terça-feira, maio 27, 2008

Raça de gente

Medina Carreira

O Arlequim do Picasso, que neste caso é um arlequim mas também um Napoleão incompleto, como incompleto é o humanismo desta gente

Começo por dizer que ouvi partes do “Prós e Contras” de ontem e por isso me encontro ainda em estado de choque. Já bebi um bagacito, já tentei racionalizar aquilo que me vem à cabeça, já me distrai a pensar na imagem a colocar e ainda não me sinto suficientemente calmo para escrever aqui. A falta de vergonha, a desfaçatez daquela gente, perante a realidade é assombrosa. Da Fátinha ao Medina Carreira, passando pelo Basílio Horta e por uma tenebrosa velha carcaça que disse barbaridades, tudo aquilo foi um desfilar do capitalismo, do desprezo e desrespeito por todos nós. Safou-se um de Barbas, (que vim depois a saber ser um ex-deputado Europeu do PCP) que ainda disse uma ou duas mais acertadas e humanizadas. Aquela gente não presta, aquela gente não olha para nós como pessoas, somos coisas, números, instrumentos para seremos utilizados para lhes resolver os problemas deles. Cheguei a ouvir que a crise dos preços que atravessamos devia ser aproveitada para aprofundar ainda mais a lei do trabalho, que deveria ser ainda mais penalizante para quem trabalha. Ouvi dizer que não há capitalismo sem crises, mas que também é o único sistema capaz de as resolver, que não concordam com impostos sobre as grandes fortunas, mas defendem antes a solução de a saúde e educação passarem a ser pagas por quem dela necessita. Vi-os preocupados com a segurança, com a necessidade de a reforçar, como se muita da criminalidade não provenha exactamente da pobreza e da miséria que preconizam como necessária. A velhinha carcaça que lá estava, resolvia a crise esperando que ela passe, como se de um aguaceiro se tratasse. Quem não tiver abrigo, paciência, problema deles.
Esta gente não presta e tenho feito um esforço para não lhes chamar os nomes que merecem, mas nada garante que a mãe deles tenha tido alguma culpa. Esta gente não presta e é esta gente que quer determinar qual o país que devemos ter.

Contributo para o Echelon: Electronic Surveillance, MI-17

10 comentários:

  1. "Se o Dantas é português
    Eu quero ser espanhol"

    Eu, que até nem gosto dos espanhois, começo a dizer o mesmo.

    Parabéns...atrasados, mas Parabéns, na mesma!

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  2. Eles, os de ontem, nos (mais) prós e (quase nada) contras, eles são os rostos da crise : crise de solidariedade ... CRISE DE VALORES (sobretudo) HUMANOS.

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  3. Pois é, por essas e outras é que eu já não consigo ver essa merda de programa e sobre o ultimo que vi mandei mail para a rtp.
    A jornalista não é isenta, os convidados regra geral são arrogantes.

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  4. Há, há, há !...

    Kaos, eu já não tenho paciência para as famosas palestras da Fatinha e ainda mais com aquela corja !

    Se eu ainda desse importância suficiente para me atrever a ver a destilaria porno/tóxico também estaria, seguramente, em estado de choque !

    Se o sistema está todo mal, não foi também por culpa dessa gente que também mamou nos tachos do poder ? Se assim foi, não me parece que eles estejam assim tão mal, mas opinar da facilidade de soluções de erros próprios, cheira-me a cantiga do bandido.

    Eles que vão a enganar quem quer ser enganado !

    Zendo_55

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  5. Liguei durante 1 minuto e vi a cota prof universitária e mandei-a logo à merda.Não é desta classe-a exploradora e opressora que virá as soluções para os nossos problemas.Aliás,eles fazem parte do problema!!!

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  6. Pois é , concordo com tudo o que disse e com os comentários. O grande problema é que, de certa forma, as pessoas acham que o que aquela gente diz, até faz sentido.

    Fazer sentido, até faz, mas é na limitada, ou, se calhar, perversa, perspectiva deles.

    Infelizmente a maior parte das pessoas, pensa que tudo isto é inevitável. As pessoas, no geral, não estão habituadas a reflectir sobre o que quer que seja e, desde que não estejam a viver muito mal, isto é, desde que possam ter um carrito mais novo do que o do vizinho e um televisor extra-plano, mesmo que pago em muitas prestações, está tudo bem.

    Reparem no sucesso que tem as apregoadas descidas de impostos!
    Toda a gente se queixa com o peso dos impostos e só muito poucos, se preocupam com o que é feito com os nossos impostos.

    Infelizmente, no nosso país, as pessoas condenam mais por inveja os predadores da sociedade do que por questões de decência e honestidade. No fundo, muita gente só tem pena de não ter esperteza suficiente, para serem como eles.

    Não é por acaso que, nos países em que a honestidade, em termos de conduta social, é quase um valor sagrado, a qualidade de vida é a melhor. Estou-me a referir, naturalmente, aos países nórdicos.
    Por coincidência, ou talvez não, é lá que se pagam os impostos mais altos!

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  7. O último programa que vi foi o da educação e sempre a mudar porque ouvi a voz da F*t*m* (até me custa escrever o nome)altera-e a tensão arterial, mas ainda bem que o Kaos os vê, assim temos estes "quadros" imperdíveis.
    Parabéns

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  8. Podemos fazer uma S.I.P. (Sociedade de Importação de Políticos), e mandar estes para estágio nos Bijagós?

    ;)

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  9. Eu gostei muito da intervenção do Sérgio Ribeiro do PCP. Quando a Fátima Lopes lhe pergunta como é que o que ele disse se enquadra neste sistema e ele responde "A questão é essa. Não se enquadra neste sistema. É preciso é outro sistema que responda de facto aos problemas das pessoas. O capitalismo já provou que não resolve os problemas, agrava-os.

    Dizer que são todos iguais depois de ouvir esta resposta é injusto.

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  10. Esta coisa de que "todos são iguais" serve para escamotear o facto de não serem, Ana. Efectivamente o Sérgio Ribeiro disse o que faltava ser dito e congelou aquela gente com o que disse: a verdade.
    Por isso foi o que menos falou.
    Por isso, também, o post aqui do kaos não faz suficientemente justiça ao que se passou, porque a verdade, desta vez, andou por lá, por esse programa em geral execrável.
    Prefiro acreditar que o kaos não fez essa mistura de propósito, mas continuo a achar que ele é sempre demasiado tímido quando se trata de elogiar as figuras do partido que defende, de facto, na teoria e na prática, o tal outro sistema.

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