quarta-feira, março 05, 2008

Choramingas e choraminguisses

O Choramingas

Após o lançamento da primeira pedra da nova fábrica de papel da Portucel em Setúbal, um investimento de 550 milhões de euros, José Sócrates disse, "A consequência [do arranque da nova fábrica] é puxar o sector industrial para cima. Investir em Portugal é do que nós precisamos e não de quem passa a vida a choramingar".

Eu por mim preferia que a prioridade do Engenheiro fosse investir nos portugueses, porque um Portugal onde sem condições de dignidade para os portugueses não faz falta nenhuma aos portugueses. Pelo menos para a grande maioria deles, para todos aqueles que não vivem no limbo de um irreal Portugal. Não sei se isto acontece porque são incapazes de compreender a vida real, de entender sentimentos que lhes são totalmente estranhos, ou se simplesmente se estão a cagar para nós, mas seja uma ou outra isso em nada contribui para a melhoria das coisas. Compreendo que não precise de mim para nada, mas que outras hipóteses me dá? Não sou rico, não posso investir nem um milhão que seja, não vejo empregos, os que há são cada vez mais precários e mal pagos, mas vejo um estado lambão, empresas que já foram do estado e de serviço público, transformadas em autênticos vampiros e uma filosofia em que o cidadão passa a ser escravo dos interesses económicos. Realmente o Engenheiro não precisa de mim para nada, nem de mim nem dos muitos milhões que sentem e vêm a realidade deste país. Não precisa, mas ainda vai precisar, ainda o vou ver a precisar imenso, a vir pedir batatinhas, a vir pedir a cruzinha no voto. Não se incomode, não vale a pena porque se o Engenheiro não precisa de nós, os “choramingas”, também nós não precisamos de si para nada. Mas numa coisa lhe dou razão, já chega de passar a vida a choramingar, ir para a frente, para a luta e tomarmos nas mãos o nosso destino e futuro. Agora pelo menos já temos a experiência e não seremos tão ingénuos, tão “naives”, tão “baris” como aconteceu há 34 anos. A mudança ainda é possível.

Contributo para o Echelon: 15kg, DUVDEVAN

9 comentários:

  1. A mudança é possível e inevitável.

    Está nas nossas mãos.

    Este sistema liberal de cariz fascizoide que nos atromenta tem os dias contados.

    Não se pode "aguentar" mais, estes gajos não vivem cá, não sentem os nossos problemas, as nossas angústias, os nossos asseios, as dificuldades, vivem acima disto tudo. São a burguesia. Cabe-nos acabar com ela.

    Já reparaste que estão a transformar este país numa floresta de eucaliptos, que tudo secam, para quê? com que intuito?

    Os países da UE estão-se cagando para os plantar, os portugas, bem mandados e obidientes fazem-no. E dizem-nos que estão a zelar pelos interesses de Portugal? pura mentira, zelam, isso sim, pelos interesses dos grandes grupos, para, depois de serem corridos do governo, irem para a reforma dourada nessas mesmas empresas. Um regabofe.

    Abraço

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  2. Independentemente das afirmações do Pinóquio, quando li esta notícia do arranque das obras da nova fábrica da Portucel, li também algo que dizia que, por cada hectare de cultivo de eucalipto em Portugal, se obtinham "somente" 9 metros cúbicos de eucalipto, quando comparado com a América do Sul, em que obtêm 45. Ora, a indústria do papel não me é estranha e sei também que Portugal tem uma tradição de longa monta (sobretudo no Norte-Litoral) de produção de papel, integrando com praticas relativamente sustentadas de produção de eucalipto. Querem estes animais dar cabo da terra que os sustêm? Para quê?? Para comprarem ainda mais matéria prima aos países nórdicos, de onde já vem o grosso da madeira de pinho para a produção de pasta? Eucalipto não plantam eles, não... dizem que o nosso é que é bom! Pudera!! Se eu não quisesse isso no meu quintal também diria o mesmo!

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  3. Sugeriram-me fazer uma fotomontagem representando o sr. José Sousa como Alice no País das Maravilhas, ao que respondi que o Kaos provavelmente já a terá feito.
    Acertei?

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  4. gi:
    Honestamente não me lembro, mas não é nada que não se possa fazer outra vez
    bjs

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  5. Anónimo5/3/08 23:18

    Este tipo é mesmo execrável. Abominável homem que está a destruir Portugal e que fala como se os portugueses fossem todos mentecaptos.
    Para além da destruição dos solos provocada pelo eucalipto, a indústria de papel é uma enorme fonte de poluição, por isso é que Portugal, o país atrasado e mais distante do centro da Europa, é o sítio ideal para se incrementar tal indústria.

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  6. Anónimo6/3/08 08:26

    Artigo paralelo sobre um tema análogo que está a passar quase despercebido.

    Até mais.

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  7. Anónimo6/3/08 08:28

    Tema análogo à análise sobre o país e não ao caso dos eucaliptos :)

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  8. É um investimento não de 550 mas de 900 milhões de euros.
    E o Estado ofereceu ao empresário incentivos no valor de 20% do investimento, o que, feitas as contas, serão 180 milhões de euros.
    Ora, a fábrica vai ter 300 trabalhadores pelo que, cada trabalhador, custará ao Estado a bela soma de 600 mil euros.
    De outro modo, a uma média de 10.000 euros anuais de salário por trabalhador, os 300 trabalhadores custam à empresa anualmente 3 milhões de euros. Isto é, como receberam do Estado graciosamente 180 milhões,tal verba permite à empresa ter os salarios pagos por conta do Estado durante 60 anos .É obra!!!!!

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  9. Anónimo6/3/08 15:45

    Assim eu também quero ser empresário em Portugal.

    Onde é que estão a abrir vagas? Dou alvíssaras, já estou por tudo.

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