Esta arrepiante dupla apareceu hoje a falar dos sucessos na luta contra a fuga e a evasão fiscal. Números e mais números com processos, contra-ordenações, acusações, prisões, percentagens de tudo isto e, ainda mais comparações, previsões e sei lá que mais. De pôr a cabeça tonta a quem ouça e tente assimilar toda aquela panóplia.
Para além da continuação da campanha publicitária para manter o assalariado do BCP/Opus Dei na liderança da DGCI, todos devemos ficar satisfeitos com uma mais justa cobrança de impostos e da luta contra a fuga ao seu pagamento.
Teixeira dos Santos, para além de uma campanha publicitária, veio lançar-nos a todos o repto de colaborarmos com o fisco nessa luta. Há que mudar as mentalidades e cada um de nós, cidadãos, deveriam sempre pedir o recibo em todo o lado e em cada despesa. Se eles não pagam o imposto quer dizer que é imposto pago por nós. Tudo isto é verdade, mas eu vou continuar a só pedir recibo em certos lugares e a não o fazer em outros. Peço desculpa a todos por esta minha falta de “cidadania”, mas para o fazer teria de ver cumpridas certas premissas.
Nunca irei pedir àquele senhor, um dos reformado da pobreza, que faz uns biscates e que me vem aqui substituir uma torneira ou fazer qualquer outro pequeno trabalho. Também àquele desempregado ou ao outro, o trabalhador com ordenado mínimo, que ao fim-de-semana ou depois do seu horário de trabalho, me vêm pintar um quarto nunca lhe pediria um recibo. Nem ao senhor ali da mercearia da esquina, que se mantêm aberto, cheio de dificuldades por não poder concorrer com as grandes superfícies, ou às pequenas lojas do bairro, portas meias com lojas de 300, nem ao pequeno restaurante que serve almoços baratos para tentar ganhar alguns clientes nos trabalhadores da zona, gente sem muito dinheiro para comer fora todos os dias. Toda esta gente abandonada por todos os apoios, agredida na viabilidade dos seus negócios pela gula dos grandes magnates do comércio, esforçada, para tentar manter o seu pequeno negócio ou simplesmente a sua sobrevivência não merece que eu lhes faça tal coisa. Essa gente não merece que eu os obrigue a ir dar do pouco que têm a um Estado que os abandonou e que pouco ou nada faz por eles. A esses não vou certamente pedir a factura ou o recibo.
Como disse concordo que todos devemos pagar os nossos impostos, mas gostava de ver esse dinheiro bem gerido e bem gasto. Dá uma certa raiva ver o nosso sacrifico, o nosso dinheiro que tantas vezes nos faz tanta falta, a ser esbanjado em Otas e TGVs, em rotundas sem sentido, em mordomias, em negócios corruptos, em enriquecer alguns à custa de todos nós. Talvez quando vir e sentir que esse meu dinheiro está a ser gasto naquilo que é o essencial, a saúde, o ensino, na segurança, na criação de uma vida digna para todos, quando vir o estado servir para aquilo que existe que é servir o país ou seja todos e cada um de nós, então talvez aceite a ideia de ser um policia do fisco. Até lá, se não se importam, vou continuar a dar à minha consciência a primazia da decisão.
Contribuição para o Echelon: Kwajalein, LHI