domingo, maio 28, 2006

Um polvo de mãos invisíveis

«O livro foi bem editado, a meio caminho entre os quatrocentos anos do Quixote e o centenário da morte de Freud. É uma homenagem perfeita a dois marcos da nossa história e da nossa cultura. Espero que o Prós e Contras de segunda-feira tenha servido, pelo menos, para que as pessoas tenham percebido a que tipo de cruzada é que estamos a assistir. O discurso de Manuel Maria Carrilho está, neste momento, ao nível de algumas pessoas que são entrevistadas na Rua Augusta para o 'vox-pop' televisivo ou radiofónico: uma ou duas ideias gerais, suspeitas de corrupção e incompetência gerais, tudo controlado por um "polvo" de mãos (ou tentáculos) invisíveis.»
Ricardo Costa in Diário Económico
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Quem oiça esta sumidade da nossa Comunicação Social e director da SIC Noticias, deve ficar com a impressão que vivemos num país onde tudo corre sobre rodas. Corrupção, não existe, incompetência, nem sabemos o que é. Se há quem se refira a esses temas é porque é um simplório, crente nas absurdas teorias da conspiração.
Infelizmente para mim tenho de me colocar nesse número de “patetas” que acredita no “polvo” que tudo controla. Basta-me assistir à televisão de que é director para “imaginar” silêncios comprados, comentadores tendenciosos ou notícias encapotadas.
O Carrilho é o Carrilho e nem vale a pena dizer mais nada. Tem no entanto razão quando fala da falta de isenção da nossa comunicação social. Basta ver a “defesa da honra” feita pelo Ricardo Costa, na estação de que é director, em que contratou diversos comentadores para atacar um livro mesmo antes de o terem lido. Estranha forma de isenção esta que este Sr. usa na “sua” estação de televisão.
Uma coisa, no entanto, é certa, sentiram a picada e todo este “rabear” em torno de um livro, pouco interessante, nada mais é que consciência pesada. Afinal, sabem muito bem como fazem a informação que impingem aos portugueses.
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Contributo para o Echelon: Sayeret Tzanhanim, PARASAR

14 comentários:

  1. Só não percebo porque é que a comunicação social tem de ser isenta. Nos países anglo-saxónicos e até em França (Exemplo: Liberation)é normal os jornais expressarem, de uma forma que me parece perfeitamente normal e legítima, os seus pontos de vista sobre determinado assunto.

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  2. Carrilho cultiva um pedantismo que o torna alvo de caricatura fácil e tem um registo amargo de quem nunca há-de ter qualquer "insight" e muito menos saber rir sobre si próprio. É por isso uma figura antipática que cultiva a vaidade como quadro de projecção mediática.
    Contudo não é preciso concordar com ele para se concordar com a importância das questões por ele levantadas.

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  3. Em Portugal tambén há jornais claramente partidários e nós lemos e concordamos ou não. Mas aqui trata-se de informação que se quer isenta e séria. Depois se for comentada, então cada um diz de sua justiça. É preciso não confundir as coisas. Estou a falar com o jfk...
    O problema no nosso país é que há pouca gente a saber ter opinião e a dá-la, embora parecendo o contrário. (Porque será que são sempre os mesmos a opiniar nos orgão de comunicação social??!!)

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  4. Ó amigo Kaos,
    desculpa lá mas hoje deu-me para comer umas letritas aqui e ali, para acompanhar com o tintol do Douro que vi lá atrás.....ah ah ah
    Saúde!
    Beijinhos

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  5. JFK:
    Não-neutro, não imparcial e não isento diante dos factos da realidade,orientador dos leitores/ espectadores na formação da opinião e formulação de juízos de valores, não é equivalente à manipulação selectiva e indutora de opinião, por via de técnicas publicitárias.

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  6. Jorge Matos, muito, ... muito interessante o seu parecer. Contudo, a meu ver, qq que seja a fórmula, mesmo que devidamente asseguradas, a ética e a deontologia da profissão de jornalista, haverá sempre uma certa manipulação (selectiva e indutora) de opinião. Não tenhamos ilusões. A reconstituição do acontecimento que se pretende noticiar implica sempre uma selecção de apenas alguns aspectos do facto.
    Impossível ... fazê-lo a 100% !
    De todo ...
    É claro que depois cada um dá-lhe as "côres" que mais lhe convém.
    Não menosprezando ainda, que a matéria prima da informação é recolhida de agências noticiosas, que já por si, iniciaram em muitos casos, o processo de selecção e de indução, com vista à manipulação da opinião.
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    Termino, dizendo:
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    Acontecimento e Notícia, são realidades distintas, que "por vezes" coincidem. (lololol ...)
    .
    Mais uma questão de PH !!!!!
    Beijos
    Diana F.

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  7. jfk:
    Concordo, mas então não andem, a apreguar o contrário. Assumam aquilo que são e não procurem enganar os incautos. Só defendo é a verdade e a honestidade em vez da mentira e do clientelismo. Por exemplo eu aqui aquilo que ofereço é a minha verdade e a minnha ideia. Nunca disse nem direi que sou dono da verdade, mas também nunca aceitarei dizer algo que ~me seja encomendado. Sou e só eu.
    um abraço

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  8. Jorge:
    Exactamente o que tenho dito, mas tocou num ponto sensivel. Não fosse assim e não veriamos alguns senhores virem imediatamente em defesa da sua dama. Sabem que estão ali verdades e não gostaram que elas tenham sido mostradas
    um abraço

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  9. tb:
    Foi o que disse ao JFK.
    Quem fala na comunicação social são aqueles que o sistema sabe que vão dizer aquilo que eles querem. Uns porque realmente pensam assim, outros porque aceitam fazer o favor outros simolesmente porque são papagaios.
    bjs

    PS:Com ou sem "tintol", com ou sem falta de letrinhas é sempre um grande prazer "ouvir" o que tens para dizer.
    + bjs

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  10. DianaF.
    è verdade o que dizes, mas também é possível mostrar as diversas "caras" que uma noticia tem. Desde a forma como a noticia é dita até aos comentadores que escolhem tudo é feito para vender uma ideia pré-concebida. Isso não é imprensa livre é manipulação. Só defendo que assumam as "suas" verdades e não gritem "somos isentos e livres". Chega de mentiras. A isto não há pH que resista.
    Bjs

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  11. Nunca ninguém disse que ser jornalista é tarefa fácil. Mas um jornalista deve ser capaz de contar a verdade (ou as várias verdades de uma questão) e fazê-la(s) chegar às pessoas. Se só sabe ser comentador então que se assuma como tal. Se se diz jornalista não pode ser tendencioso, nem ocultar factos, nem pegar na notícia claramente pelo lado que melhor lhe convém para captar audiências. Hoje em dia não há brio nem sequer para confirmar uma notícia antes de a dar. Veja-se ultimamente o caso da bébé desaparecida que se fez há dias constar que aparecera com a detenção de um casal que tinha consigo um bebé... que só depois se veio a saber que era do sexo masculino! Uma vergonha o jornalismo português dos nossos dias!

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  12. Kaotica:
    è o problema das agencias noticiosas de onde a maioria dos nossos jornais e televisões vão beber as noticias. A urgencia de estarem entre os primeiros a dar a noticia faz com que nada seja confirmado. Depois é o que se vê. Isto quando não tentam advinhar não como suposição, mas como certeza. Dá asneira.
    Bjs

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  13. Concordo genericamente com o seu texto. Mas porque é que Kaos acha o livro "pouco interessante"? Leu, ou ouviu dizer?
    Até agora eu li apenas o extenso prefácio. Mas o que li já me permite dizer que é interessante, inteligente e bem escrito.

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  14. roteia:
    Li, e honestamente pareceme que o Carrilho, como homem inteligente que é, poderia ter feito muito melhor. Se não se tivesse centrado tanto na sua pessoa e fosse mais generalista os problemas que levantou sobre a comunicação social seriam mais acutilantes. Assim permite que "distraiam" o verdadeiro problema misturando assuntos pessoais.
    Desde que surgiram as noticias sobre o livro, que tenho tentado, em alguns posts, chamar a atenção para aquilo que realmente ele tem de importante. Talvez pela formula utilizada, ou por as pessoas engulirem muito facilmente o que lhes é vendido, tenho notado que a antipatia com a pessoa tem feito a maioria olhar mais para o superficial. É pena.

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