quinta-feira, julho 13, 2006

O Big-brother Português

Dois dirigentes do PCP form constituidos arguidos por "manifestação ilegal"
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Primeiro levaram os comunistas,
Mas eu não me importei
Porque não era nada comigo.
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Em seguida levaram alguns operários,
Mas a mim não me afectou
Porque eu não sou operário.
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Depois prenderam os sindicalistas,
Mas eu não me incomodei
Porque nunca fui sindicalista.
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Logo a seguir chegou a vez
De alguns padres, mas como
Nunca fui religioso, também não liguei.
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Agora levaram-me a mim
E quando percebi,
Já era tarde.
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A Indiferença de Bertolt Brecht
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Sei que há gente por ai, que não partilha comigo de algumas preocupações que aqui tenho colocado, sobre a nossa liberdade estar a ser ameaçada. Tenho referido, várias vezes, o facto de considerar que a informação que nos é transmitida pela comunicação social não ser livre, mas controlada pelos seus donos, os grandes grupos económicos. Já ouvi gente conceituada da nossa praça, defender que se deveria silenciar o “ruído”, feito por aqueles que falam contra as grandes estratégias necessárias para o desenvolvimento do país, e que com isso a prejudicam. Já ouvi profissionais serem proibidos de falar para as rádios e televisões pelas administrações, públicas e privadas, ou pelos seus patrões. Vejo agora dois dirigentes partidários serem acusados de manifestação ilegal. Vejo o Sócrates, usar como argumento para responder ao Jerónimo de Sousa na AR, que ele é que teve mais votos e que por isso o PCP não deveria criticar, como se ele não tivesse ganho as eleições apresentando um programa eleitoral que rasgou mal chegou ao poder. Chamem-me paranóico, mas infelizmente continuo a ver a nossa liberdade ameaçada, e não quero deixar de o dizer antes que esse direito também me seja retirado.
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Contributo para o Echelon: Electronic Surveillance, MI-17

18 comentários:

  1. E contigo faço coro, meu amigo! Magnífico esse poema do Brecht com o qual tive contacto bem adolescente ainda e que sempre me impressionou. Ele traduz um momento da vida política que assenta que nem uma luva, ao que se passa também hoje.
    E antes que seja tarde...
    Bjinhos

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  2. tb:
    Obrigado. Também foi um poema da minha adolescencia e que me tem acompanhado toda a vida, porque penso sempre nele quando vejo alguem em dificuldades. Nada garante que eu não seja o próximo. Mais que não seja por egoismo sentimos a necessidade de nos empenharmos nos problemas dos outros.
    bjinhos

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  3. Estou contigo kaos, vivemos uma liberdade muito redundante tem que haver vozes de discórdia, insentas, como este blog, para que se pense de outra forma.

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  4. dau-su oh:
    Obrigado pelo apoio e ainda bem que há mais quem acredite qu há outras formas de pensar e outros "discursos" diferentes a fazer.
    Um abraço

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  5. E alguma vez houve liberdade genuína?! Que na mercearia se fale mal deste ou daquele político (o que é pouco provável)e entre colegas e amigos se comente, se barafuste contra o governo...pronto, assim se fica com a ilusão democrática, até porque há eleições e por aí fora.
    Sugiro a leitura deste link: http://resistir.info/varios/manipulacao.html

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  6. maeve:
    Pode-se sempre questionar o que é a liberdade e se ela existe de forma genuina. Ainda não fui seguir o link que indicas (vou já mal acabe este comentário), mas independentemente disso há direitos que tenho e não quero perder. Nem que seja dizer mal na mercearia.
    bjos

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  7. luikki:
    Internados e coma o sistema de "saude" que temos não ocuparemos o quarto durante muito tempo. Entramos directamente para a série "7 palmos de terra".

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  8. Mais um post que assino por baixo e se não fosse por comungar das mesmas preocupações que tu, seria inevitavelmente por me recordares este sempre verdadeiro e actual poema de Brecht.

    Pois é... na minha adolescência também tive a fase de Bretch, que chegou a ser uma mania quase patológica, tal a lucidez e realismo que via em todas as suas palavras.

    Abraço.

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  9. Oop´s!...

    Correcção ao segundo parágrafo: Brecht, Brecht, Brecht, Brecht.

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  10. piresf:
    pelos vistos vivemos algumas vidas paralelas,quer nos gostos, quer nas ideias. É bom não nos sentirmos sozinhos nas nossas preocupações.
    um abraço

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  11. kaos

    é evidente que alguma limitação existe naquilo que se diz e escreve, mas se a coisa fosse não dramatica, não teriam os políticos tanto medo como têm da comunicação social e das fugas de infirmação, as coisas não estão tão controladas a ssim..

    "a situação é desesperada mas não é séria..." lol

    beijinhos

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  12. Cristina:
    Aquilo de que os politicos têm mais medo é realmente das fugas de informação, engendradas por outros políticos com o apoio de um grupo económico. Só quando um ataque é a hipotese de alguem se sentar no lugar do outro.
    Mas, esse não é o único sinal preocupante quanto às restrições da liberdade. Há muitos outros que vão surgindo de "mansinho" como quem não quer mais nada. Mas estão a aparecer.
    bjinhos

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  13. Mais uma vez partilhamos opiniões semelhantes. Essa também é uma preocupação minha há muito tempo.

    Bem escolhido o poema. Para variar tabém o conhecia da minha juventude.

    Um Abraço

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  14. pseven:
    pena é que este sentimento e este receio que partilhamos não se espalhe para "parar" as nuvens que já se advinham. Vale que a esperança é a ultima a morrer.
    um abraço

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