Se há quem chore de alegria porque não haveremos de rir de tristeza. Todas as imagens deste blog são montagens fotográficas e os textos não procuram retratar a verdade, mas sim a visão do autor sobre o que se passa neste jardim à beira mar plantado neste mundo, por todos, tão mal tratado. A pastar desde 01 Jan 2006 ao abrigo da Liberdade de Expressão.
quarta-feira, dezembro 31, 2008
Me, me and myself
O Grande Baile das Cadeiras
«O presidente executivo da Galp, Manuel Ferreira de Oliveira, o ex-banqueiro Paulo Teixeira Pinto, empresários como Américo Amorim e Rui Nabeiro, antigos ministros e secretários de Estado, investigadores e académicos de Portugal e do estrangeiro: são as figuras de renome que já integram os conselhos gerais de algumas universidades públicas portuguesas.»
in "Publico"
Ainda podemos juntar gente como a Leonor Beleza, Rui Machete, Loureiro dos Santos, Henrique Granadeiro, Presidentes da Microsoft, Martinfer, Edifer, e muitos outros nomes e empresas. Alguns até fazem parte de mais de um Conselho. É uma festa, a festa da Faculdade negócio, do ensino voltado para o lucro e não para o enriquecimento humano. Um retrocesso civilizacional que o homem pagará bem caro.
terça-feira, dezembro 30, 2008
Prémios Kaos 2008 - Maria de Lurdes Rodrigues
Prémios Kaos 2008 - Durão Barroso
segunda-feira, dezembro 29, 2008
Prémios Kaos 2008 - Pinto Balsemão
Prémios Kaos 2008 - Israel e Palestina
É Natal, tempo de paz e amor, tempo de Israel ser o Pai Natal e uma vez mais, como faz todos os anos por esta altura, bombardear a Faixa de Gaza. Só neste primeiro dia, o número de mortos já ultrapassa os duzentos e os feridos em milhares (onde se podem contar muitas mulheres e crianças), mas deve ser a ira divina a cair sobre os infiéis. Esta administração Bush não podia abandonar o poder sem garantir mais mortes e mais destruição e Israel recusa-se a aceitar que não é com bombas que vai fazer a paz. Jogam-se os interesses dos poderosos e tudo se procura fazer para justificar um ataque, (que até pode ser nuclear), sobre o Irão e a Síria. O Obama. a grande esperança de alguns, daqueles que ainda querem acreditar no Pai Natal, diz-se determinado em voltar a sua raiva e as suas bombas para o Afeganistão, (há que garantir que a produção de heroína se mantêm), mas brevemente vai aproveitar a obra "Bushiana" para, de bases colocadas no Iraque, expandir o negocio das grandes corporações mundiais. Até quando a morte vamos aceitar que o lucro de alguns, (muito poucos) seja feito a custa da morte de mulheres e crianças? Até quando vamos aceitar calados os bombardeamentos e a força bruta contra populações civis e indefesas. Até quando vai continuar esta brutalidade sem sentido. Até quando dar voz àqueles que se venderam ao poder Americano aceitando sacrificar o seu próprio povo? Até quando, as vítimas do genocídio Nazy vão repetir esse genocídio sobre o povo a quem ocuparam as terras? Até quando?
domingo, dezembro 28, 2008
Prémios Kaos 2008 - Jeronimo de Sousa
sábado, dezembro 27, 2008
Prémios Kaos 2008 - José Sócrates
Prémios Kaos 2008 - Vitor Constâncio
sexta-feira, dezembro 26, 2008
Prémios Kaos 2008 - Santana Lopes e Manuela Ferreira Leite
Prémios Kaos 2008 - Cavaco Sócrates e Ferreira Leite
quinta-feira, dezembro 25, 2008
Prenda de Natal
PS: Cortesia do "Sinistra Ministra" que me arranjou o video para colocar no blog.
Bom Natal para todos
Infelizmente as prendas que nos oferecem neste Natal para o ano de 2009 não são muito animadores. Vem aí um ano cheio de aldrabices, de mentiras e enganos. Vêm aí mais ataques às nossas liberdades e aos nossos direitos. Vão-nos convencer a aceitar e da necessidade de sermos cada vez mais pobres enquanto olhamos para outros sempre e cada vez mais ricos. Um ano que começa mal e que muito possivelmente vai estar muito pior quando acabar.
Eu, pessoalmente também pouco tenho para oferecer a quem me visita aqui no meu Jardim a não ser os bonecos que vou fazendo, mas no próximo post que aqui publicarei vou colocar um filme que está na net e que todos devem ver do principio ao fim. Talvez faça alguns repensarem a forma como encaram o mundo, como ouvem as notícias, como descodificam a realidade. Essa será a minha prenda para todos e que espero seja reveladora para muitos.
Bom Natal a todos e que venha 2009. Cá estaremos para o receber.
#Kaos
quarta-feira, dezembro 24, 2008
Prémios Kaos 2008 - Pedro Silva Pereira
Prémios Kaos 2008 - Paulo Portas e Francisco Louça
terça-feira, dezembro 23, 2008
Prémios Kaos 2008 - Ratzinger
O Papa Bento XVI indicou hoje que salvar a humanidade de comportamentos homossexuais ou transexuais é tão importante como salvar as florestas tropicais da destruição. “[A Igreja] deverá proteger o homem de se destruir a ele mesmo. É preciso uma espécie de ecologia do Homem”, disse o Sumo Pontífice num discurso perante a Cúria Romana, a administração central do Vaticano.
Para a Igreja Católica, a homossexualidade em si não é pecado, mas os actos homossexuais são-no. O Vaticano opõe-se aos casamentos gay e, em Outubro, um alto responsável da Igreja indicou que a homossexualidade é “um desvio, uma irregularidade, uma ferida”.
In [Publico]
Inicio aqui a atribuição de alguns prémios do Kaos para o ano de 2008. Sem dúvida, mesmo sem considerarmos um passado de hipocrisia e preconceito, só por esta merece o Prémio “Ecogaylogia”, para a instituição mais hipócrita do ano. Um discurso sempre a falar da bondade, da paz e da tolerância, mas tão mal interpretado na prática. Nada de novo, desde a sua criação a religião nada mais foi que uma enorme mentira e uma forma de controlar povos e mentalidades.
Um conto de Fadas para 2009
PS: Como estou de férias e com algumas restrições de acesso à internet, poderá acontecer que as postagens não mantenham o ritmo normal deste blog. (Tentarei fazer pelo menos um todos os dias).
segunda-feira, dezembro 22, 2008
O Pantano da avaliação
De simplex em simplex, lá vai a Sinistra Ministra impondo esta avaliação aos professores. Depois de moribunda, de ser salva pelo Memorando de entendimento, de voltar quase a cair quando cento e vinte mil professores desfilaram em Lisboa e quase toda uma carreira fazer greve, mostrando estar motivados para a luta, não se entende porque nada acontece. Mandando o seu vampiro de serviço, o Pedreira, para fazer a desinformação e a propaganda na comunicação social, (a Sinistra e o Valter Lemos já estão queimados demais), vemos o Sindicato a falar enquanto desmarca greves e parece não saber o que fazer. Não estará na hora de os professores se reunirem nas suas escolas e tomarem a luta nas suas mãos? Vão ficar à espera que se vence esta gente com manifestações e greves feitas de vez em quando? Não estará na hora de exigir mais?
O Adamastor económico
Habituados a Cabos das Tormentas estamos todos nós que sempre vivemos na crise de os atravessar. Do paraíso prometido já vamos ao encontro do Adamastor. A rapidez com que esta gente muda o discurso é surpreendente embora ainda mais seja o facto de parecer que muitos achem isso normal. Claro que depois deste discurso tudo é possível e facilmente nos imporão mais sacrifícios. Como estas crises são úteis a quem faz as politicas dos Clubes de Bilderberg e para retirar direitos e para justificar cortes na democracia e nas liberdades.
domingo, dezembro 21, 2008
Brinde silencioso
O buraco da roubalheira continua a aumentar, nós a pagar mais e mais. O processo ao estado só pode ser brincadeira, afinal não cabe aos accionistas elegerem gente honesta para os cargos da administração e vigiar a sua actuação? Se colocaram lá ladrões, (nem vou perguntar porquê), de quem é a culpa?
Quem desapareceu de todo este processo, mesmo sabendo da sua participação no "estranho" negócio de Porto Rico onde se evaporaram muitos milhões, é o Dia Loureiro. Será que não tinha nada a ver com o SLN?
As birras do Pacheco
in "iol diário"
«Sou eleitor de Lisboa, mas, de facto, é muito provável que para a semana já não seja eleitor em Lisboa. Se o Simplex funcionar para as mudanças de registo eleitoral, para a semana já não sou eleitor em Lisboa, porque não quero deixar de votar no meu partido.» afirmou Pacheco Pereira
Anda Pacheco! Muito gosta o Pacheco de fazer birras quando sempre que as coisas não lhe correm bem na sua infinita sapiencia. Quando não lhe ligam faz uma birra. Ou vira o PSD de pernas para o ar ou muda de cidade. Parece não compreender que as setas do PSD estão viradas para baixo e é por ai abaixo que ele vai. Entre os que são populistas e os que hipocritamente também cabam por o ser, não vai grande diferença. As sondagens e a prática mostram-no.
O Pacheco, esse vai de mal aviada para Santarém. Boa viagem.
sábado, dezembro 20, 2008
Cooperação natalicia
Fábulas Alfacinhas
sexta-feira, dezembro 19, 2008
Crise? Qual crise?
Crise. Nós já estamos tão habituados a estar em crise que nem estranhamos. Estranhamos é que nesta, baixem os preços, a gasolina, os juros no banco, os impostos, estranhamos que, quando nas outras não havia dinheiro para pagar a um vigilante de museu ou a uma auxiliar numa escola, agora surjam, não milhões, mas muitos mil milhões a jorrar por aí. É o plano anti-crise do Sócrates. Um plano que diz ele próprio, é semelhante ao aplicado por todos os outros países da Europa á América. Um plano “global”, tão global como a globalização capitalista. Combate-se o fogo com o fogo, fecham-se os olhos e marra-se em frente.
O que criou esta crise? Foi o crédito mal parado e a ganância da especulação, e é exactamente com os mesmos venenos que criaram os “produtos tóxicos” que procuramos curar a economia. Não entendo nada de economia, mas não compreendo que o discurso seja o de aumentar o endividamento dos portugueses. O Engenheiro diz que o mais importante é o acesso ao crédito das famílias. Quem já está com a corda no pescoço, o que faz bem é apertar mais o nó, para quem não têm dividas deve arranja-las. A solução é criar mais divida, nós e o país. Todos, estes milhões têm de vir de algum lugar e só pode ser do endividamento do país ao estrangeiro. Crédito que vai ter de ser pago um dia por todos nós. Claro que nessa altura já não vai ser o Engenheiro a estar no governo, já terá um lugar na elite europeia, já terá recebido os seus trinta dinheiros dos Senhores dos Bilderberg, e quem cá estiver que se safe.
Um Alegre Lar o do Manuel
quinta-feira, dezembro 18, 2008
A velha e o Menino
Santana Lopes foi nomeado como o candidato do PSD à Câmara Municipal de Lisboa pelo PSD. O Menino Guerreiro está de volta e logo com a concordância da austera Manuela Ferreira Leite. Mulher que exorcizava o Populismo e apontava o dedo acusador sobre os Santanas e o Menezes, aceita, no seu desespero eleitoral, fazer regressar o Menino, considerado o melhor candidato. Será que as pessoas não se vão lembrar que ele já lá esteve? Daquilo que fez, das trafulhices que permitiu e da bancarrota em que deixou a Câmara?
É preciso ter muita lata para voltar e muita confiança na falta de memória dos lisboetas.
A Arma branca
Um anónimo deixou esta história na caixa de comentários de um post anterior.
Este país (dos aeroportos, TGV´s, Luso Pontes e contentores, BPN´s e BPP´s, Felgueiras, Torres, Sá Fernandes e Loureiros, magalhães e popós-eléctricos, Casa Pia (poucos dentro e muitos fora), velhinhas e freiras a serem presas por pequenos delitos enquanto os verdadeiros criminosos são mandados para casa, idosos a morrerem de fome em tugúrios a cair enquanto se distribui apartamentos e dinheiro a rodos por traficantes, drogados e por quem nunca quis e não quer trabalhar, Saúde, Justiça e Educação com os maiores orçamentos da Europa com os resultados que todos sabemos, EDP´s com lucros fabulosos mas que o regulador diz que as tarifas deviam aumentar 30%, Galp´s cujos preços sobem com o aumento do crude mas que quando o mesmo desce o regulador afirma que os preços não baixam porque o que interessa é o preço do produto refinado, BdP´s que a única coisa que vigiam são as suas reformas douradas, etc., etc.,) começa a exalar um fedor superior ao que se sentia nos últimos anos do chamado Estado Novo...
Para a queda do anterior regímen dei algum contributo, pequeno certamente, mas era o que estava ao meu alcance.
Agora que sinto que o actual, de tão podre, com um pequeno empurrão pode ser obrigado a regenerar-se, apetecia-me também fazer alguma coisa.
O quê, não sabia, mas, há uns dias ao ler num blog que o autor sonhava em promover um “golpe-de-estado”, só que para além do medo que tinha da ASAE não sabia como, deu-me o alento de que necessitava.
- Golpe-de-estado, logo armas; armas? Armas? Oh diabo, não tenho!
Lembrei-me então de que em tempos muito distantes tinha possuído uma fisga; vai daí, corri para o sótão e comecei e remexer os baús velhos; depois de muito lixo e memórias já esquecidas, voilá, a fisga! Já estava armado!
No entanto a felicidade que me possuiu, cedo de esfumou; soprado o pó, estico as borrachas e, paf!, de ressequidas, partiram! Desilusão, amargura: estava desarmado novamente...
Infeliz, passei dias a tentar encontrar uma solução; pensei, pensei e nada.
(Eu sei que devido à vida desregrada que levo, nada condicente com a via para o admirável mundo novo que está em curso, já muitos neurónios fundiram; tal não é de estranhar dado que eu fumo, delicio-me com um bom cognac, bebo vinho às refeições e barro o pão com manteiga, devoro queijos da Serra, Serpa e Azeitão, adoro presunto de Chaves e bons enchidos alentejanos, prefiro cerveja a bebidas light , bebo água sem sabores e, heresia das heresias, não fumo charros nem me drogo e não arranco de empurrão. Perdoem-me, tentem compreender este pobre decadente, que eu prometo ficar longe dos vossos filhos.)
Mas voltando à vaca fria; armas, onde as encontrar?
Atentos ao meu desespero (ou se calhar para se verem livres de mim) alguns amigos disseram: - “Eh pá, se queres uma arma vai a uma dessas Quintas das Fontes ou Bairros das Boavistas, que é coisa que lá não falta.”
Felicíssimo, agradecido pela ajuda, comecei a planear a incursão; sim, não se vai a um sítio daqueles sem preparação.
Lembrei-me que há uns tempos atrás, algumas figuras de vulto desta praça, por lá tinham feito uma passeata e tinham regressado vivos e com todos os bens, coisa que nem sempre acontece a outros cidadãos, táxis ou até à polícia. Depois de alguma pesquisa encontrei a solução.
Assim, com uma t-shirt branca na qual tinha pintados dizeres como peace, love, somos todos iguais, black is beautiful (pelo sim pelo não acrescentei também gitanes are very good, too), cravo vermelho na mão, sorriso parvo na cara (tipo António Costa) e assobiando o último rap, destemido por fora mas receoso por dentro, para as ditas Quintas eu fui.
Lá chegado, apesar de estar fardado à maneira, cedo pressenti que algo não estava a correr bem; mimoseado com alguns piropos não muito abonatórios da minha pessoa bem assim como de algumas sugestões do uso que gostariam de fazer de algumas aberturas do meu corpo, apercebi-me então que, levado pelo meu entusiasmo, tinha cometido um erro grave: faltava-me o apoio.
As pessoas gradas e importantes, quando visitam aqueles locais, vão às manadas e com um batalhão de repórteres atrás (aliás só lá vão para aparecer nas TVs e debitar coisas que nem eles acreditam).
Eu estava sozinho, nem uma pequenina Kodak apontada para mim, e a ameaça de passarem das palavras aos actos ia crescendo, sem que ninguém levasse em conta o valor das mensagens que eu orgulhosamente ostentava no peito; com o temor quase pânico, comecei a pensar que isto de querer fazer uma revolução tinha os seus perigos!
Quase já acossado, apavorado, corri para um sítio onde a concentração de BMW e Mercedes topo de gama era maior e junta à qual estava um grupo de nativos que me pareceu ser menos perigoso, gritando: - “Meus, mim querer comprar arma!” (não domino muito bem a língua local)
Iniciadas as negociações rapidamente chegámos ao ponto de ajustar a mercadoria que eles podiam disponibilizar (a oferta ia desde mísseis, passando por shot-guns até à singela ponta-e-mola) à minha disponibilidade financeira; na altura, dado que entidades menos bem comportadas têm tido direito a toda a espécie de subsídios, telefonei ao Teixeira dos Santos, mas, não tendo sido bem sucedido (ele disse-me que os pobrezinhos do BPP lhe tinham levado os últimos tostões), acertámos a compra de uma pequena pistola; enfim, rejubilei, o primeiro passo em direcção ao derrube do poder estava dado!
Antes de pedir o salvo-conduto para me poder retirar sem problemas, ao inspeccionar o trabuco que tinha acabado de comprar, constatei que o mesmo não tinha munições: “Oh meus, o que é isto?”
Depois de me explicarem que eu só tinha pedido por uma arma, lá reiniciámos as negociações para que eu pudesse adquirir algumas balas; ao pretender obter pelo menos um carregador cheio, começaram as dificuldades.
Interrogatório cerrado, todos ao mesmo tempo, gritando: “Para que é que queres tanta munição? Quantos são os membros do teu agregado familiar (incluindo a sogra)? Quantos inimigos tens (excluindo os membros do Governo, oposição e toda a classe política)? Queres fazer-nos concorrência?”
Com muito esforço, depois de muito esbracejar para os tentar calar, lá consegui fazer-me ouvir: “Meus, é para dar início a um golpe-de-estado”!
Ao ouvirem tal, o silêncio que se seguiu gelou toda a Quinta e arredores, parecendo que o tempo tinha parado e a terra deixado de rodar; as faces deles empalideceram para rapidamente enrubescerem (na realidade não vi, mas suponho que foi isto que se passou por debaixo da pele); empertigaram-se, fuzilaram-me com os olhos, e o maior deles, qual Adamastor, vociferou: “Ó desgraçado, escória humana, ser abjecto (as palavras não foram bem estas, foi mais para o vernáculo), tu queres destruir este paraíso?”
Eu minguei, encolhi, as cuecas ficaram um bocadinho húmidas; com voz trémula, tentei argumentar, falar dos escândalos, das esperanças desiludidas, bláblá, bláblá, mas quando pronunciei as palavras socialismo e revolução o rugido que se fez ouvir, quase me siderou:
“Ó filho de uma mula sem cabeça (apercebi-me logo que era comigo, não com o inginheiro) então tu não vês que a revolução já está em marcha, que o socialismo está na sua máxima pujança? Olha à volta, burro capado, vês os carros, vês as caixas de multibanco arrombadas, vê as jóias que tenho ao peito, vai ver ao plasmas que tenho em casa, tudo gamado aos ricos para benefício dos pobres; se isto não é socialismo, se isto não é redistribuição da riqueza o que é então?”
Ia abrir a boca para falar, mas atendendo ao desenrolar dos acontecimentos, achei por bem ficar calado; aliás ele nem deixou, agora mais calmo, continuou a arengar:
“Ó filho de um cachorro que até a sarna despreza, és um ignorante que não mereces a classe política que tens! Tu não entendes nada! Porque é que julgas, por exemplo, que se alterou o código penal? Hã, hã, diz lá?”
“Por razões economicist...”, pretendi retorquir...
“Piolho coxo das partes íntimas, nada disso! Incapazes da implantação do socialismo por causa das forças capitalistas do bloqueio (desconfio que este tipo esteve nalgum congresso do PCP ou BE) a nobre classe política decidiu delegar em nós a tarefa da socialização de Portugal! Para que a revolução avance, não podemos ser presos, temos que estar livres! Roubando eles por um lado, nós por outro, somos o garante de uma futura sociedade igualitária sem classes!
Parecendo-me que as águas estavam mais calmas, menos encolhido, mais húmido, baixinho, atrevi-me: “Mas eles não redistribuem; eles comem tudo e não sobra nada.”
“O quê?”, gritou o matulão... mas ficando logo de seguida pensativo.
“Agora vou ter que pensar sobre isso; dá cá a pistola e desaparece daqui, rato de esgoto com hemorróidas (era comigo, não com Jaime Gama).”
Sem dinheiro, sem pistola, com as cuecas em estado lastimoso, apressei-me a obedecer.
Chegado a casa, olhando-me ao espelho, disse para os meus botões (que por acaso era um fecho eclair): “Falhado, como queres iniciar um golpe-de-estado se nem uma arma consegues adquirir”; juro, algumas lágrimas debitei.
Depois das necessárias abluções, retemperadas as forças, sentei-me em frente ao LCD (é menos tentador para os agentes da socialização do que o plasma) para pensar; como para pensar preciso de estímulos inteligentes, liguei nas novelas da TVI (o canal 2 ou os Contemporâneos também me ajudam).
A palavra armas não me saía da cabeça; como conseguir uma... Num dos intervalos das novelas, ao correr canais, deparo-me com um programa a preto e branco no qual um gadelhudo cabeludo, fardado à militar bêbado, exclamava: o voto é a arma do povo!
Qual Arquimedes, mesmo não estando no banho, gritei: Eureka!
Aqui estava o que me faltava para poder levar os meus desígnios em frente: O VOTO!
O voto... mas se o voto é uma arma, como é que a mesma funciona? A minha cabeça fervilha, as orelhas já fumegam, os dentes já me doem de tanto ranger... Como é que aquilo é uma arma?
Não sendo praticante há mais de duas dezenas de anos, a recordação que eu tenho do Voto, é que o mesmo é um pedacinho de papel com uns bonequinhos e quadradinhos impressos no qual é suposto pormos uma cruzinha e depois enterrá-lo numa urna; como não me lembrava de nenhuma guerra, intentona ou agressão com utilização de votos, fui fazer pesquisas nas enciclopédias e até na net ; nada! Virei-me então para aqueles amigos que não falham uma votação e pedi-lhe que esclarecessem!
Eles lá tentaram, mas eu não percebi nada; contaram-me eles que ao votar em determinada força politica em detrimentos de outras, estavam a apoiar quem mais prometia ajudá-los sendo assim o voto como que uma arma, pois que atirava os oponentes para uma espécie de limbo.
Confuso, perguntei: “assim sendo, e tendo os portugueses disparado o voto em todas as direcções por mais de 34 anos como é que estamos todos pior de vida com excepção das classes ditas dirigentes e parasitas que os gravitam?”
Como ninguém me respondeu, lá voltei eu para o meu sofá e telenovelas; triste, acabrunhado, pois que aquilo que eu pensava pudesse ser a minha última tábua de salvação, mesmo que fosse uma arma parecia disparar na direcção errada.
Milhares de horas depois, muitas lágrimas vertidas assistindo aos dramalhões, insidiosamente, uma ideia começou a germinar; durante as minhas recentes pesquisas sobre o voto reparei que os partidos em que poucas pessoas votavam tinham tendência para desaparecer e com eles os políticos que lá se acolhiam; algumas vezes, para sobreviverem iam pedir asilo a outros mais votados; logo, esperto, cabecinha pensadora, concluí:
Político alimenta-se de voto! E político privado de voto fenece e já não tem força para comer mais nada!
Aleluia, os sinos já repicam, tinha a arma que me faltava: a abstenção ou o voto em branco!
Estou convicto que com uma abstenção elevada e/ou um número significativo de votos em branco alguém vai mandar parar o baile e exigir que as cartas sejam dadas de novo; eu sei, já os estou a ouvir, é uma acção perigosa para a democracia (há maior perigo do que o estado a que ela chegou? Até a vergonha já se perdeu)!
Alternativa? Olho, procuro, e só vejo as mesmas caras, com os mesmos vícios e desprezo pelo chamado povo; certamente há, mas as barrigas inchadas, as ancas mais gordas e os cada vez mais recheados sacos das benesses e contas bancárias não deixam ninguém chegar à frente.
Então porque não iniciar uma campanha, junto dos amigos e conhecidos, apelando à abstenção ou voto em branco?
A ser bem sucedida talvez algumas fendas se abram e gente honesta e com vontade de servir, e não de se servir, possa aparecer.
Se nós, vítimas do voto nada fizermos, nada vai mudar!
Ainda hoje li no blog “O Libertário” a frase de Errico Malatesta “Foi o sufrágio universal que fez com que um certo socialismo encontrasse a oportunidade de se situar no terreno parlamentar e de se corromper e de se aburguesar”.
Eu já votei em Branco mais que uma vez, numa tentativa de fazer o voto de protesto que deslocar-me à secção de voto e votar branco devia representar. Surpresa minha, esse voto de protesto é anunciado como “Brancos e nulos”. É misturado com aqueles que se enganaram, que não acertaram com a cruz no quadrado. Que fazer então com o meu voto? Só ir colocá-lo na urna nada resolve. Assim, só me resta uma solução, ir procurar e juntar-me a outros que passem pelo mesmo que eu. Procurar outros a quem a exposição diária à televisão ainda não tirou a lucidez de pelo menos questionar o que nos é impingido pela comunicação social, a voz de todos os poderes. Se não vemos nenhuma alternativa temos de a ir procurar. Ainda há gente honesta por aí e, teimosa suficiente, para assim se manter. Quem sabe um dia a anarquia seja, não um meio para atingir um fim, mas o próprio fim a atingir.
quarta-feira, dezembro 17, 2008
Ai os marotos
«Banco de Portugal acusa nove ex-gestores do BCP. São nove os notificados pelo Banco de Portugal no caso BCP. Os três antigos presidente do banco, juntamente com cinco ex-administradores e dois directores-gerais receberam na sexta-feira à noite a notificação do supervisor bancário. A saber: Jorge Jardim Gonçalves, Paulo Teixeira Pinto, Filipe Pinhal, Christopher de Beck, António Rodrigues, Alípio Dias, António Castro Henriques e ainda os directores-gerais Luís Gomes e Filipe Abecassis. Nenhum destes notificados quis, para já, fazer qualquer comentário.»
Isto no mesmo dia em que sabemos da maior fraude financeira de sempre com o caso da Dona Branca dos muito ricos protagonizado pelo ex-presidente do Nasdaq, Bernard Madoff, e que atinge os 50 mil milhões de dólares. Há aí muita gente rica que vai ficar pobre, e muito Banco que vai ficar teso, isto se não resolverem dividir o prejuízo por todos nós. Por cá somos mais modestos e temos só BCPs, BNPs e BPPs, até agora. Desta pobre gente, (no BCP ganhavam 10 mil euros por dia), só um foi preso, os outros continuam alegremente a viver dos lucros. As coimas são altas, podem ir até a um milhão, mas considerando o que ganharam com as trafulhices foi muito mais, vale a pena. Gente fina é outra coisa.
terça-feira, dezembro 16, 2008
Insultos, fracos e mentiras
Comentando as manifestações que o brindaram no Barreiro e no Seixal, que o chamavam de mentiroso, Sócrates disse que o insulto é a arma dos fracos. O insulto é realmente a arma dos fracos, mas será que o estavam a insultar ou estariam a chamar-lhe mesmo mentiroso? Era mesmo isso, estão a chamar-lhe mentiroso porque realmente o consideram mentiroso. Porque será?
Esquerdas
Vivemos tempos difíceis em que o capitalismo, cada dia que passa, estende mais as suas garras e é urgente que esta seja uma luta comum. Aceitam-se ideias de como o fazer.
segunda-feira, dezembro 15, 2008
Ditadores do Betão
Porque não se investe esse dinheiro em sectores públicos produtivos que evitem a necessidade de gastarmos tanto em importações? Porque não pode o estado fazer aquilo que os privados não fazem, investir na produção? Assim, continua tudo na mesma e só fogem para a frente até ao dia em que todo este sistema capitalista vai rebentar, condenando-nos há miséria. Não estará na hora de pensarmos em novas soluções?
O anjo negro da injustiça
domingo, dezembro 14, 2008
Legitimidade democrática
Eu aceito a sua legitimidade se ele não se esquecer da nossa legitimidade democrática de nos manifestarmos, de fazermos greve, de nos indignarmos, de lutarmos quando a legitimidade democrática do governo é injusta, prepotente e arrogante. Ganharam as eleições, mas isso não lhes dá o direito a quatro anos em que podem fazer tudo o que lhes der na gana. Ou também lhe apetece suspender a democracia por seis meses como a horrorosa do PSD? Depois de ouvir o Pedreira recebi este mail:
A cena mostra até que ponto chegaram as relações entre a Comunicação Social e o Governo socialista. A ministra da Saúde, Ana Jorge, foi ao Centro Nacional de Cultura apresentar o plano de combate à sida nas escolas. Como tem sido hábito neste Governo, o acontecimento tinha a pompa e a circunstância do costume. Acabada a cerimónia, com os inevitáveis discursos da praxe, Ana Jorge pôs-se à disposição dos jornalistas para responder a mais algumas questões sobre aquela matéria. Acontece que Ana Jorge não estava sozinha. Estava acompanhada de Maria de Lurdes Rodrigues, ministra da Educação, que, como se sabe, tem andado na berlinda devido à guerra com os professores.
O jornalista da RTP aproveitou a ocasião e tentou naturalmente fazer uma pergunta a Maria de Lurdes Rodrigues sobre o assunto. Foi então que Ana Jorge saltou indignada com o comportamento do jornalista:
'O quê? O senhor não sabe o que está combinado? Que hoje só se pode fazer perguntas sobre esta cerimónia e sobre o plano de combate à sida nas escolas? Ainda por cima é a RTP, a televisão pública, a fazer uma coisa destas. E, depois, logo à noite, não sai a reportagem'.
Assim vão a informação e o poder neste País.
Isto está mesmo é a precisar da legitimidade democrática de uma Revolução que esta gente já nem vergonha tem.
Batoteiros Internacionais
sábado, dezembro 13, 2008
Teimosa como um Burro
O cozinheiro
Desculpem lá trazer aqui estas carantonhas de novo, mas quando uma eminência parda do regime é escândalo nos jornais, gosto de tentar ver quanto tempo leva até que desapareça no ar e não mais se fale do assunto, sobretudo se Belém também parece ficar chamuscado em tudo isso. Afinal o Cozinheiro sempre foi ele e o outro só o discípulo.
sexta-feira, dezembro 12, 2008
Onde estão os deputados?
Consumismo
Ouvir o Vítor Constâncio, governador do banco de Portugal, está a tornar-se numa palhaçada. Vem agora dizer que afinal Portugal vai entrar em recessão, coisa que todos nós já sabíamos há muito tempo. Diz, o país vai ficar mais pobre, como se, mesmo com aquilo a que chamam crescimento, este jardim não tenha vindo a empobrecer de ano para ano. Bem pode aumentar o PIB que se continuamos a comprar mais do que vendemos, ficamos um pouco mais pobres a cada hora que passa (dois milhões por hora é o aumento da nossa divida externa). Claro que para o capitalismo, o que conta é se houve negócio, se foram vendidos produtos não interessando se foram produzidos no país ou comprados ao estrangeiro. Foi por isso que nos disse que baixar impostos só valia a pena se gastássemos esse dinheiro em consumo. Se o utilizássemos em poupança ou para pagar os créditos que nos estrangulam a vida, então mais vale continuar como estamos. Incrível como o Presidente de um Banco central vem defender o despesismo e negar a poupança ou o pagamento das dívidas.
Vamos é incentivar a nossa agricultura e a nossa indústria para fornecermos aos Portugueses aquilo que necessitam sem termos de ir comprar fora. Vamos é poupar para deixarmos de estar dependentes do estrangeiro de da necessidade de lhes pedirmos empréstimos e mais empréstimos. Deixem lá os aeroportos, os TGV’s e de desbaratar dinheiro para salvar banqueiros e as fortunas dos ricos e utilizem esse dinheiro a produzir bens essenciais para este país. Vamos quebrar esta corrente de pobreza em que estamos metidos.
quinta-feira, dezembro 11, 2008
Cimeira Europeia de Bruxelas
Os líderes europeus vão reunir-se, quinta e sexta-feira, em Bruxelas, naquela que já foi considerada por Durão Barroso a cimeira mais importante do seu mandato.
Vi de relance um título de um jornal, (não me lembro qual), em que aparecia a pergunta, que coelho irão os líderes europeus tirar da cartola para resolver a crise para a qual contribuíram e nos arrastaram a todos. Imaginei logo o boneco e tinha de o fazer.
O Peregrinação Sindical
A Plataforma Sindical dos professores vai reunir-se esta terça-feira com o presidente da Conferência Episcopal para discutir com Dom Jorge Ortiga o estado da educação e os principais problemas das escolas.
Mário Nogueira nega que esteja a caminho de Fátima à procura do apoio da Igreja Católica, mas admite que, depois de escutar os sindicatos, esse apoio acabe por surgir.
Como não sou lá muito católico, preferia ver o Mário Nogueira usar o seu tempo, reunido com professores nas escolas para ouvir sugestões e as ideias dos professores. Afinal vem aí uma reunião com o Ministério da Sinistra e temo que possa haver por lá mais alguma maça envenenada.
quarta-feira, dezembro 10, 2008
Mais Loureiros em Tribunal
Quando o crime convêm
Haverá alguma coisa em que o dinheiro não seja a razão de tudo e a razão seja a o fazer bem e correctamente? è necessário que a Policia se financie com dinheiro de multas para poder existir? Para onde vai então o dinheiro dos nossos impostos? Para os bolsos daqueles a quem a policia devia prender? Aí sim, teriam uma excelente avaliação de desempenho por parte dos cidadãos deste país, mas infelizmente são esses cidadãos que deviam proteger que são o seu alvo na caça à multa a que são obrigados.
O trio de Londres
terça-feira, dezembro 09, 2008
A Guerra da Esquerda
segunda-feira, dezembro 08, 2008
Amigos
«Jorge Coelho entrou no capital da Valor Alternativo, empresa que gere um fundo cujos titulares estão a ser investigados por burlas com o IVA, por sugestão de Dias Loureiro. O ex-ministro da Administração Interna do PS investiu cerca de cem mil euros, o que corresponde a uma participação de 7,5%. Dias Loureiro também é sócio minoritário, com uma quota de 30,5%.» [Correio da Manhã]
Ai os amigos, os amigos, desta gente.
O Pantano dos Cisnes ou o Bailado dos Patos
Para Mário Nogueira, a prova de que há para disponibilidade para debater a suspensão do modelo de desempenho dos professores é a reunião marcada para dia 15, e que levou os sindicatos a cancelarem as greves regionais marcadas para a próxima semana.
“Se não houvesse nenhuma intenção do Ministério de procurar uma saída para situação, não valia a pena uma reunião para nos cumprimentarmos, portanto se há uma agenda aberta é porque há um objectivo, independentemente das palavras que saiam agora na preparação da própria reunião”, afirmou o secretário-geral da FENPROF.»
Alguém me explica que raio de reunião vai haver no dia 15 se ambos os lados continuam irredutíveis nas suas posições. Até pode ser que o Pedreira só pretende marcar terreno, qual cão de guarda da Sinistra, como afirma o Nogueira, mas mesmo assim não se compreende que o sindicato não responda categoricamente e revogue a suspensão da greve, mantendo o calendário previsto. Só assim mostravam uma posição de força e ganhavam argumentos para as negociações. Ou será que já está tudo cozinhado entre eles?
domingo, dezembro 07, 2008
A Castigadora
«A presidente do PSD, Manuela Ferreira Leite, revelou esta sexta-feira que chamou Paulo Rangel, o líder da bancada social-democrata na Assembleia da República, à sede do partido para saber quem foram os deputados que faltaram às votações no Parlamento (A bancada do PSD registou as ausências de 30 dos 75 deputados).
“Quis saber quem são os deputados que se ausentaram quando não se poderiam ter ausentado. Considero isso inaceitável e considero que é alguma coisa que não se pode tornar a repetir” disse Manuela Ferreira Leite em.
Se os deputados da oposição não tivessem faltado às votações de esta sexta-feira, poderia ter sido aprovado um projecto do CDS-PP que recomendava ao Governo a suspensão da avaliação dos professores.»
A cada dia que passa o PSD desce de nível um pouco mais. Quanto faltará para ganharem vergonha na cara e fecharem a porta de vez?