Sombras e reflexos

Há muito que é conhecido a tendência que existe de os animais e os seus donos ganharem algumas semelhanças comportamentais. Com algumas profissões e sobretudo com alguns lugares de chefia ou de poder parece acontecer o mesmo. Eu tinha esperança que, após a nomeação do novo Procurador-geral da Republica, nunca mais ter de aqui referir o nome e o “boneco” do Souto Moura, personagem que deixou o cargo com a sombra de um Processo da Pia a persegui-lo, inundado de fugas de informação e enfiado até aos cabelos num envelope com o número 9. Não deixou saudades mas parece que deixou vícios. Não os de mediatismo, que tantas vezes o fizeram aparecer na praça publica, mas os de ser mais sombra que matéria. Se antes parecia que as redes da justiça eram mais capazes de apanhar a petinga que tubarões, este novo pescador não parecer ser muito diferente. Entrou com voz forme ameaçando o crime e a corrupção mas, tirando o mediático futebol, pouco ou nada se vê. O Furacão está a transformar-se numa ligeira brisa, dos sobreiros só resta cinza e no caso do financiamento da Somague ao PSD, como o excelente blog “O Jumento” tão bem diz, (num texto que aconselho a ler), “o Ministério Público não procurou saber se houve favores, como não procurou não os encontrou e como não os encontrou chegou à conclusão óbvia, não houve crime”. Em contrapartida vemos uma justiça muito mais mediática na demonstração de eficiência com o pequeno crime. Não há dia em que não tenhamos uma grande parte dos noticiários televisivos ou de páginas de jornais, com medidas de coação, relatos de julgamentos e penas aplicadas. É-nos vendida a ideia de uma justiça mais actuante, mais capaz de aplicar a lei e condenar os culpados, mas essa eficiência parece terminar onde começam outros poderes, o politica e o económico. Afinal foram eles que fizeram as redes da lei e sabem bem onde a malha é mais apertada e onde estão os buracos por onde podem passar. Embora me pareça um provérbio feito por alguém sem carácter e pouco honesto, sempre ouvi dizer que, “quem parte e reparte e não fica com a melhor parte ou é tolo ou não tem arte”. Eles tolos não são e arte não lhes falta, mas não nos podem é exigir que confiemos neles.

Contributo para o Echelon: 15kg, DUVDEVAN