sábado, abril 17, 2010

Uma quinta-feira de cinzas na Europa

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"Esta conferência de imprensa não é sobre o Tratado de Lisboa." Vaclav Klaus, Presidente da República Checa, não escondeu a sua incomodidade quando ontem, em Praga, numa conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo português, Cavaco Silva, uma jornalista portuguesa lhe perguntou pelo Tratado de Lisboa (que assinou contrariado).

A incomodidade, porém, não o levou a fugir à pergunta. "A minha opinião não mudou." "Pelo contrário", acrescentou. "É um problema aplicar tudo o que foi aprovado." E portanto "o défice democrático não diminuiu na Europa. Pelo contrário". Ao lado, o Presidente português nem pestanejava. Cavaco Silva e Vaclav Klaus conhecem-se há muitos anos, têm muito em comum nos respectivos percursos políticos (ambos economistas, ambos ex- -ministros das Finanças e ambos ex-primeiros-ministros). O Presidente português sabe que o seu homólogo está longe de ser um euroentusiasta: acha o reforço da união política uma miragem. A República Checa não está no euro nem quer estar.

Mas não foi esse o único momento em que Klaus mostrou não ter papas na língua. Questionado sobre os défices excessivos que alguns países da UE exibem - Portugal sendo um deles -, disse o que porventura Cavaco pensa mas não diz.

"Para mim é inimaginável que os países possam admitir um tal défice como aconteceu nos últimos tempos", afirmou o Chefe do Estado checo. "Como ministro das Finanças e como primeiro-ministro, eu nunca admitiria tal défice", acrescentou. Para Klaus, ao "crime" terá de corresponder um "castigo": "Aqueles que aceitaram isso agora terão de suportar as consequências do seu acto."

Cavaco foi, face à mesma pergunta, bastante mais "amável" (expressão do seu homólogo). Manifestou mesmo algum optimismo: "Neste momento surgiram já alguns sinais positivos de recuperação económica na União Europeia, embora essa recuperação seja ainda um pouco tímida." Segundo acrescentou, a sanidade orçamental portuguesa vai depender do "comportamento das economias para as quais exportamos bens e serviços e das quais recebemos os turistas que nos visitam", embora haja que estar alerta face aos riscos de "contágio" provenientes da crise grega. A visita do PR termina hoje.

em "DN Globo"

5 comentários:

  1. Muito honestamente17/4/10 10:29

    O resultado deste post que se pode ver clicando aqui está na resposta que os accionistas maioritários da EDP deram a quem se preocupa com os vencimentos do seu CEO. Eles entendem que quem é excepcional merece ganhar mais. Ou estarão todos distraídos? Veja aqui.

    O resto é a costumada inveja dos Portugueses. Curiosamente são os mesmos que não têm inveja dos salários obscenos dos jogadores e treinadores de futebol. O fanatismo tem destas coisas. Vá lá saber-se o porquê?

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  2. Caro Muito honestamente
    Até poderei concordar que quem é bom merece ganhar mais, mas será que só há excepcionais em todos os Conselhos de administração? E os outros trabalhadores não merecem també, ser recompensados pelo seu esforço? É que a riqurza de uma empresa passa muito por quem trabalha, mas para esses ficam só as dificuldades, as reduções de salários e direitos.
    OS: o Dinheiro dos ordenados dos jogadores não sai do meu bolso, já o do Mexia sim, que posso não ir ao futebol mas tenho de consumir electricidade.

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  3. Muito honestamente17/4/10 16:14

    Todos pagamos para o futebol. Directa ou indirectamente!

    Quem paga a taxa de televisão pública, está a pagar para o futebol. Quem paga os canais codificados que vê futebol está a pagar para os mesmos do costume. Em suma quem paga taxas e impostos está a contribuir para o futebol. Foi o nosso dinheiro que serviu para construir e renovar dez estádios para o campeonato Europeu de Futebol de 2004.

    Só que a memória por vezes é curta. Muitos já se esqueceram que ainda estamos a pagar esses elefantes bancos como muito bem diz este artigo do público que pode ser lido Clicando aqui

    E mais não digo!


    Kaos um abraço para si deste seu admirador

    Mas nem sempre posso estar de acordo consigo!

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  4. ..."a sanidade orçamental portuguesa vai depender do comportamento das economias para as quais exportamos bens e serviços e das quais recebemos os turistas que nos visitam"...

    Caro Kaos,
    devem-se ter enganado, não deveriam ter colocado "sanidade orçamental", deviam antes, ter colocado: "sanidade mental", ou será, que ainda ninguém reparou, que neste país anda tudo louco???
    Cumprimentos.

    LUSITANO

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  5. O klaus tem uma frontalidade que os nossos políticos não têm

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