
O ministro da Economia fez um apelo para que sejam disponibilizados «rapidamente» os terrenos necessários para permitir a expansão da Citröen em Mangualde. A marca francesa ameaça deslocalizar-se para Marrocos caso não consiga as condições para ampliar as actuais instalações da fábrica.
O presidente da autarquia de Mangualde comprometeu-se, há mais de um ano, a expropriar terrenos de modo a que a empresa tivesse possibilidade de se expandir, o que até agora não aconteceu.
Manuel Pinho salientou também que para existir competitividade em Portugal é preciso dar «boas condições às empresas, o que deverá acontecer não só ao nível dos «terrenos para expandirem a produção», mas também da «qualificação da mão-de-obra» e «apoios ao investimento».
in "TSF"
Esta noticia não é nova, depois disto já está garantida a manutenção da fábrica e até a produção de dois novos modelos da marca. Tudo parece estar bem quando acaba bem, mas houve nesta notícia lago que me chamou a atenção. A ideia de “expropriar” terrenos para oferecer à Citroen parece-me ser, no mínimo, abusiva. Pensava eu que eram os “terríveis comunistas” aqueles que nacionalizavam a propriedade privada, mas não, são agora os liberais que expropriam a propriedade privada para oferecer a empresas. Já lá vai o tempo em que as grandes empresas compravam terrenos, construíam fábricas e formavam a sua mão-de-obra. Agora, essas empresas simplesmente escolhem quais são os terrenos que desejam e dizem aos estados para os retirarem aos seus donos e lhos oferecerem numa bandeja. Qualquer um de nós pode perder um terreno ou uma casa se uma grande empresa se lembrar de a pedir. Neste momento os estados estão reféns das empresas que fazem chantagem com as deslocalizações. Sabendo as dificuldades porque passam a grande maioria das pequenas e médias empresas portuguesas, á terrível pressão e justiça cega das nossas finanças sobre elas, custa ver os grandes grupos económicos a terem isenções e até a receberem, sob a capa da formação, dinheiro dos estados.
Estou farto de aqui dizer que não sou economista e que até lhes tenho alguma raiva, mas certamente não me parece que este seja o caminho de um país que quer manter a sua dignidade e a possibilidade de decidir do seu futuro. Será que esta ideia do capitalismo globalizante já há muito não ultrapassou tudo o que é admissível? Não estará na hora de arrepiar caminho? Pergunto-me o que será mais justo, nacionalizar os recursos naturais de um país e colocá-los ao serviço dos cidadãos desse país, ou expropriar terrenos para oferecer a privados.
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