quarta-feira, março 08, 2006

Um Iraque cheio de guerras

O secretário da Defesa norte-americano declarou que sempre houve o perigo de guerra civil no Iraque, mas não deixou de acusar os media de “exagerarem” a gravidade da situação naquele país do Médio Oriente. Numa conferência de imprensa, ontem, no Pentágono, Donald Rumsfeld falou da espiral de violência no Iraque depois dos confrontos e ataques ocorridos desde a destruição do mais importante templo xiita, a mesquita de Samarra, a 22 de Fevereiro. O recrudescimento da violência já causou a morte de mais de 500 pessoas desde aquele atentado.Rumsfeld não ocultou que, “actualmente, há uma guerra civil em curso no Iraque”. “Sempre houve – admitiu – a possibilidade” de um conflito civil num país que se “mantinha unido por um regime repressivo responsável por atirar para valas comuns centenas de milhares de pessoas”. As razões fundamentais para o conflito civil latente eram as dissenções entre as comunidades locais, na opinião de Rumsfeld, que registou com agrado o presente envolvimento das diversas etnias e confissões religiosas no “debate político”.De acordo com o titular da Defesa de Washington, a coesão só era possível “pela força e brutalidade, não em resultado de uma Constituição”. Por outro lado, assegurou haver «Guardas da Revolução» (pasdaran iranianos) infiltrados no Iraque e alertou as autoridades de Teerão para o “erro” que estão a cometer. Em relação às críticas dos “media”, adiantou que, segundo o que viu e leu até à data, “muita da informação dada no estrangeiro e em particular nos Estados Unidos exagera a situação no terreno”.

Lá como cá culpam-se os órgãos de informação por dizer a verdade. Não entendo muito bem como se pode dizer que eles exageram na gravidade quando morreram mais de quinhentas pessoas em quinze dias. Os EUA abriram a caixa de Pandora do Iraque e não sabe muito bem como podem ou vão descalçar mais esta bota. O povo americano está farto de ver os seus soldados voltarem para casa dentro de sacos de plástico e a situação no terreno só se agrava de dia para dia. Reconhecer que há uma guerra civil e justifica-la simplesmente com a ideia de que poderia ter acontecido com ou sem invasão é atirar areia para os olhos de todos nós. Em todos os países em que há etnias com culturas religiosas muito fortes o conflito é sempre possível. (veja-se a ex-Juguslávia). A verdade é que o Iraque era um país soberano e que neste momento vive numa autêntica confusão em que todos gritam porque todos têm razão.
É curioso notar, que os altos crânios com computadores e técnicos excelentíssimos se mostrem surpreendidos com os acontecimentos. Será que somos, todos nós neste cantinho da Europa, assim tão inteligentes quando prevemos que isto ia acontecer logo após a invasão?
Infelizmente somos governados por gente sem carácter e que só parece ser capaz de prever a próxima jogada não conseguindo ter uma visão a mais longo prazo. Se fossem jogadores de xadrez eram derrotados por qualquer miúdo de 15 anos. O pior é que mandam no mundo.

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