terça-feira, novembro 21, 2006

O Imperador Sócrates

Quem olhasse para a política portuguesa, há meia dúzia semanas, pensaria que este rei estaria a braços com o início de uma revolução. Após uma “rentré” atribulada, com uma manifestação de 30 mil professores, uma de funcionários públicos de 90 mil, um ministro a anunciar o fim da crise enquanto outros pediam sacrifícios em nome dessa mesma crise, um secretário de estado que veio anunciar-nos que a nossa conta de electricidade ia aumentar 16%, culpando-nos a nós consumidores por isso, um orçamento que aumentava impostos a pensionistas e deficientes, guerra com as autarquias e com o governo regional da Madeira e mais um monte de trapalhadas de que já nem me lembro, parecia que o caminho não tinha regresso possível. Parecia que este governo se estava a desmoronar, os nossos brilhantes comentadores anunciaram o fim do estado de graça, falaram em remodelação, e as sondagens começaram a mostrar desgaste no PS. Como se de magia se tratasse, Sócrates bate toda a oposição no debate do orçamento, faz-se reeleger no PS e coloca aqueles comentadores que lhe previam um trambolhão a aplaudir os seus discursos no congresso, lança para a praça pública a indignação sob algumas das “trafulhices” utilizadas pelos bancos para nos “chupar” mais o sangue, torna-se um quase nada mais maleável nas negociações com os sindicatos, propõe um aumentozito um pouco maior para o ordenado mínimo e consegue convencer o Cavaco a colar-se ás suas medidas e a ir a uma televisão dar uma entrevista a dizer Ámen a tudo o que tem feito. Como se isto não bastasse, a pequeníssima oposição existente resolveu começar a lavar na praça pública as suas guerras internas. O Sócrates aplaude e já pode coroar-se como Imperador deste jardim. Esperemos que não vitaliciamente.

Contributo para o Echelon: Electronic Surveillance, MI-17

8 comentários:

  1. Agora só falta o Loução vir comer-lhe à mão!

    Na realidade, quanto mais se afunda o país mais depressa os ratos da oposição abandonam o navio.

    A continuarmos assim, só um tacho na Europa nos livrará de Sócrates, O José - Imperador do Reino dos Parvos(pequenos, baixos,...é Latim!...)

    Um abraço.

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  2. Minha cara, se acaso os protagonistas fossem brasileiros não me surpreenderia, a política econômica ortodoxa e "burra" por que passamos atualmente nos deixa à mercê de atores demagogos, cuja retórica invade. Imagine, nem assumiram seus mandatos e a politicagem já pretende criar uma lei, digo de "imediato", favorecendo um aumento significativo para o deputados e senadores...Estamos indignados pela falta de representatividade e absurdos ocorridos em nossa politica. Pelo jeito é contagiante e vitalício: Mudam-se as moscas a merda continua a mesma.

    Excelente post!
    Abraços!

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  3. Jorge:
    De mais 8 anos de Sócrates ninguém nos livra. Penso que este nem a Europa leva daqui. Só mesmo um golpe de estado cavaquista pode mudar isto...mas para pior.
    abraço

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  4. Luiz:
    parece que a globalização não é só economica mas também abrange a área da pouca vergonha. Em todo o lado quem detem o poder parece desejoso de mamar tudo e não deixar nada para os outros. Tudo isto vai ter de rebentar como uma castanha.
    abraço

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  5. Olá Kaos. Para quem não tem jeito para escrever, disfarças muito bem. O post está excelente, a imagem também como é habitual.
    Também me parece que este Napoleão de trazer por casa, já se auto intitulou imperador e parece-me que a menos que haja uma machadada presidencial vamos ter que o gramar durante muitos anos. Ou então temos que nos unir para o derrubar...
    Um Abraço.

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  6. Outsider:
    A ideia de nos unirmos era o ideal, mas o mais dificil é reunir as tropas. Isto anda cada um na sua vidinha e não está para arranjar mais problemas. A machadada presidencial só nos pode levar para algo ainda pior. Aguenta que é serviço.
    abraço

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  7. luikki:
    Mentir não é problema para eles pelo que o poder pode bem ser duradoiro.
    abraço

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