Há um ano escrevi este post contando como foi vivido dia 25 de Abril por mim. Como a esperança existe sempre para quem ama a liberdade, quem sabe não terá o meu filho a sorte de viver, também ele, o seu dia em que tudo parece ser possível, o amanhã é uma página em branco onde todos os futuros podem ser escritos e eu a felicidade de estar a seu lado.
Acordei naquela manhã como em qualquer outra manhã, com a correria do lavar, vestir, comer, o beijinho de – Até logo e porta-te bem e o correr de novo para apanhar o comboio das quarenta e dois. Vão entrando mais amigos e mais colegas, os de Oeiras da Parede até todos juntos entrarmos pela escola dentro. Logo surgiu o Director e alguns professores a dizer-nos que não havia escola, – Vão todos para casa.
Logo ali a ideia, que fazer com este dia livre. Discutia-se a hipótese Praia da Zambujinha quando, chega a notícia de que há uma revolução em Lisboa com soldados e tanques. Nem se discutiu mais e lá fomos todos a correr, uma vez mais, para a estação. A confusão, o que seria, haveria tiros e as informações de quem também viajava e que tinha ouvido dizer.
Cais do Sodré e lá fomos nós, de novo a correr, Tanques, soldados e o, – Para trás, – Vão para casa. Ali passámos todo o dia correndo Lisboa de baixo para cima e de cima para baixo. Foi durante esse dia que Portugal, um país a preto e cinzento, ganhou cor. O vermelho dos cravos, o brilho dos risos, tudo era alegria e cor. Foi como se o mundo se tivesse aberto e jorrado toda uma nova gente que até ai eu nunca tinha conhecido. Gente solidária, amiga, alegre, colorida. Cor, havia cor por todo o lado. Até os velhos fatos cinzentões pareciam ganhar cor com aquele simple cravo na lapela.
Foram tais as sensações e emoções que vivemos nessas intermináveis horas, hoje já tão curtas, que fizeram daquele dia um dos mais inesquecíveis da minha vida. Nem mesmo o raspanete monstruoso e uma mãe, preocupadíssima, quando finalmente cheguei a casa, já noite, alteraram o sentir desse dia. 25 de Abril, Sempre.
Aqui sentado , olho para a jarra cheia de cravos vermelhos que a minha companheira ali colocou hoje e não posso deixar de pensar – Fui um puto com muita sorte e ainda sou.
Acordei naquela manhã como em qualquer outra manhã, com a correria do lavar, vestir, comer, o beijinho de – Até logo e porta-te bem e o correr de novo para apanhar o comboio das quarenta e dois. Vão entrando mais amigos e mais colegas, os de Oeiras da Parede até todos juntos entrarmos pela escola dentro. Logo surgiu o Director e alguns professores a dizer-nos que não havia escola, – Vão todos para casa.
Logo ali a ideia, que fazer com este dia livre. Discutia-se a hipótese Praia da Zambujinha quando, chega a notícia de que há uma revolução em Lisboa com soldados e tanques. Nem se discutiu mais e lá fomos todos a correr, uma vez mais, para a estação. A confusão, o que seria, haveria tiros e as informações de quem também viajava e que tinha ouvido dizer.
Cais do Sodré e lá fomos nós, de novo a correr, Tanques, soldados e o, – Para trás, – Vão para casa. Ali passámos todo o dia correndo Lisboa de baixo para cima e de cima para baixo. Foi durante esse dia que Portugal, um país a preto e cinzento, ganhou cor. O vermelho dos cravos, o brilho dos risos, tudo era alegria e cor. Foi como se o mundo se tivesse aberto e jorrado toda uma nova gente que até ai eu nunca tinha conhecido. Gente solidária, amiga, alegre, colorida. Cor, havia cor por todo o lado. Até os velhos fatos cinzentões pareciam ganhar cor com aquele simple cravo na lapela.
Foram tais as sensações e emoções que vivemos nessas intermináveis horas, hoje já tão curtas, que fizeram daquele dia um dos mais inesquecíveis da minha vida. Nem mesmo o raspanete monstruoso e uma mãe, preocupadíssima, quando finalmente cheguei a casa, já noite, alteraram o sentir desse dia. 25 de Abril, Sempre.
Aqui sentado , olho para a jarra cheia de cravos vermelhos que a minha companheira ali colocou hoje e não posso deixar de pensar – Fui um puto com muita sorte e ainda sou.
E ainda hoje o país continua dividido:
ResponderEliminar- O que era preciso cá era um novo Salazar!
Julgo que temos aí engenheiro para isso.
- O que era preciso era um outro 25 de Abril!
Talvez um dia...
É um desejo que temos de construir para os nossos filhos.
É verdade, querido Kaos, apesar dos pesares, somos todos uns putos cuma sorte do caraças por vivermos sem ditadura. Agora falta fazer a outra revolução , mais difícl, que não vai lá a ferro e fogo, só lá vai com persistência e palavras cheias de sentido, de sentimento, de revolta, de raiva até. A revolução dos espíritos. Grande batalha esta, amigo, grande desafio este, mostrar aos que então lutaram por uma sociedade melhor que somos capazes de levar a luta adiante - e vencê-la. Isso é que era bonito!
ResponderEliminarUm forte abraço de liberdade!
Pois eu tive de ficar em casa....
ResponderEliminarNo 1º de Maio,encolhida, saí à rua.
E entrei no sonho.
Depois, vieram os recém-chegados à democracia social e foi fatal.
Mas o sonho ficou calado cá dentro.
Será que temos de novo de vir para a rua gritar?
Parece que sim, anónimo.
ResponderEliminarKaos: Como já disse, eu estava na Alemanha, mas acredito que deve ter sido um dia de encher o coração. Valem-me também as histórias do meu sogro, no activo na altura.
Aqui fica um poema escrito pelo Zeca nas masmorras de Caxias. Um poema que revela a faceta surrealista que havia no Zeca.
ResponderEliminarEra um redondo vocábulo
Era um redondo vocábulo
Uma soma agreste
Revelavam-se ondas
Em maninhos dedos
Polpas seus cabelos
Resíduos de lar,
Pelos degraus de Laura
A tinta caía
No móvel vazio,
Congregando farpas
Chamando o telefone
Matando baratas
A fúria crescia
Clamando vingança,
Nos degraus de Laura
No quarto das danças
Na rua os meninos
Brincando e Laura
Na sala de espera
Inda o ar educa
Zeca Afonso
25 DE ABRIL SEMPRE!
FASCISMO NUNCA MAIS!
Acabei há pouco de ver no Canal 1 da RTP a gala de homenagem ao Zeca.
ResponderEliminarPara além da altíssima qualidade do espectáculo gravado na Galiza, emocionou-me a já conhecida admiração que o povo e os cantores galegos nutrem pelo Zeca e pela Revolução dos Cravos.
Nota máxima para esta co-produção luso-galaica.
henry pote: Não me leves a mal, mas copiei o teu comentário para o meu blog. Não conhecia esse poema de Zeca Afonso.
ResponderEliminarbrit com:
ResponderEliminarComo posso levar a mal a divulgação da obra do Zeca?
Pelo contrário. Fico feliz por recordá-lo não só pela obra poética que nos legou como pelo seu combate empenhado pelos valores da liberdade e da fraternidade.
Zeca Afonso, sempre!
A minha liberdade não é a liberdade deles. E não é porque:
ResponderEliminar- as palavras são palavras, e ninguém é perseguido por proferir palavras;
- a responsabilidade é apenas isso e só isso: responsabilidade;
- nalgumas coisas a liberdade sobrepõe-se à igualdade, noutras a igualdade à liberdade;
- a verdade não é ocultada por conveniência, e os factos são sempre factos.
O melhor produto político do fascismo, são os políticos que têm o poder hoje em Portugal.
E esta é, de longe, a pior herança que Salazar nos legou.
Um abraço.
Cocas demite-te e leva os soquinhas contigo.
Porque hoje é dia 25 de Abril, queria lembrar que há um povo pacífico que vive num país chamado Tibete, e onde e negro da tirania chinesa encobre o branco das neves desde 1950. Este povo precisa também de um 25 de Abril.
ResponderEliminarObrigado pela hospitalidade que me permite colocar este post neste blog fantástico!
Um abraço.
João Rato:
ResponderEliminarEu acredito que é possivel, e quanto mais estes nos apertarem mais vontade nasce de mudar.
Um abraço
Esteva:
ResponderEliminarE somos, porque embora separados somos muitos a desejar um mundo novo, mas fraterno e solidário. Se cada um disser a sua verdade, se unirmos forças e vontades o sinho pode remascer em muitos mais. Temos de acreditar e fazer com que outros vivam a mesma sorte que nós tivemos.
Bim 25 de Abril
bjs
anónimo:
ResponderEliminarDizes bem, ficou colado e bem vivo cá dentro e, sim, temos de gritar cada vez mais porque quem viveu aquela liberdade não pode sobreviver sem ela.
abraço
Brit Com:
ResponderEliminarTambém p meu sogro foi um homem da revolução e também a ele lhe custa ver como toda aquela liberdade foi sendo destruida passo a passo. Mas quem a viveu necessita dela como do ar para respirar. Havemos de a reviver de novo.
bjs
Henry:
ResponderEliminarTambém vi o programa e senti-me bem a ver que ainda há quem acredite no espirito que se viveu naquela altura. Só assim ele um dia poderá renascer para todos.
Obrigado pela memória do Zeca
abraço
Brit com:
ResponderEliminarO Zeca era um homem unico, e as suas musicas sãoó a ponta de tudo aquilo que ele foi e representa para muitos de nós
bjs
Henry:
ResponderEliminarEnquanto houver alguém que cante o Zeca a esperança de mudança não morre.
abraço
Contribuinte:
ResponderEliminarEsse legado do fascismo só existe porque nós não soubemos defender a do 25 de Abril. Houve quem receasse a revolução e travaram-na. Talvez o maior legado do 25 de Abril seja o agora todos sabermos que quando se começa uma revilução tem de se ir até ao fim.
abraço
Contribuinte:
ResponderEliminarClaro que podes hoje e sempre lembrar a tirania onde quer que ela exista. A liberdade é sagrada para todos.
abraço
Contribuinte
ResponderEliminarMas esta gente que tem estado empoleirada nos cadeirões do poder nos últimos anos, não é um produto do fascismo. Diremos que é antes um sub-produto salazarento, inculto e incompetente.
São seguidores atentos e veneradores dos tiranos que dominaram o país durante 48 anos. Alguns serão mesmo seus filhos e netos.
E chegam ao cúmulo de confundirem maioria com poder absoluto. São - numa palavra - um susto!
kaos e henry pote,
ResponderEliminarQue a Liberdade nos acolha no seu regaço, e que nunca - mas mesmo nunca - deixemos de ser dignos de aí nos acolhermos.
Abraço
Contribuinte:
ResponderEliminarObrigado 25 Abril tem de ser todos os dias
abraço
passo a passo dia a dia teremos que defender sempre essa liberdade que foi conquistada. Mesmo que com todos os problemas que conhecemos é bom que possamos dizer.
ResponderEliminarjinhos