sábado, março 04, 2006

Ora essa, Sr. Daniel Bessa

O economista Daniel Bessa propõe algumas medidas para melhorar a consolidação orçamental em Portugal. Entre elas está o fim do salário mínimo e do subsídio de desemprego.
Em entrevista ao «Semanário Económico», o economista diz ainda que a vida activa não pode deixar de ser prolongada.
Citando uma discussão em curso na Alemanha, Daniel Bessa diz que «as pessoas têm de trabalhar e têm que o fazer enquanto o mercado tiver condições de lhes pagar e se isso as põe abaixo de mínimos considerados indispensáveis, o Estado tem que acudir (...) Imagine uma pessoa que ganhe 5 mil euros por mês e que, de repente, fique desempregado. A solução que temos diz que esse senhor vai à procura de um emprego compatível e enquanto não arranjar 5 mil euros por mês, está no subsídio de desemprego. Não sei se podemos pedir a uma sociedade inteira “e eu estou a dar um caso extremo e demagógico” que suporte isto. Porque a pessoa talvez não consiga 5, mas talvez consiga 4 ou 3 mil euros por mês e pode ter um modo de vida decente».

Se há classe que me irrite mais é a dos economistas. São, talvez, a classe mais desumana e impiedosa do planeta. Para eles as pessoas nada mais são que números, que somam ou subtraem e se necessário se apagam. Imagino até que, vejam as suas mulheres e filhos, como meras despesas dedutíveis em sede de IRS. Até cada fornicadela que dão deve ser contabilizada no défice energético e o seu custo adicionado às despesas relativas à alimentação. E, o pior de tudo, é que são uma espécie que se multiplica com muita facilidade, mesmo em cativeiro. Desenvolvem-se tresandando, todos eles, a neo-liberalismo aprendido nas universidades de economia capitalista catolizados por gente como Cavaco Silva. Uns vómitos. (Peço desculpa aos poucos economistas que não cabem nesta definição, mas as excepções não fazem, só confirmam as regras).
Oh Sr. Daniel Bessa. Acabar com o salário mínimo? Quem o oiça até parece que estamos a falar de uma grande fortuna. Parece que não o informaram ainda que a escravatura já foi abolida em Portugal em 1869. Para garantir uma melhor produtividade, em vez de a preocupar com a melhoria das qualificações (e consequente melhoria de vida dos trabalhadores), parece ainda defender a velha teoria dos salários, o mais baixos possível. Com gentalha como você a dar opiniões, como se estivesse a dizer uma grande coisa, não podemos nós dormir muito descansados. Isso é um facto.
Defende, V. Sumidade também, o fim do subsidio de desemprego. Primeiro afirma a obrigação que todos temos de trabalhar enquanto o mercado tiver condições para me pagar. Não interessa quanto me paguem nem em que condições o vou ter de fazer, sou obrigado a trabalhar (lembrem-se que, para ele, nem haveria salário mínimo). Pior ainda, se com o que me pagarem mesmo assim ainda estiver “abaixo de mínimos considerados indispensáveis” então o estado é que me deve ajudar. O estado poupa portanto em subsídios de desemprego para depois pagar parte do salário dos trabalhadores de forma a colocá-los ao nível do limiar mínimo de pobreza. Será este, portanto, o valor pelo qual todos nós estaremos nivelados. Atingiremos quase a sociedade comunista da classe única, só que neste caso serão três; a de nível zero onde estarão quase todos, a de nível um onde estarão todos os lacaios e capatazes do grupinho dos grandes capitalistas que serão o nível três. Brilhante.
Acaba finalmente por dar um exemplo a que até você classifica como de “caso extremo e demagógico” de alguém que ganhava 5.000 euros mensais e que poderia ter uma vida decente mesmo que tivesse de aceitar um ordenado de somente 4.000 ou mesmo 3.000 euros. Digo-lhe já aqui, e para que não fiquem quaisquer dúvidas, que a grande maioria dos trabalhadores portugueses aceitam a sua proposta, de imediato, se lhes garantir que o nível de miséria em Portugal passa a ser os tais 3.000 euros. O que quer você melhor do que isto?
Afinal, o que você queria dizer, não eram 3.000, mas sim 300 euros, que é quanto o Sócrates se propões pagar aos mais idosos para ficarem no dito limiar de pobreza.
Sr. Daniel Bessa, para terminar, só lhe quero dizer uma coisa: Vá bardamerda.

4 comentários:

  1. Anónimo4/3/06 04:55

    Também o quero mandar à merda. Já somos dois

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  2. Bessa defende a "indianização" da sociedade portuguesa... Mas repare-se como se exclui desta lista... Sendo professor, não anda no mercado de trabalho como nós. Nunca experimentou o amargo sabor do desemprego com 50 anos... Diria o mesmo se sentisse tudo isso na pele?

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  3. Anónimo4/3/06 15:03

    Este gajo não era do PS? Vómito.

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  4. Daniel Bessa é um ex comunista que mudou para melhor pois o que seria deste grande economista se não tivesse dinheiro para economizar.
    Se teimasse na vida de comuna, onde tinha que partilhar por exemplo o ordenado de deputado com o partido.

    Fez muito bem virou-se para os partdios democráticos onde se acolhe os enganados pelo comunismo e se lhes oferece lugares de ministro e depois com os conhecimentos e influências adquiridas ficam empregados em consultores/comentadores não se sabe muito bem de quê auferindo chorudos ordenados.
    Há quem diga comunista uma vez comunista para sempre.
    Uns chamam-lhes rachados outros dissidentes, uma coisa é certa usufruiram em 75 76 viraram a agulha e continuam a usufruir em 2006.
    Se o Bloco um dia ganhar as eleições aí estarão eles a defender não se sabe muito bem o quê mas o seu bem estar e mordomias é de certeza.

    Penalva

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