sexta-feira, julho 28, 2006

Vasco Graça Moura - O que aprendi e o que sei

Li um artigo do Vasco Graça Moura e fartei-me de aprender:
Aprendi que "se assiste a um inacreditável branqueamento do terrorismo".
Aprendi que como não concordo com muito do que diz sou um pós-soviético.
Aprendi que os pós-soviéticos "disseram lamentar a chacina do 11 de Setembro, mas no íntimo rejubilaram".
Aprendi que "não faltaram malabarismos intelectuais repugnantemente apologéticos".
Aprendi e fartei-me de aprender à medida que ia lendo coisas como a de que "os pós-soviéticos descontextualizam tudo".
O que não aprendi, porque já o sabia, é que não gostava, e continuo a não gostar, de quem usa “palas” e divide o mundo em quem está comigo ou é meu inimigo.
Sabia que não gosto de quem me diz que tenho de viver num mundo a preto e branco.
Sabia que não gosto de quem me chama pós-soviético. Não gosto de quem me põe rótulos.
Sabia que não gosto dele, sabia e ainda sei.
.
Contributo para o Echelon: Electronic Surveillance, MI-17

13 comentários:

  1. e somos dois!...
    Bjinhos

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  2. E eu sei que nunca gostei nem nunca vou gostar do que diz e escreve esta personagem quando fala de política.
    Simplesmente deixei de o ler há muito tempo.
    Não suporto os enjôos.
    Bjinhos

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  3. tb:
    É bom quando nos deixamos de sentir sós, embora neste caso não duvidasse que haveria muitos a quem ele também irritasse.
    bjos

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  4. Carminda:
    Eu também não sou seu leitor habitual, mas como estou de férias tentei ler coisas diferentes. Foi bom, porque ainda não tinha mostrado no meu blog o meu desgrado por tal figurão.
    bjinhos

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  5. Tenho aprendido que este gajo não tem graça nenhuma...

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  6. luikki:
    Obrigado, mas eu realmente não gosto nada deste tipo. Representa a cultura mentirosa.

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  7. mentecapto:
    Realmente este nem me faz rir como outros "cultos" que por ai andam
    um abraço

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  8. olha, não tenho opinião..

    uma vez tentei ouvir uma entrevista dele e achei-o um valente chato. fiquei por aí..

    bjinhos

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  9. Esteva:
    Realmente o saber não é tudo. Há que se ter uma consciencia social e ter a possibilidade de imaginar o que será estar em certas situações. Esta gente nunca deve ter brincado ao faz de conta quando eram miudos e ficaram amargos e tristes.
    Quando à Rice e ao Bush já tenho feito algumas imagens, mas até a mim me repugna mexer em tal porcaria.
    bjinhos

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  10. Cristina:
    Imagina alguem 20 vezes pior que o Pacheco Pereira com a mentalidade de um Aznar. Uma coisa horrivel que destila veneno por todos os poros.
    bjinhos

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  11. Belo texto!!!
    E o comentário da Estyeva é a cereja em cima do bolo.
    Obrigado aos dois.
    Quanto ao figurão, é o ideólogo do cavaco ele e a bruxa da areosa, e os dois cadáveres do teatro a eunicinha e o ruizito que se venderam por 10 réis de mel coado.
    enfim um monte de merda.

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  12. samu:
    Obrigado pelo teu apoio. Também gostei muito do comentário da Esteva. Até hoje tinha deixado este figurão de fora, porque tinha deixado de o ouvir, mas quando li o artigo não aguentei mais. Gente que se pensa muito culta, mas que confunde saber com viver.

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  13. ”A escola que temos não exige a muitos jovens qualquer aproveitamento útil ou qualquer respeito da disciplina. Passa o tempo a pôr-lhes pó de talco e a mudar-lhes as fraldas até aos 17 anos. Entretanto mostra-lhes com toda a solicitude que eles não precisam de aprender nada, enquanto a televisão e outros entretenimentos tratam de submetê-los a um processo contínuo de imbecilização. Se, na adolescência, se habituam a drogar-se, a roubar, a agredir ou a cometer outros crimes, o sistema trata-os com a benignidade que a brandura dos nossos costumes considera adequadas à sua idade e lava-lhes ternurentamente o rabinho com água de colónia. Ficam cientes de que podem fazer tudo o que lhes der na real gana na mais gloriosa das impunidades. Não são enquadrados por autoridade de nenhuma espécie na família, nem na escola, nem na sociedade, e assim atingem a maioridade. Deixou de haver serviço militar obrigatório, o que também concorre para que cheguem à idade adulta sem qualquer espécie de aprendizagem disciplinada ou de noção cívica. Vão para a universidade mal sabendo ler e escrever e muitas vezes sem sequer conhecerem as quatro operações. Saem dela sem proveito palpável. Entretanto, habituam-se a passar a noite em discotecas e noutros proficientes locais de aquisição interdisciplinar do conhecimento, até às cinco ou seis da manhã. Como não aprenderam nada digno desse nome e não têm referências identitárias, nem capacidade de elaboração intelectual, nem competência profissional, a sua contribuição visível para o progresso do país consiste no suculento gáudio de colocarem Portugal no fim de todas as tabelas. Capricham em mostrar que o "bom selvagem" afinal existe e é português. A sua capacidade mais desenvolvida orienta-se para coisas como o /Rock in Rio/ ou o futebol. Estas são as modalidades de participação colectiva ao seu alcance e não requerem grande esforço (do qual, aliás, estão dispensados com proficiência desde a instrução primária). Contam com o extremoso apoio dos pais, absolutamente incapazes de se co-responsabilizarem por uma educação decente, mas sempre prontos a gritar aqui-d'el-rei! contra a escola, o Estado, as empresas, o gato do vizinho, seja o que for, em nome dos intangíveis rebentos. Mas o futuro é risonho e é por tudo o que antecede que podemos compreender o insubstituível papel de duas figuras como José Mourinho e Luiz Felipe Scolari. Mourinho tem uma imagem de autoridade friamente exercida, de disciplina, de rigor, de exigência, de experiência, de racionalidade, de sentido do risco. Este conjunto de atributos faz ganhar jogos de futebol e forma um bloco duro e cristalino a enredomar a figura do treinador do Chelsea e o seu perfil de /condottiere/ implacável, rápido e vitorioso. Aos portugueses não interessa a dureza do seu trabalho, mas o facto de "ser uma máquina" capaz de apostar e ganhar, como se jogasse à roleta russa. Scolari tem uma imagem de autoridade, mas temperada pela emoção, de eficácia, mas temperada pelo nacional-porreirismo, de experiência, mas temperada pela capacidade de improviso, de exigência, mas temperada pela compreensão afável, de sentido do risco, mas temperado por um realismo muito terra-a-terra. É uma espécie de tio, de parente próximo que veio do Brasil e nos trata bem nas suas rábulas familiares, embora saiba o que quer nos seus objectivos profissionais. Ora, depois de uns séculos de vida ligada à terra e de mais uns séculos de vida ligada ao mar, chegou a fase de as novas gerações portuguesas viverem ligadas ao ar, não por via da aviação, claro está, mas porque é no ar mais poluído que trazem e utilizam a cabeça e é dele que colhem a identidade, a comprazer-se entre a irresponsabilidade e o espectáculo. E por isso mesmo, Mourinho e Scolari são os novos heróis emblemáticos da nacionalidade, os condutores de homens que arrostam com os grandes e terríficos perigos e praticam ou organizam as grandes façanhas do peito ilustre lusitano. São eles quem faz aquilo que se gosta de ver feito, desde que não se tenha de fazê-lo pessoalmente porque dá muito trabalho. Pensam pelo país, resolvem pelo país, actuam pelo país, ganham pelo país. Daí as explosões de regozijo, as multidões em delírio, as vivências mais profundas, insubordinadas e estridentes, as caras lambuzadas de tinta verde e vermelha dos jovens portugueses. Afinal foi só para o Carnaval que a escola os preparou. Mas não para o dia seguinte.
    Vasco Graça Moura”

    "Por culpa de intelectualóides parvalhões como este gajo é que o país não avança. Senão vejamos:
    O fim do serviço militar obrigatório colocou Portugal na linha da frente dos países que consideram que o homem não deve nascer soldado. Se alguma coisa se aprendia no felizmente extinto S. M. O. era a roubar, a obedecer cegamente a ordens estúpidas, a abusar da autoridade e, sobretudo, a meter a cunha para livrar da tropa ou para passar à frente dos outros nas promoções. Quem por lá passou há-de concordar comigo, palpita-me que este palerma não sabe do que está a falar.
    Se dermos uma voltinha pelos países europeus veremos que em todos eles os adolescentes têm uma vida similar à dos portugueses, com a diferença de terem mais euros no bolso e de já estarem fora da alçada dos pais. Acho que V. G. M. tem saudades do tempo em que só os meninos bem tinham possibilidades de viver assim, os outros começavam a trabalhar aos doze anos; ou então inveja por não ter feito essa vida quando era jovem porque ninguém estava para o aturar, e não a poder fazer agora porque já mija para os chinelos.
    E não, doutor por extenso, já não existe “instrução primária”: desde a primeira reforma no ensino depois do 25 de Abril que o Professor deixou de ministrar instrução e passou a ser educador, para grande tristeza sua, suponho. É que acabando a primária o vulgar cidadão era logo promovido a operário, enquanto que betinhos como o doutor seguiam ao colo por esses liceus e por essas faculdades fora.
    Não entendo muito de futebol, mas estes ataques a Mourinho e a Scolari soam--me a dor de cotovelo de um intelectual frustrado que passa a vida a sonhar com “rabinhos” de adolescentes.
    Muito mais tinha para dizer, mas não me quero tornar chato (a coisa pega-se). Só quero salientar que, para não variar, a culpa acaba sempre por ser dos Professores, o que só revela que V. G. M. afina pelo diapasão socrático (político, não filosófico), tanto quanto me parece numa tentativa de namorar o poder e voltar a derreter o seu sebo por esses jet sets televisionáveis.
    Para responder ao fecho da crónica, é da competência da Igreja Católica e não da Escola preparar os jovens para a Quarta-feira de Cinzas, se é que é a esse dia que V. G. M. se está a referir (deve ser, as suas vistas curtas continuam a não ter cura).
    Ermesinde, 14 de Março de 2007
    Jorge Seabra"

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