quinta-feira, setembro 18, 2008

A fogueira do capitalismo

Falencia do capitalismo

A imagem que tenho do capitalismo, para além da miséria, da guerra, da injustiça, da morte e de um anafado porco de cartola e charuto a contar dinheiro, é a do fogo. Um fogo que é tanto mais brilha quanto mais rapidamente que tudo consome numa verocidade que nem ele controla. Sempre que se consegue libertar acaba por se consumir a si próprio, por se destruir, por queimar tudo aquilo que lhe dá vida, a matéria de que se alimenta. Estamos numa dessas alturas e, com a liberalização dos mercados, a globalização e a ganância da especulação, libertaram o monstro autofágico, que rapidamente se consome. O pior disto tudo é que na sua própria auto-destruição, no esturpor da morte não se coibirá de tudo arrasar, de tudo sacrificar para sobreviver mais uns breves instantes.
A queda dos mercados é o rebentar dessa espiral de lucro desenfreado e o vermos o estado mais capitalista do mundo, os EUA, a fazerem nacionalizações, não deixa de ser caricato. Claro que, aquilo que está a nacionalizar são prejuízos, a transferi-los para os cidadãos ao mesmo tempo que os Bancos Centrais de todo o mundo colocam nas mãos dos mesmos especuladores que criaram a crise, muitos mais mil milhões que todos acabaremos por ter de pagar.
Quando iremos todos entender que este tipo de sociedade, que todo este consumismo, toda esta competitividade não pode sobreviver. Quando irão os povos deste mundo decidir que chegou a hora de dar a volta a isto, de fazer deste mundo um lugar onde todos possamos viver em paz e em solidariedade. Teremos certamente de perder muitas das mordomias e confortos que temos agora, mas pelo menos poderemos ter a esperança de ainda haver um amanhã.

Contributo para o Echelon: Electronic Surveillance, MI-17

8 comentários:

  1. Talvez nas próximas gerações.
    Para que tal aconteça temos de fazer algo, temos de ter a coragem suficiente para denunciar e lutar, temos de preparar os nossos filhos vs netos para a luta, dizer-lhes que o mundo, este mundo de merda não é o que lhes dizem, dizer-lhes no fundo a verdade.

    Abraço

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  2. Não diria que é a falência do capitalismo, mas a falência da perversão do capitalismo a que dão o nome de globalização e neoliberalismo.

    Basta ver duas notícias de ontem:

    O défice da balança de conta-corrente dos EUA aumentou no segundo trimestre para o valor mais elevado de um ano;

    Zona Euro: Défice da balança comercial aumenta para valor recorde.


    Esta situação das duas maiores economias do mundo não se pode perpetuar e a tendência será inevitavelmente para se agravar, se prevalecer o livre comércio internacional, pondo em competição economias muito desiguais, em que acabarão por vencer os países onde não há direitos sociais e onde se trabalha em troca de uma malga de arroz.

    Começamos a importar produtos baratos da China e acabaremos por importar os baixos salários e a miséria desses países, se se quiser continuar a fingir que isso não acontecerá.

    Não creio haver actualmente alternativa ao capitalismo, mas cada um (cada país) mandando na sua casinha.

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  3. O mais giro é que isto já estava previsto, visto e revisto e não tem graça nenhuma....
    Mas essa tuua ideia do capitalismo é igualita á minha.
    Mas sim acredito que está a dar as ultimas, isto só pode mudar...

    beijos

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  4. Gostei do post (como de todos aliás). Há 20 anos os jornais e comentadores anunciaram o fim do comunismo como ideologia será que algum terá coragem para anunciar o fim do capitalismo? já ninguém acredita nesta gente mas todos sentem-se impotentes para poder mudar algo. Também sei que vai haver um dia em que as coisas vão mudar.
    Não é por se nomear uma coisa que ela passa a existir, mas nomear-se-a já é um passo.
    O capitalismo está a chegar ao fim.

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  5. Já comentei noutro blogue este tema e repito:
    Os senhores do poder não venham com a conversa que "ninguém esperava uma coisa assim", porque quem perceber o mínimo de gestão adivinhava o que estava para vir. As práticas de gestão estão completamente corrompidas: salários astronómicos para os CEO's, aquisições a toda a hora apenas para crescer, operações sem sustentabilidade, vendas sem garantias, muita especulação e pouca produção, e um looooooongo etc...
    Resta-nos ter esperança no futuro.

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  6. ap:

    Os mercados financeiros antecipam em vários meses as tendências do ciclo económico.

    Há mais de um ano que as bolsas entraram em tendência descendente de longo prazo.

    Logo, não é preciso ter uma bola de cristal para perceber que isto ia acontecer na economia real.

    Ainda não compreendo as palavras de Teixeira dos Santos sobre a sua surpresa, principalmente tendo a formação académica que tem e tendo exercido os cargos que exerceu.

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  7. Tino:o teixeira dos santos não tem tino.
    Ferroadas: não podemos dizer que é hoje ou daki a gerações que isto vai cair.Caia já hoje se as tipografias da MAFIA da gravata não estivessem a trabalhar a todo o gás o para lhes salvar a pele ,podemos ver o actual conceito de democracia,igualdade,liberdade que é o dos gajos do roubo...!
    Quem sabe que ao injectar dinheiro falso(pq não corresponde à riqueza criada) não será como a água a infiltrar-se numa encosta de grande clive e, de repente,sem ninguém esperar venha tudo abaixo.Na URSS as coisas se precipitaram com estupefacção dos 'estudiosos' do fim da estória.
    O que será quando na Europa os salários e nivel de vida cairem para niveis do século XIX?
    Sabe?Não sabe!E os gajos de Bilderberg,sabem?

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  8. Que o capitalismo está confuso e desmoralizado, não restam dúvidas. A grande pirâmide de aberrações financeiras, cuja existência só faz sentido nas cabeças lunáticas que habitam Wall Stret, entrou em colapso. Perante a catástrofe, os banqueiros centrais mostram-se impotentes, e já pouco ou nada controlam. Estes infâmes, que perderam quase todo o ouro que o povo dos nossos países lhes confiara a guarda, de nada mais dispõem para enfrentar a tempestade, a não ser emitir mais papel. Criam, do nada, dinheiro-de-papel (sem nenhum ouro por trás, ou economias produtivas que o sustentem), para alguns meses depois pedirem-no de volta emprestado a árabes, russos e chineses, depois de o terem usado para pagar a importação de produtos que o Ocidente já não produz. O capitalismo ocidental está, verdadeira e completamente, falido. É um castigo merecido. Como escreveu o Cesário Verde:

    Mas cuidado, mylady, não se afoite,
    Que hão-de acabar os bárbaros reais,
    E os povos humilhados, pela noite,
    Para a vingança aguçam os punhais.

    E um dia, ó flor de Luxo, nas estradas,
    Sob o cetim do Azul e as andorinhas,
    Eu hei-de ver errar, alucinadas,
    E arrastando farrapos - as rainhas!

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