«A GlaxoSmithKline (GSK) está a planear cortar cerca de 6000 postos de trabalho em todo o mundo, de acordo com a imprensa britânica, segundo a qual esta decisão surge na sequência dos resultados anuais da empresa. O segundo maior grupo farmacêutico tem escritórios em Lisboa e emprega 202 pessoas em Portugal, que não se sabe se serão abrangidas por esta medida. Segundo a imprensa, os cortes na Glaxo reflectem também uma descida significativa nas vendas face à concorrência dos medicamentos genéricos.»
Em Davos, os senhores do mundo reuniram-se durante vários dias e saíram de lá sem soluções para a crise. Só esta semana foram anunciados mais de 230 mil empregos. Só na União Europeia já se ultrapassaram os 18 milhões e esse número parece não querer parar de subir. A culpa é da crise, dizem-nos. Vemos os têxteis fechar por falta de encomendas e logo a seguir é uma de agulhas porque os têxteis deixaram de encomendar. Diminui a produção de automóveis e as fábricas que fabricam cablagens ou estofos declaram falência. É a bola de neve da crise a apanhar tudo e todos. Neste momento qualquer empresa que decida despedir não é questionada e esse acto é considerado natural. Mas será que todos os despedimentos a que assistimos são realmente causados pela crise? Será que não há por aí muito gestor oportunista que apanha boleia da crise para fazer uma limpeza nos seus trabalhadores? Como é que um grupo farmacêutico é apanhado na crise? Deixaram as pessoas de necessitar de remédios? A própria Quimonda, afirmou que declarava falência para fazer uma reestruturação. Até quando vamos nós assistir a todos estes despedimentos como se de uma fatalidade se tratasse?
Portugal é um país onde paulatinamente os nossos “parceiros” europeus foram retirando toda a capacidade produtiva, deixando-nos ainda mais na dependência de comprar lá fora tudo o que necessitamos. Somos um país de serviços e um local de férias dos europeus. Não poderemos aproveitar este momento para darmos a volta ao problema e alterarmos a nossa forma de criarmos um futuro?
Em vez de andar o estado a meter o nosso dinheiro em empresas privadas sem qualquer garantia de resolver seja lá o que for, porque não assume o Estado a nacionalização das empresas que declaram falência? Fica com as instalações, a tecnologia e o “now-how” e oferece aos trabalhadores dessas empresas a possibilidade de serem eles a salvar a empresa, a pegarem no seu futuro nas suas mãos. Se, como dizem, a crise é coisa para durar um ou dois anos, então passado esse tempo o esforço destes trabalhadores poderá ser recompensado e a sua vida melhorar. Não será altura de tentarmos fazer a diferença, de alterar alguma coisa e de deixarmos de “oferecer” dinheiro àqueles que, quando tinham lucros cantavam de galo, muitas vezes tentavam fugir ao fisco e nada se preocupavam com o país, para o utilizarmos em beneficio deste país. Ajudar quem trabalha e vive neste país é sem dúvida muito mais justo e a melhor forma de enfrentarmos o futuro.
Em Davos, os senhores do mundo reuniram-se durante vários dias e saíram de lá sem soluções para a crise. Só esta semana foram anunciados mais de 230 mil empregos. Só na União Europeia já se ultrapassaram os 18 milhões e esse número parece não querer parar de subir. A culpa é da crise, dizem-nos. Vemos os têxteis fechar por falta de encomendas e logo a seguir é uma de agulhas porque os têxteis deixaram de encomendar. Diminui a produção de automóveis e as fábricas que fabricam cablagens ou estofos declaram falência. É a bola de neve da crise a apanhar tudo e todos. Neste momento qualquer empresa que decida despedir não é questionada e esse acto é considerado natural. Mas será que todos os despedimentos a que assistimos são realmente causados pela crise? Será que não há por aí muito gestor oportunista que apanha boleia da crise para fazer uma limpeza nos seus trabalhadores? Como é que um grupo farmacêutico é apanhado na crise? Deixaram as pessoas de necessitar de remédios? A própria Quimonda, afirmou que declarava falência para fazer uma reestruturação. Até quando vamos nós assistir a todos estes despedimentos como se de uma fatalidade se tratasse?
Portugal é um país onde paulatinamente os nossos “parceiros” europeus foram retirando toda a capacidade produtiva, deixando-nos ainda mais na dependência de comprar lá fora tudo o que necessitamos. Somos um país de serviços e um local de férias dos europeus. Não poderemos aproveitar este momento para darmos a volta ao problema e alterarmos a nossa forma de criarmos um futuro?
Em vez de andar o estado a meter o nosso dinheiro em empresas privadas sem qualquer garantia de resolver seja lá o que for, porque não assume o Estado a nacionalização das empresas que declaram falência? Fica com as instalações, a tecnologia e o “now-how” e oferece aos trabalhadores dessas empresas a possibilidade de serem eles a salvar a empresa, a pegarem no seu futuro nas suas mãos. Se, como dizem, a crise é coisa para durar um ou dois anos, então passado esse tempo o esforço destes trabalhadores poderá ser recompensado e a sua vida melhorar. Não será altura de tentarmos fazer a diferença, de alterar alguma coisa e de deixarmos de “oferecer” dinheiro àqueles que, quando tinham lucros cantavam de galo, muitas vezes tentavam fugir ao fisco e nada se preocupavam com o país, para o utilizarmos em beneficio deste país. Ajudar quem trabalha e vive neste país é sem dúvida muito mais justo e a melhor forma de enfrentarmos o futuro.
Raiva, um miminho para ti aqui, com muito afeto:
ResponderEliminarhttp://ocartel.blogspot.com/2009/02/trofeu-pedagogia-do-afecto.html
"Os tiranos fazem planos para dez mil anos" como dizia o outro. Será que este admirável mundo novo não tem fim, este fartar vilanagem? Ou sa chamas, não olímpicas, da Grécia são o prenúncio de qualquer coisa?
ResponderEliminarEstes são uns privilegiados, até vêm de carrinho...
ResponderEliminarGrande problema é para os que andam na linha...
Em Novembro passado, escrevi isto:
ResponderEliminar"Há muitos, muitos anos, li um livro (Heinlein (?), Bradbury (?)) em que se descrevia uma sociedade do futuro em que uma percentagem mínima da população vivia faustosamente enquanto os restantes, embora com as necessidades mínimas asseguradas, sobreviviam; curiosamente, nessa sociedade, era crime fumar enquanto que o consumo de drogas, ainda que não legalizado, era incentivado com o objectivo de manter as pessoas abúlicas e conformadas.
Não sou de acreditar em teorias da conspiração (Bilderberg e outras) e, até prova em contrário, continuo a acreditar que as pessoas ao pretenderem o seu bem tentam prejudicar minimamente o próximo.
No entanto, com o que se está a passar no mundo, algumas dúvidas começam a instalar-se.
A crise financeira não começou anteontem e rebentou ontem; foi um processo que se iniciou no princípio do século e se desenvolveu ao longo dos últimos anos; o que se estava a passar era do conhecimento geral e os sinais estavam por todos os lados, com denúncias mais ou menos veladas, em toda a informação especializada.
E o que fizeram todas as entidades mundiais ao longo destes últimos oito anos? Nada!
Pelo contrário, sinais como o escândalo Enron e outros que se lhe seguiram, a espiral do aumento dos lucros empresariais cujo tecto era o infinito, foram desvalorizados e muitas vezes completamente encobertos.
Quando o buraco atingiu dimensões tais que não era mais possível ocultá-lo e a crise eclodiu, todos os que governam, superintendem e regulamentam, que têm acesso a informação privilegiada, com as mãos na cabeça, hipócriticamente, exclamaram: “Não sabíamos de nada!”
Alguém pode acreditar?
As medidas avulsas que tomaram então, mais do que ressarcir os prejudicados, parecem ir no sentido de beneficiar os prevaricadores.
E agora, como resultado da crise financeira, estamos com uma coisa muito mais grave, a crise económica, e o futuro que se vislumbra é negro.
Os efeitos ainda mal se sentem mas o anúncio de falências, o encerramento ou redução de unidades de produção, estão aí; os nomes mais sonantes nesta cascata eram a GM, a Ford, a Chrysler, a Opel, a Renault, hoje foi a BASF e amanhã mais virão; por arrasto, milhares de pequenas e médias empresas em todo o mundo irão encerrar; nos próximos meses, aos já existentes, milhões de desempregados se irão juntar e algumas economias asiáticas, que estavam estruturadas sobre empresas deslocadas e cuja produção era destinada em grande parte aos mercados europeu e norte-americano, vão entrar em colapso.
Com o avanço tecnológica das últimas décadas, era evidente que muitos postos de trabalho na indústria, só eram mantidos porque o preço político a pagar pela sua extinção era muito elevado.
Ora esta crise, consequência da financeira que era previsível e que ninguém fez nada para a evitar, vem justificar o que parecia irrealizável sem graves perturbações: despedimentos em massa e posterior reestruturação industrial.
Provavelmente, num futuro não tão longínquo aos encerramentos de agora, irão suceder-se a abertura de novas unidades de produção montadas sobre plataformas tecnológicas avançadas e cujas necessidades de mão-de-obra serão limitadas a meia dúzia de técnicos altamente qualificados.
Globalmente, passada a convulsão, todo iremos viver melhor, mas o fosso entre os ricos (que irão ser menos mas muito mais poderosos) e os pobres vai aumentar.
Devaneio meu ou, talvez, a justificação da cegueira, surdez e afonia dos decisores mundiais."
Hoje, temo que a conclusão com que finalizei o escrito, esteja completamente errada.
Começa-se a falar de taxas de desemprego a nível mundial na ordem dos 20% a 30%; alguns admitem mesmo que se possa chegar aos 40%.
Um Estado, a Islândia, já faliu; outros podem estar na calha; a falência, ou graves dificuldades económicas, implicará que o pagamento dos vencimentos dos funcionários públicos, pensões e prestações sociais, deixe de ser honrada total ou parcialmente.
Também já muitos analistas avançam a hipótese de que com o avançar da crise (acreditem, isto ainda é só o início) que os PIGS (Portugal, Itália, Grécia e Espanha) venham a ser empurrados para fora da União Europeia
A maior parte da população desempregada, funcionários públicos e pensionistas sem os seus rendimentos, levará certamente à eclosão de graves distúrbios que a polícia certamente não terá capacidade de conter; então o exército sairá à rua e o caos estará instalado...
Aí, teremos a sociedade descrita no tal livro que eu li há mais de 40 anos... Uns poucos, muito poucos, donos do mundo, vivendo num fausto e abundância inimagináveis; o resto da população sobrevivendo dos restos que lhe serão atirados do alto dos castelos dourados...
Pesadelo meu? Mesmo não sendo crente rezo para que seja apenas isso...
Zé Muacho
Enquanto lia este artigo, pousei os olhos por acaso na lombada do livro de Naomi Klein, The Shock Doctrine, e ocorreu-me uma dúvida: não será esta crise uma encenação da oligarquia, como o 11 de Setembro e a guerra do Iraque, para encher de medo as pessoas e as levar assim a aceitar regimes autoritários?
ResponderEliminarTemo que seja mais isso que outra coisa qualquer. Depois de um crash como o que tivemos recentemente, o óbvio que se deve fazer é, como em 1929, começar tudo de novo e tentar mudar o modelo de desenvolvimento, ou, pelo menos, adequa-lo às necessidades. O que mais assistimos nestes dias? À tentativa de revitalização de um sistema moribundo. À custa do quê? Do silêncio de uma população mundial demasiado preocupada com a sua sobrevivência para levantar um dedo que seja.
ResponderEliminarE convém mantê-la aterrorizada.
Já aqui disse por várias vezes que discordo abertamente da opinião do Kaos quanto às nacionalizações. Penso que são apenas maneiras de enriquecer gente, da mesma forma, só que dentro do Estado anafado e gordo. Entregar a gestão das empresas aos trabalhadores, apesar de eu duvidar que tenha consequências operacionais muito mais graves do que aquelas que assistimos hoje, seria um factor decisivo de ruptura social, como tão bem ficou expresso nos dias negros do PREC. Mas alguma coisa tem de mudar. Não podemos continuar com esta gentinha à frente do destino de milhões de pessoas, e não falo de governos.
cirrus:
ResponderEliminarTambém vivi a experiencia do PREC, mas continuo a acreditar que é possivel a autogestão. Temos é de a fazer com mais cabeça e menos entusiasmo que no após revolução. Quando falo do estado, não falo deste estado, mas de um mais democrático, composto por gente de bem e que esteja ao serviço dos cidadãos. Não é impossivel se criarmos os mecanismos de controlo democrático adquados. Claro que também a comunicação social terá de estar ao serviço dos cidadãos e não dos grandes grupos económicos. Continuarmos assim é que não nos leva a lado nenhum a não ser uma ditadura, muita miséria e fome.
O periodo negro do PREC?Pra quem era 'elite',os q estão no Poder,era!
ResponderEliminarCurioso,do sr.Cirrus não falar do capitalismo e do seu caracter predador e bárbaro e ir na prop reaccionária.O maior aumento do poder de compra dos portugas foi nessa altura e,não foi por acaso....Ahn ahn!Porquê,porquê?
O aumento do poder de compra no PREC foi feito à custa da distribuição do que estava nos cofres do Estado. Foi todo distribuído até não sobrar nada. Não se deveu ao aumento da produtividade, ou à ampliação da actividade fabril. Não houve inventos, nem patentes, só houve o aumento da classe política, que até hoje nunca mais parou de crescer, e que se prepara para crescer ainda mais à custa da regionalização.
ResponderEliminarO que não falta por este mundo fora são exemplos de empresas do Estado bem geridas! O Estado por ser Estado, não é necessariamente mau gestor ou mau patrão.
Infelizmente a classe política portuguesa é reles, e com esta gente não se vai a lado nenhum. E um Estado com esta escumalha ao leme é, e será sempre, um Estado pimba.
Pôs um dedo na ferida, meu caro Anónimo!
ResponderEliminarQuanto ao outro anónimo, olhe, que quer que lhe diga? Que o PREC foi excelente para todos? É que não foi, e muito menos para aqueles que diz viram aumentar o seu poder de compra. Por quanto tempo isso aconteceu? Ainda mais importante, à custa de quê? E, por último, quais as consequências?
Quer voltar a esses tempos? Eu passo, obrigado. Depauperado já o país se encontra, não precisa de demagogias desse género, nem de caos social. Não tenho prazer nenhum em ver alguém sofrer, como alguns fanáticos políticos. Só precisamos de uma coisa: de gente séria.
Cirrus
ResponderEliminarnão poderia concordar mais com o que disseste. Aontece porém, que essa gente séria que tu falas e bem não existe na politica. Falamos talvez de uma refundação do sistema. Utópicamente acreditava que um Governo deveria ser composto pelas pessoas mais competentes, independentemente da cor politica. Agora, já nem acredito nisso. Acredito sim que um País deve ser constituido por ideias e valores e não por interesses e favores.
Quanto às nacionalizações são um erro tremendo, sejam elas quais forem, pois o que vai acontecer é que quando começarem a dar lucro e estiverem sustentaveis, serão privatizadas. Esta história de manter os pesos mortos e venderem as empresas rentaveis é um absurdo inexplicavel.
Vou roubar este post:-)
ResponderEliminarabraço
http://Anitanosupermercado.vox.com
As Empresas estão a fechar as portas: umas para sempre, sufocadas pela concorrência das novas potências do oriente; outras porque deslocaram para lá as suas produções industriais (basta reparar nas etiquetas "Made in China", Made in Thailand",... que figuram nos produtos que compramos). Não admira! não há qualquer hipótese de sucesso apostando na livre concorrência económica com países cuja mão de obra tem um valor insignificante no preço final do produto acabado e sem compromissos de defesa do ambiente. Eis o resultado da globalização desleal e selvagem que os "génios" das ciências económicas nos levaram e que alguns ainda continuam a defender apesar do caos que causaram.
ResponderEliminarA situação não é boa para os cidadãos ocidentais, que só podem esperar regressão social, nem para os do oriente porque os seus países, para poderem exportar para ocidente, não foram obrigados a adoptar padrões sociais que lhes porporcionem um melhor bem estar.
Não ajudas às Empresas que anulem esta desvantagem, nem outros truques e é de lamentar que os dois principais partidos portugueses: PS e PSD sejam grandes defensores desta globalização.
Zé da Burra o Alentejano