segunda-feira, abril 17, 2006

Capitalismo: Fuga para a frente a caminho do abismo

Adaptado da obra "Liberty Leading the People" de E.Delacroix,1830

Não sou, felizmente, economista. É até uma raça de gente que me irrita, já que é das poucas profissões onde o errar, mesmo quando prejudica milhões, não é punido. Mesmo, não sendo economista, há certas incongruências que me parecem demonstrar o erro do actual capitalismo reinante. Para além da justiça ou injustiça do sistema, preocupa-me é a sua total insustentabilidade. O modelo baseia-se na ideia da criação de riqueza pelo consumo. Eu dou-te um emprego, pago-te um salário com que tu vais depois comprar os meus produtos, gerando mais valias que poderão ser investidas na criação de mais produtos para tu poderes consumir. No entanto, a cada momento cresce a oferta de produtos e, inevitavelmente, se chega ao ponto em que já não há quem tenha o poder de compra suficiente para garantir o funcionamento do sistema. É então necessário reduzir custos na produção para garantir que os nossos produtos possam ser competitivos. Despedem-se funcionários e reduzem-se salários. Isto faz com que diminua o poder de compra e assim muitas empresas vão à falência criando ainda mais desemprego.
Como fazer então para garantir a venda dos produtos e o funcionamento do sistema?
A solução encontrada passa por um novo negócio, o crédito. Somos todos incentivados a comprar com o recurso ao empréstimo. Compra agora e logo pagarás depois. Enormes campanhas publicitárias garantem a criação do desejo do consumo lado a lado com a oferta de crédito fácil. Perante tantas facilidades o sistema recomeça a trabalhar, até ao momento em que não há já dinheiro para pagar os créditos recebidos.
Globalização, novos mercados, mão-de-obra mais barata num recomeço do ciclo. Para muitos países, como é o caso de Portugal, o “patinar” sem saber como sair da crise que então se instalou, com aumento do desemprego e sem possibilidade de manter os níveis de vida existentes. Mais pobreza e miséria a surgirem sem o estado poder fazer face ao problema devido às regras que próprio capitalismo lhe impõe.
A questão que coloco aqui é a de quando o ciclo também se fechar nos novos mercados que fazer?
O Capitalismo tem utilizado a técnica do fugir para a frente. Quando os problemas surgem, em vez de se pensar nas suas causas, aplicam-se remendos e avança-se inexoravelmente para um fim anunciado. Só que, como o capitalismo também é a filosofia do “eu”, do que se lixem os outros, os de agora e os do futuro. Isto até ao momento em que as sociedades conseguirem travar a explosão de revolta que inevitavelmente se aproxima. Arma-se por isso o capitalismo em nome da defesa contra o terrorismo e da violência, com mais sofisticados sistemas de vigilância e repressão. Procura em nome da segurança formas de controlo da revolta, que como a história já nos demonstrou surgirá, qual tsunami, avassaladora e imparável.

Contribuição para o Echelon: NATOA, sneakers, UXO

4 comentários:

  1. Spartakus:
    Podes usar todas as imagens que desejares. São de todos os que as desejarem.

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  2. Kaos, é um raciocino bastante bem estruturado. Talvez bem demais porque estou para aqui às voltas com os meus neurónios para te dar uma resposta. Não está a ser fácil porque o teu texto está construido à prova de bala.
    Sabes que mais, fiquei em depressão. Sim, o fim não está longe. O que fazer? Não faço a minima ideia. Vou perguntar ao meu irmão, ele é economista. Vamos lá ver se ele lê o teu texto e faz um comentário que nos dê esperança!

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  3. Alien: Só espero que não me venha falar da diminuição do peso do estado. Ultimamente não vejo os economistas falar de outra coisa como solução para os problemas, mas como podes ver não tem nada a ver com o assunto.

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  4. Eles confiam nos seus exercitos, mas até eles se vão voltar contra o patrão.

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