Depois de ter defendido em Outubro do ano passado que o
país aguentava mais austeridade, o presidente do BPI, Fernando Ulrich, voltou ontem ao
tema com um novo argumento:
"Se os gregos aguentam uma queda do PIB (Produto
Interno Bruto) de 25% os portugueses não aguentariam porquê? Somo todos
iguais, ou não?"
"Se você andar aí na rua e infelizmente encontramos
pessoas que são sem-abrigo, isso não lhe pode acontecer a si ou a mim
porquê? Isso também nos pode acontecer". "E se aquelas pessoas que nós vemos ali na rua,
naquela situação e sofrer tanto aguentam porque é que nós não
aguentamos? Parece-me uma coisa absolutamente evidente", rematou o
banqueiro.
O BPI registou lucros de 249,1 milhões de euros em
2012, revelou hoje Fernando Ulrich. Para este resultado contribuiu não apenas a melhoria da
margem financeira e o produto bancário mas também as mais valias da
venda da carteira de divida soberana portuguesa noutro trimestre do ano
que terá ascendido a 160 milhões de euros.
Nem tenho palavras para descrever o que sinto ao ouvir esta cavalgadura vomitar tanta porcaria por aquela bocarra fora. A crise que vivemos é uma crise criada pela desonestidade e ganancia dos Banqueiros, que mesmo depois de atiraram países e os seus povos para situações de pobreza e miséria, vivem no luxo e na ostentação com salários exorbitantes num país onde o ordenado mínimo não chega aos 500 euros, onde todos os dias o desemprego e o desespero crescem exponencialmente. É esta gente que depois tem a lata de vir anunciar lucros de centenas de milhões, na sua maioria conseguidos na especulação coma própria divida do país que eles próprios endividaram. Um país que vive na austeridade mais violenta, que vê todos os direitos dos seus cidadãos serem destruídos vê também os culpados desta situação a serem mimados e ajudados por políticos em negócios e compadrios vergonhosos. E esta gente ainda fala, ainda se dá ao luxo de arrotar disparates e ofensas ao mais simples cidadão. Para eles é normal que alguém perca tudo, caia na mais profunda miséria, vá viver como sem abrigo num beco qualquer em nome de uma crise e de uma dívida pela qual não tem responsabilidade. Pior, ainda se coloca na situação de também ele poder vir a tornar-se num sem abrigo. Uma cavalgadura que ganha mais num ano que muitos portugueses juntos durante toda a sua vida. Mas merecia, merecia que este povo lhe entrasse pelo banco dentro e lhe retirasse tudo o que tem, lhe oferecesse um cobertor e um caixote de cartão e o obrigasse a viver a vida a que tem condenado tantos outros. Devia ter de comer dos caixotes de lixo, dormir na soleira das portas ao frio e à chuva e estender a mão em busca de alguma solidariedade, coisa que ele não sabe o que é. Este canalha não durava um mês, mas diz que todos temos de estar preparados para essa ser a nossa vida. Pulha miserável.