domingo, outubro 12, 2008

Crise, qual crise?

Burning money

Esta gente está em pânico com a ver o seu mundo a ruir. Só estranho é a surpresa de alguns quando até um leigo nos assuntos de economia há muito o pudesse prever, não fosse o capitalismo voraz e autofagiaco. Para alguns existe a esperança que isto possa pelo menos servir de lição e que não lhe dêem rédea solta como foi feito com vitória do liberalismo a euforia da globalização, que a selvajaria deixe de ser tão grande. Eu, infelizmente não acredito nisso e se não forem as populações a fazer a revolução tudo voltará a ser como era ou ainda pior. Eles têm as impressoras que fazem o dinheiro, eles podem sempre financiar a sua recuperação e atirar com os custos para cima de nós. Todos ficaremos mais pobres e eles ainda mais ricos.
Este sistema já provou que não serve, que cria o desemprego, os salários baixos e alarga o fosso entre os muitos, muito pobres e os cada vez menos mais ricos. Um sistema que coloca o politico ao serviço do económico, um sistema que é capaz de se tornar numa autêntica fonte a jorrar dinheiro quando é para salvar os mais ricos e um forreta quando é para acabar com a pobreza, a fome e a miséria.
Quando nos falam de milhões esse é o som que nos fica na cabeça, mesmo quando o número é muito maior, na ordem das centenas de milhares de milhões. Quando ouvimos que os fundos comunitários que Portugal tem para receber até 2013 são na ordem dos 16 mil milhões não podemos ficar surpreendidos quando alguns países dessa mesma Europa têm dinheiro para gastar duzentos ou trezentos milhares de milhões de Euros só para salvar um banco. Mais ainda quando o começamos a multiplicar por dezenas de bancos um pouco por todo o lado. Claro que tudo isto são números tão grandes que nem os conseguimos entender muito bem, sobretudo se andamos preocupados a procurar uns euros que possam ter ficado perdidos num bolso do casaco para pagar a conta do supermercado ou mais algum imposto que nos entrou pela caixa de correio.
Digam-me lá se isto não está a precisar mesmo que os defenestremos a todos?

Contribuição para o Echelon: Kwajalein, LHI

14 comentários:

  1. Yeah!Esses filhos da puta de criminosos defenestrados ou encostados à parede.O que é preciso é que deixem este mundo ao qual tão mal têm feito.Não estou a ser radical,pq se atira um tiro nos cornos dum pilha galinhas então nestes q roubam e matam em nome da democracia....do capital

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  2. Eu espero que esta crise, se for para ser dura que seja mais dura para quem está em cima, até porque quem está em baixo, não tem muito a perder. Sim, já percebemos que o Capitalismo não funciona, Precisamos de uma nova ordem mundial, JÁ!

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  3. Muitas vezes, deparamos nos mais diversos sítios com uma correlação que, de tão repetida, quase até à exaustão, se torna quase credível: a democracia só é compatível com um único sistema económico: o capitalismo. Esta questão tem muito que se lhe diga. Ainda por cima, os outros sistemas também foram correlacionados: o fascismo com o corporativismo e o socialismo com o comunismo.

    Aqui há dias, ouvi uma frase que me fez pensar: a democracia é o menos mau dos sitemas políticos. Ora, isso quererá dizer, provavelmente na boca de quem pensou esta afirmação, que o capitalismo será o menos mau dos sistemas económicos.

    Não duvido dos méritos da democracia, mas duvido, como sempre duvidei, dos méritos do capitalismo. Enquanto o sistema gira em redor de bens tangíveis, como a lei da oferta e procura, dos custos de produção, de margens de lucro mais ou menos sensatas, bem, aceitemos que o capitalismo pode funcionar. Chama-se a isto o funcionamento do mercado.
    O problema surge quando o sistema passa esta palavra (mercado) para um nível totalmente diferente, o dos mercados financeiros. Aqui, as regras de mercado não funcionam, tudo gira à volta da especulação e da ganância pura e dura. Já não se pode falar de margens de lucro, mas sim de ganhos. O problema é tanto maior quanto instituições mais ou menos sujeitas às regras normais passam a ser inteiramente dominadas pelas obsessões dos seus gestores em conseguir bons resultados na bolsa. Aí, surgem os verdadeiros problemas.

    Para piorar as coisas, numa acepção puramente económica, do ponto de vista do trabalho e produção, a bolsa simplesmente nada produz, vivendo antes às custas de todos nós, aqueles que ainda se lembram de ir trabalhar todas as manhãs de dias úteis, e até dias "inúteis". A bolsa é, de facto, o local onde se pode encontrar a maior concentração de animais estranhos, sugadores de líquidos vitais: sanguessugas, ténias, vampiros e carraças. Nem sei se me esqueci de algum. Provavelmente, sim.

    Pelo exposto, tenho apenas um acrescento: eliminem as bolsas e verão como a lei do mercado, da oferta e procura, pode funcionar, mais ou menos, de forma satisfatória. Não seria o paraíso na terra, mas talvez soubéssemos com o que contar amanhã. E o amanhã é tão importante!

    Com tudo isto, talvez o capitalismo não seja a besta negra, mas sim os mercados financeiros, a bolsa, matadouro de todas as dignidades ganhas arduamente através do trabalho. Seria, sem a bolsa, o capitalismo o menos mau dos sitemas económicos? Não sei, mas seria bem melhor do que o capitalismo desenfreado e sem regras que essa instituição gera.

    Quanto à democracia - há que saber utilizá-la, e o nosso povo ainda não o sabe. Alguma vez o saberá?

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  4. Suprema ironia é o facto de os mesmos defensores acérrimos do "mercado" e do fim do Estado, se vêm agora refugiar debaixo das saias do mesmo estado que tanto amaldiçoaram.
    deviam ter vergonha na sua latosa... mas como vergonha é coisa que não têm...!!!!!

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  5. O capitalismo funciona, o que não funciona é a liberalização total dos mercados! Esta liberalização é que incentiva a acumulação de riqueza, ao invés da produção de bens e serviços, que é o fundamento do capitalismo. Não confundir sff!

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  6. «Esta gente» no plural, está - na minha modesta opinião - muito bem escrito. É curioso que já ontem no «Eixo do mal», o insuspeito Daniel Oliveira disse à Clara Alves, que neste assunto da crise, o Bush tem as costas muito largas…

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  7. Faliu há muito tempo... a solução está aì á mão de semear...
    Abraço

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  8. Ainda mais escandaloso do que o que está a acontecer, vai acontecer daqui a 3 ou 4 anos.

    O Estado, que nacionalizou os bancos dos amigalhaços que estavam entalados, vai reprivatizar os mesmos bancos. Mas vai fazê-lo a tempo de alguns fazerem colossais fortunas com a valorização dos títulos em bolsa.

    Já estou a ver o filme.

    Nota: quem vos fala acredita em algumas virtualidades do capitalismo, mas é a favor de um forte peso do Estado na economia, não apenas como regulador mas como detentor dos meios de produção mais estratégicos, pelo menos em países com débil tecido social de empreendedores e sem cultura de risco e de investimento.

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  9. O pacote de "salvamento" dos bancos, que são 20 mil milhões de €, em números mais fáceis de interpretar corresponde a 2000 € por habitante. Como o PIB per capita é de 15000€, isso significa 13% do PIB.

    Para quem tinha dito que com um défice do orçamento superior a 3% do PIB era um desastre catástrófico para as finanças públicas e agora prepara-se para incorrer numa despesa de 13% do PIB num só ano não está mal, não senhor...

    (Por exemplo, um agregado familiar normalíssimo, com 4 pessoas, irá contribuir com 8000€ para o "salvamento" dos bancos nacionais, o que corresponde, em média, ao trabalho de 1,5 meses dos dois adultos que fazem parte do agregado familiar)

    Por isso, acho que tenho o direito de perguntar:

    1º) Onde e como é que o governo vai buscar esse dinheiro? Vai contrair mais dívida pública, que depois teremos que pagar com mais impostos e/ou serviços públicos (ainda mais) reduzidos?

    2º) Já que vão gastar tanto dinheiro, não seria preferível nacionalizar os bancos, indo depois o estado buscar os 20 mil milhões de € aos lucros que a actividade bancária gerar?

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  10. AP disse... O capitalismo funciona.

    Sim, funciona, mas, após a revolução nas teconologias de informação, tem grande dificuldade em regular convenientemente a economia.

    O problema do feudalismo era o de não ser uma boa base para a produção de manufacturas. Por sua vez, o problema do capitalismo é o de não ser uma boa base para a produção de informação.

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  11. É como eu digo: o capitalismo, como lei de mercado, não é malévolo e até funciona. Quando levado ao extremo, como nos pseudo-mercados financeiros, então entramos numa Twilight Zone em que só os iluminados gananciosos são permitidos a existir - o resto do mundo que se f...aça à vida...

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  12. O mal do Capitalismo ou do Marxismo não está no sistema em si, mas na natureza humana. E esta é mais dada à ganância e ao individualismo do que ao altruísmo e à preocupação com o Bem Comum.

    Eu conseguiria viver em qualquer dos sistemas. Mas a maioria das pessoas está preocupada com o umbigo e com mais qualquer coisa nas suas imediações...

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  13. Bem afirmado! Foi o que me faltou dizer!

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  14. joãopft,
    Referiu e passo a citar: «(Por exemplo, um agregado familiar normalíssimo, com 4 pessoas, irá contribuir com 8000€ para o "salvamento" dos bancos nacionais, o que corresponde, em média, ao trabalho de 1,5 meses dos dois adultos que fazem parte do agregado familiar)».
    Pode ir refazer as suas contas. Tenha em consideração o que é o rendimento mínimo nacional, o que é o rendimento médio nacional, e o que é o rendimento médio nacional dos portugueses que realmente pagam impostos… Quem trabalha em empresas de outsourcing nem 600 €/mês tem de ordenado. Mas concordo com as suas perguntas feitas em jeito de sugestão, acrescentando apenas que é absolutamente razoável nacionalizar o património de alguns gestores (incluindo o de familiares directos e amantes) que nos meteram no buraco.

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