas não. O povo abraçou logo no ano a seguir a “Gabriela Cravo e Canela” do camarada Amado, depois o “Continente”, os Mercedes de importação e as putas de leste. O povo depois da Gabriela, voltou a pesquisar os picos da cultura até aos píncaros da “Casa dos Segredos”, dos telejornais da desgraça, das Maddies, dos Aquaparques, dos Big Brothers. O povo voltou a abraçar Jesus, mas desta feita o do Benfica. Parece que afinal o acesso aos tais textos que estavam nos cofres da censura, essas obras-primas da cultura lusa ocultadas pela noite fascista, não interessou muito ao povo. Parece que a cultura literária que jorrou de Abril foi aquela que ficou espelhada nas bancas de rua (sem licença) da Avenida da Liberdade (nem de propósito) com revistas porno e desenhos do Vilhena. Parece que afinal a liberdade, a democracia, as eleições, a paz, e a ausência de PIDE não deu no previsto. Parece que só tu e a rapaziada deste blog ouve o Manu Chau e vê os flmes do Fassbinder, e do Bergman. Só os “bloguistas”, é que aproveitam. Os que vão no comboio de Sintra ou no barco do Seixal estão-se a cagar. Apesar da liberdade, a natureza não os empurrou para o Truffaud ou para a Simone de Beauvoir. Que grande azar.
    Está na altura de não deixar o povo fazer mais nada.

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  5. Paulo Madeira
    Eu sabia que bastava dar-te um bocadinho de linha e a mascara caia e a tua verdadeira face ia aparecer.

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  6. paulo madEira21/2/12 13:01

    Eu sabia que não tinhas pedalada para o "debate democrático". Aposto que vais ver Bergman e não percebes nada. E o pior é que as análises ao sangue até estão boas. O que será?

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  7. Está na altura de não deixar o povo fazer mais nada.

    Esta está de cabo de esquadra !
    Então..., está na hora de vir um Hitlerzinho de pacotilha e colocar o povo no seu lugar.
    Que tal, ensinar esse mesmo povo a ser culto, a ser educado e a não ser mais besta que o escriba reaccionário ?
    Agora é que é... cacetada no cachaço !
    Nota: Cheira a antigo PIDE... perdido na Net.

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  8. MadeiRa, PauLo21/2/12 16:57

    Mais uma resposta a revelar o pendor democrático para o debate. Afinal quem é qeu "deu linha" e quem é que mordeu o isco?
    O humor era uma arma antes de Abril e é só rir com os "bonecos do Kaos" retratando o presidente vestido de supeira, ou o nosso primeiro a apalpar as mamas da Merkl, mas quando nos pôem orelhas de burro, vai de "cacetada no cachaço".
    Eu sei que se estivesse frente a frente consigo usaria de toda a sua "força revolucionária" para me endireitar. Tipos como eu não têm lugar na sua "ampla democracia", não é? Aprenda a dialogar, não seja PIDE. Isso dos cacetes e da tortura já passou e nunca mais volta, esteja descansado, agora é a paz e o diálogo, ou será que não acredita que "agora o Povo Unido..." Dou-lhe um conselho, se me permite, compre uns livros, veja mais filmes do Bergman e menos películas imperialistas que só retratam violência e futilidade. Parece-me um pouco alienado.

    Outra coisa: os cabos de esquadra são pessoas como as outras, muitas vezes de origem humilde mas honrada, e eu sei que nunca leram Simone de Beauvoir, mas pode ser que alguns leiam este blogue e de certeza que acharão o seu comentário RACISTA. Quem é Hitlerzinho de pacotilha, que julga que por frequentar tertúlias literárias é superior a funcionários de esquadras, quem é?

    Pelo "diálogo democrático" e pelas respostas, o meu muito obrigado.

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  9. Entre trocas de piropos ninguém respodeu às acusações. Os indignados e muitos do que estão nos movimentos são do mais reaccionário e totalitário que há.
    Não há uma proposta positiva e é tudo contra as medidas.
    No tempo do Sócrates estava tudo calado,12 de Março, começa a mexer, mas muito soft.
    Só comelou a haver oposição a sério ao Governo depois das eleições de 5 de Junho.
    Não sejamos ingénuos, qual é a central sindical cujo secretário-geral, faz parte do comité central do PCP?
    Quantos membros de "movimentos independentes" tê, avenças e sedes pagas pelo Bloco de Esquerda?
    O totalitarismo vem aí e querem destruir a nossa liberdade agora quem é que está por trás disto são outros quinhentos...

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  10. Houve um Paulo Madeira que passou pelo Benfica e que era uma lástima, mas este está a dar-vos um baile :)

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  11. epa páh , paulo madeira, vai morrer longe man!!se gostas tanto do coelho e companhia, vai para belem ofereceres-lhe a peida,pode ser que sirvas para suporte de bicicletas!!

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  12. O caro Paulo Madeira deveria talvez reflectir melhor sobre os assuntos de que fala tão ligeiramente, sem substância. A revolução dos cravos, de que fala, não teve nenhuma culpa disto pois foi traída, logo em 1976, pelo Dr. Mário Soares, que meteu cá o Kissinger e o FMI, que logo em 1977 tentou fazer o mesmo à economia portuguesa que estava a tentar no Chile, no Brasil e na Argentina, ao mesmo tempo que mentia ao povo português dizendo que queria a social-democracia do norte da Europa. Por volta de 1983-85 -- e depois de ter chamado outra vez o FMI, com o país quase falido -- o regime partidário, o do alterne PS-PSD com o sidekick CDS, estava-se a desmoronar. O seu colega de bloco central, Mota Pinto, faleceu, e o PSD ficou em grande tumulto. Não fora a "rodagem" de automóvel de Cavaco Silva e o PSD ter-se-ia, certamente, desagregado. Nas eleições de 1985, os votos do PS (20,77%) e do PSD (29,87%) somaram apenas 50,64%, ou seja, foi o pior resultado combinado destes partidos.

    Logo a seguir entrou-se na operação ilusão, parte II, desta vez dirigida por um PSD mais ao centro, e sob a batuta de Cavaco Silva. Portugal entra na CEE, o FMI desaparece, como que por milagre; o dinheiro entra a jorros e cria-se a ilusão de que íamos, afinal, tornar-nos numa social-democracia sueca. Cedemos a nossa moeda e adoptámos uma moeda forte, que nos trouxe taxas de juro demasiado baixas e nos fez perder competitividade, primeiro, e depois a nossa capacidade produtiva. Entretanto, logo com o rebentar da dot.com bubble (2001) e mais tarde a crise do subprime, que afectou todas as economias ditas desenvolvidas, tal crise apanhou a nossa economia em estado de debilidade e começámos logo a patinar, em 2001. Guterres foge do pântano, Durão Barroso entra e foge três anos depois, depois entra o mentiroso-mór, José Sócrates, e finalmente entra o Coelho, que pelos vistos ambiciona ser tão bom mentiroso como o seu antecessor mas não consegue. É que tem uma coisa, que se chama realidade, que não o deixa em paz.

    A contra-revolução do Portugal Europeu é que caiu, caro Paulo Madeira! Foi essa a ilusão que venderam ao povo português, mas foi difícil conseguirem-no, falharam à primeira e precisaram de gastar muito dinheiro para o fazer desistir de seguir o seu caminho. Um caminho de independência da Europa, de cooperação com África e com a América do Sul, um caminho que já o génio de Fernando Pessoa havia sugerido para Portugal, o caminho do 5º Império. O povo português está agora atónito, a tentar perceber como é que foi enganado. Mas tem, este povo, novecentos anos de história. Com esse lastro há-de entender como a pátria portuguesa foi traída e vendida por estes senhores à delinquência internacional. E há-de dar a volta a isto!

    acabou-se

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  13. Ao menos o Salazar, que tinha os defeitos que são sobejamente conhecidos, não era traidor. Já os apoiantes do salazarismo, logo após a revolução dos cravos, e como bons órfãos políticos que ficaram, traíram a pátria portuguesa de todas as maneiras que puderam. E é curioso vê-los agora de cabeça perdida a repetir, até à exaustão, as suas três cassetes; a saber:

    1) NÃO HÁ ALTERNATIVA -- este slogan supostamente inventado pela Margaret Thatcher, decorre contudo das teses do "fim da história", postas a circular por Francis Fukuyama durante o período de implosão da URSS, ou seja, 1985-1991. Mas, apesar de a história ter continuado a girar, este chavão apodrecido ainda mexe. E se lhes dizemos, "então e a Islândia", eles fingem que não ouvem, voltam a cara para o jornalista que têm ao lado, e dizem, com o ar mais compenetrado do mundo: "ah, eles são uns irresponsáveis que não sabem o que querem e não tẽm, verdadeiramente, alternativa. O que fazemos é péssimo mas... não há alternativa".
    Os monarcas absolutos diziam todos isso mesmo...

    2) O povo é estúpido, e a democracia é que tem a culpa! Este slogan foi redescoberto muitas vezes, por oligarcas gregos, romanos, bizantinos, chineses, turcos, e por absolutistas franceses, portugueses, alemães e mesmo por colonialistas ingleses! Modernamente reintroduzido na política pelo general Ludendorf, foi copiado por Hitler para o seu famoso Mein Kampf. As consequências das lideranças fortes são, de todos, sobejamente conhecidas...

    3) A "Abrilada" é que tem a culpa. Já aqui discuti e, como se vê pelos factos históricos, é um argumento ridículo. O regime actual é descendente da "Novembrada", golpe de 25 de Novembro de 1975, e que esteve para a revolução dos cravos com esteve o 18 de Brumário para a Revolução Francesa. O programa do MFA nunca foi posto em prática. Como podem negar isto?!

    O que parece é que, do ponto de vista da ideologia do exercício do poder, o capitalismo chegou a uma fase histórica semelhante ao absolutismo. E é neste "capitalismo absolutista" que nós vivemos. E seria este o "melhor dos mundos possíveis", como repetia o Professor Pangloss ao pobre Cândido, para o qual, segundo Pangloss, "não há alternativa".

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  14. Paulo Madeira21/2/12 20:27

    Joaopft: Diz que a revolução dos cravos não teve culpa e aponta logo o Mário Soares como traidor por meter cá o Kissinger e pelo início das desgraças. Ora o Soares, sem revolução dos cravos, estaria a passear por Paris, porque não lhe era permitido pôr os pés em solo pátrio. A PIDE não o deixava voltar porque dizia o mesmo: “ele é um traidor”. É com surpresa que o vejo em sintonia com os algozes do povo português. O Kissinger pelo contrário era o amigo imperialista dos fascistas que não queriam cá o Soares, segundo me diziam na altura. Foi a revolução dos cravos que trouxe esse “traidor” como lhe chama e foi logo com o imperialista amigo do Pinochet que o tipo foi fazer amizade. Nem parece dele. E ainda por cima ganhou eleições livres eleito pelo povo que segundo o seu raciocínio, ou se enganou ou foi enganado, o que se reparar bem vai dar ao mesmo.
    Depois diz que cedemos a nossa moeda, perdendo competitividade e capacidade produtiva. A cedência da moeda era impensável sem a revolução dos cravos. O escudo era das moedas mais fortes da Europa antes do 25 de Abril. A tal “independência da Europa” que pretende era traduzida na frase “Orgulhosamente sós!”. É isso que advoga? E o 5º Império? Império soa um bocado a imperialismo, permita que lhe diga. E a cooperação com África, de que fala, é com o governo ultra corrupto de Angola ou da Guiné? É com esses países exemplares que pretende criar o 5º Império? O Fernando Pessoa também tem um livro chamado “Interregno”. Já o leu?
    E finalmente a conclusão de que o povo está atónito e foi enganado. Afinal, depois da guerra, da fome e da miséria, o povo unido foi vencido. E voltou à miséria e à fome. Falta a guerra, até ver. Afinal a liberdade só por si não trouxe nada. Ou melhor, trouxe o traidor do Soares, O Kissinger, O FMI, a “operação ilusão”, a cedência da moeda, o pântano, a dependência da Europa, e o fim do sonho do 5º Império. Palavras suas. Então o que falhou? Não devíamos ter permitido o regresso do Soares de Paris? Devíamos ter sabotado o BX do Cavaco? Como foi possível iludir o povo português? Ou será que o povo português não foi iludido?

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  15. Caro Paulo Madeira, se reler bem verá que tenho razão. Não negue a evidência que o povo foi iludido e enganado pela quimera europeia. E que tal quimera se tornou possível porque, e aqui convém recapitular, o governo de Salazar, após ter-se saído razoavelmente no período de 1932-1945, após o fim da convertibilidade em ouro da libra esterlina o que, dado esse acontecimento e a Grande Depressão, favoreceu a política económica de Salazar, porém Portugal, depois de 1945, falhou todas as oportunidades que a política do pós-guerra dos Estados Unidos relativamente à Europa abriram, de uma política económica keynesiana e desenvolvimentalista. Devido a isso, a nação apresentou, até meados dos anos 1960, uma trajectória económica que a atrasou brutalmente, relativamente aos seus congéneres europeus.

    Como resultado do eclodir da guerra colonial, Portugal necessitou de se desenvolver para poder travar a guerra, e por isso Salazar, a contragosto, foi forçado a abrir um pouco a economia nacional. Aderiu-se à EFTA, e então a nação iniciou uma trajectória de crescimento vigoroso, semelhante à dos seus congéneres europeus, embora com um atraso de cerca de vinte anos. Durante todo esse tempo, o povo português sonhava com o desenvolvimento europeu. E a emigração, e curiosamente a guerra, embora tenha desencadeado o processo de desenvolvimento económico de que a sociedade portuguesa veio a beneficiar (efemeramente, dadas as traições e sabotagem a que foi submetida a partir de 1977), mas dizia eu, o povo português ambicionava ter o que via nesses países norte-europeus. Portanto, e tal como no regime soviético a decadência brejneviana tornou mais fácil a traição ao povo russo desencadeada pelos Mários Soares e Cavacos Silva de lá (mas que nada conseguiriam ser terem sido coadjuvados pelos anteriores homens do aparelho comunista, por orfandade ideológica convertidos em venais traidores à sua própria nação) também aqui a decadência do regime salazarista que, após 1945, não soube efectuar, com tempo e devida deliberação, as reformas democráticas e económicas que se impunham e, em vez disso, se manteve no "orgulhosamente sós", digo eu que foi essa circunstância que colocou o povo português, como uma criança embevecida, a olhar para o el-dorado europeu.

    E foi assim que se tornou fácil enganar e trair o povo português. E, com a ajuda dos órfãos do salazarismo convertidos à partidocracia PS-PSD-CDS que, tal como os convertidos ex-comunistas, se venderam por dez dinheiros e traíram a pátria e o seu anterior mentor em todas as oportunidades que tiveram para o fazer, prometendo ao povo o desenvolvimentalismo mas enfiando-lhe em vez disso, pela goela abaixo, o neoliberalismo.

    Mas, agora, a verdade aparece aí, à vista de todos, e eu tenho confiança que a arma do voto pode e deve ser usada, pelo povo, para levantar de novo a pátria portuguesa, de maneira adaptada aos tempos mas cujo resultado será o mesmo que o conseguido pelos heróis de 1383 e 1640. Basta olhar para a Islândia, para a Argentina, para ver que é possível. E não há nada de "orgulhosamente sós" nessas economias: apenas houve uma reestruturação da dívida deliberada pelos povos, e não pelos banqueiros, e depois disso um grau adequado de protecção, através de políticas cambiais que favorecem a competitividade dessas economias.

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  16. Caro Paulo Madeira: "O Interregno", de Fernando Pessoa, (1928) faz eco do sentimento da alma portuguesa, nesse período que se seguiu à década muito conturbada de 1916-1927. Pelas razões que Fernando Pessoa apontou (e as económicas que eu apontei acima) houve um consentimento de largos sectores do povo português relativamente à governação de Salazar. Nesse panfleto, Fernando Pessoa faz eco, de forma poética, desse consentimento da alma portuguesa relativamente ao ditador.

    Noto que, ao nível político e económico, nesse período fez-se sentir alguma descompressão relativamente à situação socialmente caótica, e de bancarrota iminente, do período de 1890-1932. Contudo, e dada a natureza ditatorial do regime, isso nunca evoluiu para além do consentimento; permaneceram bolsas de oposição feroz e, após 1945, largos sectores desse mesmo povo que lhe havia dado o consentimento foram-no retirando, paulatinamente.

    De qualquer forma, convém ler "A Mensagem", que é um texto de âmbito muito menos limitado que "O Interregno" e que, por isso, poderá ajudar a fornecer o contexto adequado à interpretação desse texto.

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  17. Paulo Madeira, honestamente esta conversa de culpabilizar o passado e teorizar sobre o que seria se não tivesse sido como foi não é aquilo que mais me preocupa neste momento. Até as ideologias, os ismos para aqui e as cracias para ali se desvaneceram numa nova realidade que cresceu com o computador e internet. Mudaram os nossos hábitos, a nossa realidade, a nossa noção de tempo e até mudou a forma como pensamos as coisas. Um jovem de 20 anos não pode pensar o mundo e a sua relação com a vida como pensava um há 40 anos. Há tantas alternativas, tantas possibilidades que ficarmos parados a chorar possíveis passados é uma enorme perda de tempo. É que até o "tempo" já não é o que era.

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  18. Concordo, Kaos. E há boas razões para pensar que esse passado já não tem pernas para voltar. Acho que a orfandade da antiga direita salazarista, de que eu falava lá atrás, tem a ver com o reconhecimento dessa mesma impossibilidade.

    Portugal é hoje um país bem diferente. Em 1916 quase não havia classe média, a taxa de analfabetismo era superior a 2/3 e no campo ainda se chorava o fim dos restos de um Portugal patriarcal, do regime semi-absolutista e do feudalismo, no interior, de que Salazar era representante. Hoje (e apesar da Sinistra Ministra) praticamente todos os portugueses chegam à maioridade a fazer uso da linguagem e têm a acesso a quase toda a informação produzida pela humanidade, através da internet.

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  19. AH! AH! AH! AH! Todos os portugueses chegam à maioridade a fazer usa da linguagem!!! Isto é só rir. 90% dos adolescentes que chegam à universidade são mais analfabetos que os 2/3 de 1916. É que os outros sabiam ser analfabetos, os de hoje "pençam ke sabem screver". E a internet? Vejam as estatísticas dos sites mais vistos e façam uma dança para voltar a censura!

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