sábado, agosto 02, 2008

A Teia da Educação

 A Aranha

Qual é o objectivo da escola? Ensinar? Educar? Fazer os “homens” do amanhã?
O Ministério que a tutela chama-se de educação, mas eu vejo-a como um lugar de ensino, onde os exemplos comportamentais sejam um complemento daquilo que aprendem em casa com os pais, aqueles que têm a obrigação e o direito de os educar. É à família que cabe saber que valores, que conceitos e princípios lhes querem transmitir. Que ferramentas civilizacionais lhes querem fornecer. Para a escola ficam o saber e as ferramentas que lhes permitam desempenhar uma tarefa, um trabalho. Juntos pais e escola devem fazer o homem, devem dar-lhe as ferramentas do futuro.
Li no jornal que o melhor aluno de cada escola vai receber um prémio de 500 euros. Também já os ouvi defender a ideia de ensinarem as vantagens do crédito e os fundamentos da economia liberal. Parece-me que aqui já está a escola, ou o estado, a meter-se com princípios onde não tem o direito para se imiscuir. É a mim como pai que cabe decidir se quero educar os meus filhos nos princípios da competitividade, do vale tudo para ser o melhor, da ânsia e na ganância do dinheiro, ou se prefiro falar-lhes de valores mais humanistas, de solidariedade, ajuda e companheirismo. Se eu não desejar que os meus filhos sejam educados no principio do prémio, mas sim na simples satisfação da consciência que fez bem? Não estou no meu direito? Deverei eu aceitar que a escola eduque os meus filhos em valores que não acredito e até desprezo?
Recuso esta teia em que a aranha da produtividade e da competitividade quer enredar os meus filhos. Não aceito que os tentem condicionar, já desde pequenos, em ideias que considero erradas e que não farão deles melhores seres humanos, só gente mais trabalhadora e obediente. Esse não me parece ser um bom objectivo de vida para ninguém, a não ser os donos do poder, os Bilderbergs, grandes e pequenos, que procuram modelar os nossos pensamentos. Se o estado tem dinheiro, não o gaste a corromper as mentes das nossas crianças, mas a dar-lhes condições de ensino. Pague condignamente a bons professores que lhes transmitam conhecimento e não comportamentos. Faça uma escola publica na qual todos possamos confiar e da qual nos possamos orgulhar. Não me parece que estejamos a ir no bom caminho.

Contributo para o Echelon: 15kg, DUVDEVAN

10 comentários:

  1. Anónimo2/8/08 01:17

    Amigo Kaos.
    Há tanto de belo como, desculpa, de irrealista no teu texto. O que defendes, e que eu apoiaria total e incondicionalmente, é coisa do passado. Digo «apoiaria» e não «apoio» porque sou professor, conheço a realidade das escolas de hoje, a sua função (que, estranhamente, não é ensinar os alunos, antes armazená-los até os pais puderem levá-los para casa)e, no final do ano lectivo, promovê-los. Ficamos todos muito contentes se eles (os alunos) não agredirem fisicacamente professores e funcionários.
    Estou a exagerar?!
    Outros que aqui venham deixar o seu testemunho o dirão.

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  2. jfrade:
    Desculpa se não me resigno e continuo e tenho de defender aquilo em que acredito. Cada pai pode seguir o caminho que escolher, mas tenho dosi filhos e quero que cresçam como gente de corpo inteiro. Quero quer defendam a justiça e não o poder. Posso estar a criar-lhes problemas para o futuro, mas gostava que um dia se lembrassem de mim como alguém que defendeu sempre aquilo em quer acreditou.
    um abraço

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  3. Assino por baixo do que o Kaos escreveu... aliás, o assunto é antigo e já me debrucei demoradamente sobre ele. Felizmente, tenho a sorte de ser professor numa área em que posso dizer, na maior parte das vezes, que aquilo que estou a dizer é apenas a minha opinião e, como tal, deve valer o que vale... Dou opiniões, sugestões, orientações o que, infelizmente, até me conhecerem melhor, baralha completamente os alunos, habituados a vomitar algo que alguém escarrou, ainda que tenha sido com a melhor das intenções...
    Deve-se ensinar a pensar e não a ensinar pensamentos, se bem que estes possam ser utilizados para desenvolverem a capacidade de pensar... e por aí fora...

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  4. Anónimo2/8/08 16:34

    Concordo com o Kaos e penso que é necessário que os pais forneçam aos filhos feramentas para ter uma atitude crítica com aquilo que lhes ensinam e não tenham como objectivo para os filhos, que eles se licenciem no Curso Superior de Emprego.

    Jmendes

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  5. Anónimo2/8/08 17:21

    Política reles para gente reles. Nunca se viu tanta estupidez e incompetência, nunca se se viu tanta subversão de valores desde que esta gente toma decisões. A inteligência e a cultura é, cada vez mais, um luxo, ou seja o contrário daquilo que devia ser, coisas básicas e essenciais numa sociedade que mereça tal nome.

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  6. Entregues os filhos à escola, os pais podem ir sossegados (julgam eles...)
    Depósito de crianças e adolescentes, as escolas não estão humanamente preparadas para prestar o apoio necessário.

    Os professores têm de aí desempenhar
    múltiplas tarefas: professor, assistente social, psicólogo, amigo que saiba ouvir e aconselhar, muitas vezes quase pai ou mãe...

    Sei do que falo.

    Aquilo que devia ser o principal papel do professor vai cada vez mais sendo aceite "a ferros". Os alunos sabem o desmérito que a sociedade oferece. Precisam de "espaço". A instrução vai ficando para trás.

    Em torno disto tudo, há um demissão a larga escala: os pais, ou porque assim o entendem fazer, ou porque não lhes resta alternativa, demitem-se, a sociedade em geral demite-se.

    Os professores, cansados de tantas solicitações e de tanta má paga começam a achar que lhes não resta tempo nem já carolice para enfrentar tarefas que até há bem pouco tempo eram desafios. (Os pontapés têm destas coisas...)

    Qualquer dia, nem instrução, nem educação. Isso ficará para os filhos dos "senhores" em colégios privados. Os outros ficarão a marulhar num mar de "novas oportunidades" condenadas ao desastre.

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  7. Hurtiga:
    É mesmo isso que temos de evitar e para isso é necessário unir os professores e os pais.

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  8. Permitam-me que vos sugira o post que escrevi há algum tempo e penso que seria bom lerem...

    http://porquemedizem.blogspot.com/2008/05/tratem-bem-os-professores-eles-comeam.html#links

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  9. Anónimo3/8/08 17:34

    Pedido de Divulgação

    "PETIÇÃO CONTRA A LEI DE APOSENTAÇÃO

    Encontra-se activa uma Petição contra a Lei de Aposentação, cuja carta se transcreve, para a eventualidade de não a conseguir ler correctamente no alojamento onde se encontra.

    www.petitiononline.com/rla/petition.html.

    Se pretender assinar essa petição, clique aqui.

    DIVULGUEM/REENVIEM AO MAIOR NÚMERO DE PESSOAS QUE PUDEREM!

    Quem concordar deve ASSINAR JÁ! É URGENTE!

    Se não é professor, envie a todos os que conhece, por favor.

    Para enviar esta informação aos seus contactos basta copiar todo o texto a azul e enviá-lo por e-mail.

    www.mobilizacaoeunidadedosprofessores.blogspot.com/2008/07/petio-contra-lei-de-aposentao.html

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  10. Anónimo5/8/08 00:44

    Concordo plenamente.
    Como mãe e como professora sou profundamente contrária à técnica do castigo/recompensa como forma de educar.
    Mas, se bem me lembro, tudo começou pela tristemente famosa expulsão da aluna do "dá-me o telemóvel já" juntamente com o colega autor/publicador do filme e da frase "ó gorda pachona sai daí". Portaram-se "mal" e foram castigados. Para o ano vamos premiar os que têm melhores notas (que até podem nem ser os melhores alunos). Portam-se "bem" são recompensados.
    Nem sei porque me admiro com isto já que connosco (professores)é o mesmo mas ao contrário: primeiro veio o prémio para o melhor professor (e não é que houve vários candidatos?) para de seguida sermos "grelhados" numa pseudo avaliação que é mais punitiva do que construtiva.
    Caro Kaos, se tiver oportunidade, consulte essas grelhas e logo perceberá porque a escola deixou de ser templo de instrução, agora o que importa é ter cargos, fazer muitos projectos (para "inglês ver") e não ter insucesso nem abandono escolar, ah...faltar também é proibido.
    Estou com muita esperança que no dia 5 de Outubro os meus colegas professores voltem a invadir Lisboa, desta vez os 120 mil, e que em conjunto consigamos dizer NÃO a este ME que não nos deixa trabalhar ao mesmo tempo que nos sobrecarrega de trabalho.

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