quinta-feira, outubro 04, 2007

A corrupção da consciência

"Estou perfeitamente... não satisfeito, mas tenho a ideia de que procurei cumprir o meu dever", afirmou João Cravinho aos jornalistas, no final da reunião da bancada do PS que, mais uma vez, discutiu os seus projectos para prevenir e combater a corrupção.

Isto não foi dito assim há tanto tempo. Foi há nove meses e aí está ele, numa entrevista à revista Visão, a mostrar o seu descontentamento e tristeza por ver o PS tão pouco interessado em atacar a corrupção. Só estranho é que esta gente, que lá anda metida e deve saber de coisas que nós nem sonhamos, demore tanto tempo a descobria aquilo que todos há muito já sabemos. Para acalmar as águas em que começou a mexer, arranjaram-lhe uma ida para Londres e, depois de 50 anos de politica, ele deve ter pensado que já era hora de também ele ter a sua recompensa. Nisto tudo, pena é que a corrupção continue a ser uma realidade em Portugal assim como uma enorme falta de vontade para a combater e acabar com ela. Infelizmente, os deputados que temos, não têm a coragem de afrontar o sistema em nome da garantia de continuarem a ter a sua cadeirinha na próxima legislatura. Infelizmente os deputados que temos não estão lá a defender quem deviam, os eleitores que os elegeram, mas sim o seu partido e a si próprios. Infelizmente isso deve fazer com que, nem entrevistas como a do Cravinho sejam suficientes para lhes despertar as consciências … se é que a têm.

Contributo para o Echelon: spies, IWO, eavesdropping

5 comentários:

  1. Olá Kaos.
    Por acaso ouvi o Cravinho falar hoje na rádio sobre este tema. Não me recordo do que se passou quando ele passou pelo governo de Guterres. Por isso não consigo avaliar a honestidade da postura dele. Concordo com o que ele defende, no entanto...

    Sobre os deputados e a sua coragem de afrontar o sistema, diria que isso nem lhes passa pela cabeça. Conheces a história do médico, do doente e do filho do médico? É assim:

    Um médico tem um filho que acabou os estudos de medicina, encontrando-se a iniciar a carreira no consultório do pai. Este vê no filho a oportunidade de fazer umas férias merecidas por 30 anos sem parar. Então prepara-as e, no momento da partida, deixa um último conselho ao filho:

    - Filho, de todos os doentes há um que merece especial atenção. É o senhor da mercearia. Faz-lhe o curativo, muda-lhe a ligadura e manda-o cá voltar na próxima semana.

    O médico teve as suas férias prolongadas e quando voltou encontrou o filho radiante, mal se contendo para lhe contar a novidade:

    - Pai, pai, curei o senhor da mercearia. O meu primeiro sucesso! Era apenas uma carrasca velha, a qual tirei, limpei e agora está a sarar normalmente.

    - Estúpido - gritou-lhe o pai, capaz de o fulminar, acabaste de estragar o nosso ganha pão. Fazia quinze anos cá ele cá vinha todas as semanas!



    Ora para que hão-de os deputados preocuparem-se com a corrupção? Vivem no sistema e do sistema! Ora veja-se o exemplar caso do Betoneira Amaral e a Lusoponte...

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  2. A viver num país onde a comida se pode tornar radioactiva e passado tão pouco tempo da comitiva Socretina andar a fazer jogging no Kremlin, não há dúvida que a entrevista do Cravinho mostra que é homem de coragem.

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  3. No fundo veio dizer aquilo que todos nós sabemos... O que dá para tirar daqui é que todas as instituições em Portugal foram feitas para não funcionar...

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  4. Esta classe política está falida (não financeiramente, aí estarão muito bem)há já muito tempo.
    Enquanto outra fornalha não surgir o problema arrastar-se-á.
    A questão é que para surgir uma nova classe terá que haver uma mudança radical de mentalidades, e tal não consigo vislumbrar para tão cedo. Até lá será sempre "vira o disco e toca o mesmo".

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  5. "Para acalmar as águas em que começou a mexer, arranjaram-lhe uma ida para Londres e, depois de 50 anos de politica, ele deve ter pensado que já era hora de também ele ter a sua recompensa"

    Portantosss... deixou-se corromper, certosss?

    De boas intenções e água benta está o Inferno cheio.

    Até mais.

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