quarta-feira, setembro 19, 2007

Patrões ou donos?

Nem flexigurança nem meias palavras para ir ao cerne na questão: a Associação Empresarial de Portugal (AEP) quer que as empresas tenham a possibilidade legal “de despedir os trabalhadores.” “É duro dizer isto, mas tem de ser”, afirmou ontem Ludgero Marques, presidente da associação, no final de uma reunião dos seus associados. “A nossa consciência social nunca deixou de existir, aguentamos os trabalhadores até ao fim”, mas a possibilidade de despedimento – mesmo que seja para os substituir por outros mais capacitados – é um imperativo de sobrevivência empresarial".

Nem sei que dizer mais, ele diz tudo de quanto eu o poderia acusar e de uma forma muito mais simples, acabar com o estatuto de trabalhador e patrão, para passar a Dono e a utilizar-nos como escravos. Só espero mesmo é que todos os que trabalham neste país, mesmo os mais optimistas, aqueles que pensam que nunca lhes acontecerá nada, se deixem de politiquices e de inventar desculpas para saírem para a rua para os travar. É toda a vossa vida e aquilo que têm hoje, atirado pela janela.

PS: Numa visão mais hipócrita, estas declarações podem ser imaginadas como o lançamento de uma estratégia, concertada entre governo e patrões, para fazer com que no fim fiquemos muito satisfeitos com a ideia de que do mal, o menos, que fomos nós que conseguimos garantir a flexi-mini-segurança. Sacanas para isso são eles e para muito mais.

Contributo para o Echelon: Electronic Surveillance, MI-17

11 comentários:

  1. Com jeitinho, agora virá o Van-Zeller dizer que para além de despedir como pede Ludgero, os patrões ainda devem ter o direito de enrabar os funcionários. Finalmente e em nome do Governo, virá um Secretário de Estado, em conferência de imprensa sem direito a questões postas pelos jornalistas,tranquilizar-nos dizendo que não senhor, enrabar está fora de questão!

    Um abraço,

    ResponderEliminar
  2. Está fora de questão? Parece-me que seria uma perda de direitos adquiridos...

    ResponderEliminar
  3. Se os empresários não gostam dos trabalhadores portugueses, e da legislação laboral portuguesa, têm bom remédio: metam-se à estrada e imigrem - vão ver que ninguém dará pela sua falta - e como são tão bons tudo lhes há-de correr bem no sítio para onde forem...
    'Tão-se sempre a chorar, porra!
    O que o Ludgero podia explicar - por forma a que até uma criança de 4 anos perceba - é porqur razão os empresários mais ricos do país não são os maiores contribuintes do país.

    ResponderEliminar
  4. A minha opinião sincera é de que isto da Flexigurança é bem mais grave do que se apresenta e que muito boa gentinha só dará pelas reais graves consequências tarde de mais, e isso preocupa-me bastante.
    Esta terá que ser uma batalha travada com todas as nossa forças, pois a imposição desta lei representaria uma derrocada total nos direitos dos trabalhadores conseguidos com muito suor e lágrimas ao longo de mais de um século. Representaria um retrocesso de tal maneira que nos colocaria no principio do século XX.
    É preciso travar esta escumalha a todo o custo, nem que seja à lei da bala!
    Abraço do Corcunda.

    ResponderEliminar
  5. Neste país de cornos-mansos, subservientes-esclávos e ignorantes...
    Deve exitir uma "guerrila", tipo FP`25, que acabe de vez com estes cabrões esclavagistas e pseudo-ditadores e exploradores!
    Por mais que sejamos um povo de "brandos costumes", devemos acabar com quem nos quer mal!

    ResponderEliminar
  6. é a lei da selva

    ResponderEliminar
  7. Eu acrescento: é o capitalismo puro e duro. É a medida mais reacionária que os patrões podiam inventar. É pôr os trabalhadores a rastejar para conseguirem um emprego. É pô-los a trabalhar mais 4 ou 5 horas por dia, de borla, para não serem descartados. É pôr trabalhadores contra trabalhadores para conseguirem um posto de trabalho. É, enfim, uma forma encapotada de escravatura.
    Não podemos consentir que esta lei seja alguma vez aprovada.
    JFrade

    ResponderEliminar
  8. Antigamente dizia-se
    "isto está tudo na mesma"
    agora diz-se
    "isto está cada vez pior".

    Antigamente dizia-se
    "as moscas mudam, mas a merda não varia"
    agora diz-se

    ResponderEliminar
  9. As "virtualidades" do sistema chinês em versão Lusa. Será que o Ludgero já se converteu ao comunismo que tanto criticou, e a gente não sabe?
    Pode ser que quando a situação apertar ele tenha de dar corda aos sapatos e, quem sabe, imigrar para o país que parece ser o ideal para este patrão português (ou já será chinês?).
    Abraço do Zé

    ResponderEliminar
  10. Há muita falta de humor no pessoal.

    O homem estava a brincar ... ele nem acredita na flexigurança ... estava só a brincar ...

    ... então o país onde vivemos não é um país a brincar ? Vamos lá ... o governo não anda a brincar aos impostos, ao fecho de hospitais e escolas, ao código penal, ao Dalai Lama, ao défice, aos tgvês, às otas e etc., etc., etc. ?

    Então eles que são uma cambada de incompetentes, não andam a brincar com o pessoal a fingir que governam o país ... e estão a mamar dia e noite ... e, de vez em quando, dizem que há melhoras na economia e, logo a seguir, aumentam os impostos ?

    Tenham calma ... isto é tudo a brincar ... !

    "A brincar" ficaremos pobres se não tomarmos atitudes "a sério".

    Agora, fora de brincadeiras, gostava de dar umas valentes chibatadas em certa gente ...

    ResponderEliminar
  11. Caro Kaos,

    Numa Europa cada vez menos "social" é perfeitamente normal ouvirmos da boca dum representante do capital... comentários como este.
    Temos é de nos unir e dizermos bem alto: "Basta! Já chega!...". Pode ser em Abril... em Setembro... em Outubro. Mas temos de acabar com este "Estado de coisas"...

    Um abraço,

    ASerra

    ResponderEliminar

Powered By Blogger