domingo, dezembro 14, 2008

Legitimidade democrática

Ditadores

«O secretário de Estado da Educação, Jorge Pedreira, confirmou, esta sexta-feira, que as negociações relativas ao modelo de avaliação de professores para este ano lectivo "estão encerradas" e apelou aos sindicatos para aceitarem a "legitimidade democrática do Governo para governar"».

Eu aceito a sua legitimidade se ele não se esquecer da nossa legitimidade democrática de nos manifestarmos, de fazermos greve, de nos indignarmos, de lutarmos quando a legitimidade democrática do governo é injusta, prepotente e arrogante. Ganharam as eleições, mas isso não lhes dá o direito a quatro anos em que podem fazer tudo o que lhes der na gana. Ou também lhe apetece suspender a democracia por seis meses como a horrorosa do PSD? Depois de ouvir o Pedreira recebi este mail:

A cena mostra até que ponto chegaram as relações entre a Comunicação Social e o Governo socialista. A ministra da Saúde, Ana Jorge, foi ao Centro Nacional de Cultura apresentar o plano de combate à sida nas escolas. Como tem sido hábito neste Governo, o acontecimento tinha a pompa e a circunstância do costume. Acabada a cerimónia, com os inevitáveis discursos da praxe, Ana Jorge pôs-se à disposição dos jornalistas para responder a mais algumas questões sobre aquela matéria. Acontece que Ana Jorge não estava sozinha. Estava acompanhada de Maria de Lurdes Rodrigues, ministra da Educação, que, como se sabe, tem andado na berlinda devido à guerra com os professores.
O jornalista da RTP aproveitou a ocasião e tentou naturalmente fazer uma pergunta a Maria de Lurdes Rodrigues sobre o assunto. Foi então que Ana Jorge saltou indignada com o comportamento do jornalista:
'O quê? O senhor não sabe o que está combinado? Que hoje só se pode fazer perguntas sobre esta cerimónia e sobre o plano de combate à sida nas escolas? Ainda por cima é a RTP, a televisão pública, a fazer uma coisa destas. E, depois, logo à noite, não sai a reportagem'.
Assim vão a informação e o poder neste País.


Isto está mesmo é a precisar da legitimidade democrática de uma Revolução que esta gente já nem vergonha tem.

16 comentários:

  1. ÚLTIMA HORA:
    "Aqui se desvenda a razão, única e fundamentada, das frustrações das ministras da Educação e da Saúde..."CONTINUAÇÃO EM :http//pensovisual.blogspot.com
    IMPERDÍVEL E COM DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA...

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  2. Meu caro Kaos!
    Veja este exemplo de democracia num País amigo do nosso. A Venezuela. Esperemos que estes bons exemplos não sejam importados. Esperemos que isto nunca aconteça em Portugal, para bem de todos nós. Mas quem sabe se para lá não caminhamos mais depressa do que pensamos... Veja clicando
    Aqui para ver o vídeo

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  3. Já vi cenas parecidas com estas e até bem piores em países democráticos como a Itália, por exemplo. E no parlamento. E esses até são governados por um neo-nazi... democraticamente eleito, no entanto.

    Mas concordo que o exemplo é bonito de se dar. Os políticos portugueses, da esquerda à direita, não são exemplo para ninguém. Faz-me lembrar a nossa mais famosa deputada, que tanto falou contra as pensões e xuxas, e agora requereu a subvenção, em acumulado com o ordenado. É mesmo assim, cada um diz o que não pensa e governa-se da melhor maneira possível.

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  4. Quanto à legitimidade democrática, ninguém pode negá-la. É um facto. As pessoas escolheram este governo, e esta questão da reestruturação de carreiras já vinha contemplada no programa de governo do PS. Só não leu quem não quis. Cá para mim, como não votei no PS, estou de consciência tranquila. Muitos não estão. E 150000 votos tinham-lhe retirado a maioria absoluta.

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  5. "Ou também lhe apetece suspender a democracia por seis meses como a horrorosa do PSD?"

    Todos podemos fazer críticas às personagens da vida pública do país.
    Não me parece honesto fazê-lo atribuindo aos visados intenções que todos sabemos não serem verdadeiras.

    É visível que o Kaos sente necessidade de compensar algumas críticas ao partido no governo com ataques despropositados a todos os outros.

    Costuma chamar horrorosas a todas as pessoas que conhece que não têm a beleza física como atributo?

    No que respeita à questão da avaliação tenho que concordar com o comentador anterior.
    É legítimo contestar as medidas políticas que não nos beneficiem como também se espera que o governo não paute a sua actuação,como Guterres,pelas sondagens.

    Enfim nada é perfeito,mas é desejável que as idéias de partida do governo e os protestos públicos sirvam para melhorar a justeza das medidas.

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  6. o problema não está na legitimidade que o governo tem para pôr em prática a sua política. o problema é que este jogo de esperança e desilusão se perpetua de eleições em eleições e a malta continua a querer jogar na esperança que lhe saia o jackpot.

    legitimidade eles têm, pelo menos para quem vota ou aceita as regras do jogo. o que é incompreensível é que para o ano lá estão outra vez, com as mesmas políticas, e depois deles outros iguais virão.

    mescalero

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  7. Guilherme:
    Só atribui à Ferreira leite aquilo que ela disse e quanto a ser horrorosa é uma opinião pessoal (e não me estou a referir à parte fisica mas sim à personagem e às suas ideias).
    Quanto à legitimidade realmente existe, mas isso em nada nos impede de não pararmos de protestar por todas as formas que são legais (manifestações e greves). Se acreditam que a legitimidade dada por eleições pode substituir a necessidade do apoio às medidas que tomam estão bem enganados

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  8. Estas 7 pastagens são espantosas. Ninguém se refere "...Ainda por cima é a RTP, a televisão pública, a fazer uma coisa destas."
    Isto devia preocupar o pessoal.

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  9. Pois, pois... "O senhor não sabe o que está combinado? Que hoje só se pode fazer perguntas sobre esta cerimónia..."
    Albarda-se o burro à vontade do "dono" e o Zé Povinho é que fica com umas palas descomunais ...
    Toda a informação é devidamente filtrada, ao povo só chega o que os déspotas querem, sobretudo se for a RTP, pois claro. A ignorância é a melhor arma dos tiranos!

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  10. Há aí um comentador que falou de legitimidade em contestar a avaliação, julgo que dos professores.
    Quanto a isso não tenho dúvidas, vivemos em democracia, todo o grupo profissional, pode e deve exercer o seu direito de cidadania.
    O que me espanta é o cidadão comum se escandalizar facilmente, quando assiste a manifestações de protesto. Normalmente é acintoso nas criticas, para com cidadãos que se manifestam na defesa dos seus direitos.
    No entanto assobiam para o lado e acham normal os poderosos da política e da finança exercerem os seus lobis, para sacar proventos pessoais junto de governos fantoches. Vejam os muitos exemplos dados pela corja que hão-de levar a esmagadora maioria dos tugas à sopa dos pobres.

    Que merda de pátria esta, que tão fracos servos pariu. Os governantes da treta agradecem.

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  11. Eu concordo com a ministra da saúde. Não faz qualquer sentido fazer perguntas à milú, quando se estava em presença de um evento do ministério da saúde. Se o jornalista queria fazer perguntas à milú, então devia esperar pela oportunidade de a apanhar afastada da outra ministra ou fora do evento ou qualquer outra coisa. Pelo menos por cá, os jornalistas têm a mania que são os donos das pessoas e manipulam a seu bel prazer toda e qualquer situação. E depois depois vem imediatamente a pergunta sacramental: "está a dizer que a culpa é dos jornalistas??!!"
    Quanto à reacção da ministra da saúde... bom isso é outro assunto.
    Sobre legitimidade terei oportunidade de escrever qualquer coisa um destes dias.

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  12. Em democracia todas as legitimidades têm um limite. Eu, como não sou um neoliberal, reconheço ao Estado e ao Governo toda a legitimidade para terem uma política educativa. O que eu não lhes reconheço é autoridade científica para terem uma filosofia educativa - e no entanto é isto mesmo que o governo reivindica ao pretender impor uma "Pedagogia de Estado" que já mostrou abundantemente, ao longo de trinta anos, que pura e simplesmente não funciona.
    Jorge Pedreira não tem o direito de invocar a legitimidade democrática quando o governo a que pertence já transgrediu há muito os limites dessa legitimidade. Agora a questão que se põe já não é a da legitimidade democrática: é a da legitimidade, ou até do dever, da desobediência.

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  13. Não podemos e, mais importante ainda, não devemos, ser ingénuos ao ponto de pensarmos que as notícias que passam na TV (incluindo a RTP, mas não só) são como aparentam. É evidente que estava combinado, e só se escandaliza quem se apercebeu disso pela primeira vez, o que eu acho estranho.

    A informação que nos chega está sempre cheia de erros e influências, não é de hoje. É ver a Manuela Moura Guedes a responder às sua próprias perguntas, por exemplo. Há muito que não ligo muito a notícias pelas notícias. Investigo depois, da melhor maneira possível, o que realmente se passou.

    Numa cerimónia sobre a prevenção da Sida (que é um assunto BEM mais sério que a avaliação dos professores), puxar a espingarda atrás para bater mais no ceguinho, também não é coisa que se faça, a não ser que se esteja a alimentar protagonismos, como eu penso que se estão a alimentar de facto... Apesar da reacção, cada coisa deve ter um lugar e uma hora.

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  14. Cirrus:
    Que a comunicação é controlada todos sabemos, mas é bom quando a prova sai das suas próprias bocas.
    Quanto ao assunto da pergunta, todas têm de ser possiveis em todos os lugares. Se a ministra estava na Conf. Imp. estava à disposição dos jornalistas ou não estava lá

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  15. Discordo do segundo ponto, apenas por uma razão prática e não teórica: comparar o drama da Sida que grassa na juventude com a avaliação dos professores é algo que simplesmente não me deixa confortável. E se, de cada vez que abrimos a boca para falar de Sida, alertamos para que o problema tenha toda a visibilidade possível, temos um contra-senso interessante: quem considera que se pode estragar mais uma destas poucas oportunidades com assuntos muito mais profanos? A Ministra da Educação estava presente como participante no programa de prevenção da Sida nas escolas, e também não vi ser-lhe dirigida qualquer pergunta sobre isso. Penso que o oportunismo jornalístico é tão aceitável como qualquer outro. Saber lutar também é bonito. Caso contrário, também poderei perguntar-me: quem pagou àquele jornalista que fez a pergunta? Quem procura tão desesperadamente protagonismo que confunde uma luta sindical com uma luta pela vida?

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  16. Todas as perguntas são possíveis, mas organizadas e na devida sequência. Para baralhar mais não vale a pena.
    É como aqueles "jornalistas" do futebol, que quando acaba o jogo as perguntas para o treinador ou para os jogadores não têm nada a ver com o jogo que acabaram de disputar.

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